RS Rural discute pastagem natural
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Prosseguem hoje (7), em Dom Pedrito, os debates sobre pastagem natural, iniciados ontem, em Hulha Negra, com o lançamento dos projetos do RS Rural Campanha e Fronteira Oeste, financiado pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento e coordenado pela Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro). Serão abordadas nesta sexta-feira as estratégias de controle do capim annoni. Depois, o RS Rural Campanha e Fronteira Oeste segue para São Gabriel, Alegrete, São Borja, Maçambará, Uruguaiana e Santana do Livramento. Com este programa, o governo do Estado quer incentivar o combate à pobreza, à degradação dos recursos naturais e o êxodo rural, para melhorar as condições de vida da população, diz o secretário-adjunto do RS Rural, Nelson Volcan Portelinha. A palestra de abertura foi feita pelo professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Carlos Nabinger, que falou sobre a redução do campo nativo no Estado, sem a devida valorização de sua importância para a manutenção do solo e do equilíbrio ecológico. Atualmente, o Rio Grande do Sul tem 8 milhões de hectares de campo nativo, segundo Nabinger, que coordena uma pesquisa da Fepagro, junto com a agrônoma da instituição Zélia Castilhos, para investigar a produtividade das pastagens naturais. O estudo vai analisar também a quantidade de oferta de forragem e suas conseqüências sobre a produção animal e o renascimento do campo nativo. Riqueza A necessidade de conservação tem origem no fato de que há áreas no Estado onde não é possível retirar o campo nativo para praticar agricultura de grande porte, porque mais de 30% do solo gaúcho não tem boas condições de rendimento, servindo apenas para a exploração de recursos naturais e pecuária. Segundo Nabinger, o Rio Grande do Sul é muito rico em tipos de pastagens naturais, chegando a 450 espécies de gramíneas e 150 de leguminosas. Só na região de Hulha Negra, são observadas 170 tipos diferentes. Para ele, o investimento no conhecimento das características botânicas dessas pastagens é essencial, adequando-se assim as práticas de manejo para obter melhor índice de produtividade. Muitas vezes, o produtor nem sabe qual é a família da pastagem que está trabalhando e, por isso, faz uso inadequado. É preciso que se comece a trabalhar junto com a pastagem, e não contra ela, afirmou. Em parceria com a Ufrgs, Emater, Embrapa, prefeituras, cooperativas e instituições de ensino, estão sendo investidos R$ 520 mil em pesquisas científicas e na divulgação de ações para qualificar a produção e aumentar o lucro dos pecuaristas familiares. Conforme o agrônomo da Emater Cláudio Ribeiro, que fez um estudo sobre o setor, o segmento é formado, na Metade Sul do Estado, por criadores de bovinos de corte e/ou ovinos com propriedades de até 300 hectares. A renda anual é, no máximo, de R$ 40 mil. É utilizada mão-de-obra familiar nas atividade de pecuária e na agricultura de subsistência, onde se destaca o cultivo de mandioca e batata-doce.