Saúde gaúcha faz ofensiva contra o tabagismo
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Já se falou que fumar é brega, que é cafona. Que quem fuma é pato. Por determinação de lei, os maços de cigarro estampam fotos e advertências dos males que o consumo de tabaco pode causar. E mesmo assim o assunto não sai de pauta. Conforme pesquisa do Instituto Nacional do Câncer e Ministério da Saúde, Porto Alegre é capital brasileira com a maior taxa de fumantes (25,2% da população). Diante deste cenário, nos últimos anos a Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS) vem intensificando as ações de controle do tabagismo no Rio Grande do Sul. É necessário intensificar as ações no sentido do cumprimento da legislação existente. Precisamos seguir os exemplos de países europeus que não permitirão mais o uso de cigarros nos bares e restaurantes, entre outros, a partir do próximo ano”, afirma o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis. Esta discussão foi muito acirrada em países que têm uma tradição de uso de cigarro maior que o Brasil. Segundo Gabbardo, “prevaleceu, no entanto, a idéia de que é fundamental a proibição do cigarro para reduzir a incidência das doenças não transmissíveis e relacionadas as maiores causas de mortes. Em 1998, a SES implantou o Programa de Controle do Tabagismo, como desdobramento do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, para desenvolver ações em educação e ampliação do acesso ao tratamento da dependência da nicotina. Através do programa, a SES, desde 2004, vem preparando técnicos das secretarias municipais de saúde para o tratamento do fumante. Até o momento, 680 profissionais (médicos, enfermeiros e psicólogos) foram treinados e 290 Unidades de Saúde foram capacitadas em 172 municípios. Dessas, 104 unidades disponibilizam tratamento (39 em Porto Alegre) para uma média mensal de 1.700 fumantes. A coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo da SES, a médica Anna Elizabeth de Miranda, explica que o programa trabalha simultanamente prevenção, redução da prevalência do hábito na população e o tratamento gratuito do fumante. “Com isso, serão reduzidas as doenças e mortes diretamente relacionadas ao tabagismo – alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares – que são os de maior mortalidade no RS”, enfatizou. O Rio Grande do Sul é um dos estados brasileiros com mais unidades de saúde preparadas para realizar a abordagem intensiva do fumante. Até o final de 2004 eram 59 unidades, em 32 municípios. Em 2005 houve aumento de 76% no número de unidades. Quem deseja parar de fumar deve procurar a secretaria de Saúde de seu município. Além investir no tratamento (consultas, grupos, adesivos, gomas de mascar com nicotina, medicamentos, etc) dos fumantes que querem deixar de fumar, o secretário estadual da Saúde salienta que é obrigação do gestor da Saúde Pública proteger os não fumantes dos riscos das doenças e mortes relacionadas ao tabaco, “não permitindo que os ambientes públicos sejam contaminados”. AMBIENTES LIVRE DO CIGARRO Desde 2005, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde, da SES, em conjunto com o Programa de Controle do Tabagismo, vem implantando o programa Ambientes Livres do Tabaco no Rio Grande do Sul, visando o cumprimento da lei federal 9294/96 especialmente em bares e restaurantes. Queremos estimular os proprietários de bares e restaurantes a oferecerem ambiente livre de tabaco e com isto ter preferência do mercado em que 75% não são fumantes, e que vão preferir um restaurante com a garantia de que não vão sentar-se ao lado de um fumante que vai acender um cigarro no momento do seu jantar ou almoço, explica Gabbardo. A SES também realiza ações para estimular os trabalhadores da saúde a deixarem de fumar, envolvendo mais de 6.500 profissionais de postos de saúde, hospitais e órgãos vinculados à saúde pública. SABER SAÚDE Entre os estudantes de Porto Alegre, na faixa dos 13 a 15 anos, 37% dos adolescentes de sexo masculino e de 34% do sexo feminino são fumantes. Para reverter esse quadro, a SES vem implantando o Programa Saber Saúde nas Escolas. Profissionais de 200 escolas gaúchas foram treinados para o trabalho de prevenção. Ao todo são 3.270 educadores envolvidos na promoção de hábitos saudáveis e conscientização sobre os malefícios do cigarro. O tabagismo mata 200 mil pessoas por ano no Brasil. Está associado a 90% das mortes por câncer de pulmão, 45% das mortes por doença coronariana e 25% das mortes por doença cérebro-vascular. Na gestação, está associado a maior risco de aborto espontâneo, prematuridade e recém-nascido de baixo peso. O tabagismo passivo, a que está exposta aproximadamente 80% da população, leva a um risco aumentado de câncer de pulmão e infarto em adultos; e de asma, pneumonias e otites em crianças. E é a terceira maior causa de morte evitável no mundo. Estimativas do Ministério da Saúde indicam que em 2006 aproximadamente 2.086 homens e 1.210 mulheres deverão adoecer de câncer de pulmão no Rio Grande do Sul. A forma mais eficaz de prevenção de câncer é a redução do tabagismo. Para o secretário Gabbardo, “o custo do atendimento destes pacientes é muito superior aos valores arrecadados pelos impostos, sem considerar as mortes precoces, os benefícios trabalhistas, os afastamentos ao trabalho e a ocupação recorrente destes pacientes aos hospitais, leitos de UTI, entre outros”.