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Governo do Estado apresenta projeto de reflorestamento acelerado para recuperar áreas degradadas na COP30

Painel apresentou técnica de resgate de DNA e florescimento precoce de árvores nativas

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Projeto de resgate de DNA está sendo implementado no RS   nov25
Evento reuniu representantes da pasta, da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura e de universidades brasileiras - Foto: Divulgação Seapi

A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) participou, nesta sexta-feira (14/11), da programação da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), em Belém (PA), com a apresentação do Projeto Reflora. O painel “Resgate de DNA e indução de florescimento precoce de árvores nativas dos biomas brasileiros – Reflora” abriu a série de quatro participações que a Seapi terá no evento.

A atividade reuniu representantes da pasta, da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e de universidades brasileiras. O objetivo foi apresentar avanços científicos e tecnológicos que utilizam técnicas de resgate de DNA e indução de florescimento precoce para recuperar áreas degradadas, especialmente após desastres ambientais ou grandes empreendimentos.

Tecnologia aplicada em Brumadinho

O método inovador já é utilizado na recuperação da área atingida pelo rompimento da Barragem da Vale, em Brumadinho (MG). A técnica permitiu o resgate genético de espécies nativas ameaçadas e acelerou o processo de restauração ecológica.

Criador do projeto em Minas Gerais, o professor Gleison Augusto dos Santos, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), explicou que a abordagem integra diferentes tecnologias. “Empregamos uma combinação de enxertia e indução hormonal do florescimento. Plantas que demorariam décadas para florescer passam a levar apenas de seis meses a um ano. Com isso, pode-se acelerar a produção de sementes e a restauração das áreas afetadas pelas enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul”, afirmou.

O coordenador do projeto pela Seapi e do Plano ABC+ RS, Jackson Brilhante, destacou que levar o Reflora à COP30 representa um marco para o Estado. “Estamos empenhados na recuperação dos ecossistemas e na ampliação de uma produção mais sustentável no campo. Mais uma demonstração nesse sentido foi dada na COP”, destacou.

Aplicações em Belo Monte

A tecnologia também foi adotada na região da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, onde houve grande perda de cobertura florestal. No local, o método contribuiu para a reintrodução de espécies nativas e a recomposição da vegetação.

Participante do painel, o professor da Universidade Federal do Pará José Hernández Ruz ressaltou o papel do Reflora diante dos desafios globais de produção sustentável. “O mundo enfrenta dificuldades crescentes para garantir alimentos e serviços ecossistêmicos. Acreditamos que, com esse projeto, contribuímos para reduzir o tempo necessário para gerar sementes e frutos de importância econômica”, avaliou.

Expansão do projeto para o Rio Grande do Sul

Em parceria com o governo do Estado e a UFV, o projeto está sendo adaptado para os biomas Pampa e Mata Atlântica, com foco nas áreas atingidas pelas enchentes de 2024. A proposta técnica prevê o resgate genético e a indução de florescimento precoce de 30 espécies nativas ameaçadas ou em risco de extinção, priorizando aquelas com maior relevância ecológica para as bacias hidrográficas gaúchas.

O projeto prevê o plantio de mais de 6 mil mudas dessas 30 espécies nos dois biomas. A execução deve durar três anos, com etapas que incluem coleta de DNA em campo, enxertia, indução do florescimento e plantio nas áreas impactadas.

A técnica desenvolvida na UFV reduz drasticamente o prazo para o restabelecimento de serviços ecossistêmicos — de um ciclo tradicional de 20 a 30 anos para cinco a oito anos após o plantio.

Investimentos

O Projeto Reflora contará com investimentos de cerca de R$ 5,21 milhões ao longo de três anos. Desse total, R$ 2,86 milhões serão aportados pela CMPC e R$ 2,34 milhões pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Os recursos serão destinados à instalação de estruturas físicas — como casas de vegetação e sistemas de fertirrigação —, contratação de serviços para coleta de propágulos vegetativos, aquisição de insumos e concessão de bolsas de pesquisa.

Texto: Elstor Hanzen/Ascom Seapi
Edição: Secom

 

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