Quem passa diariamente em frente ao prédio da Secretaria da Fazenda, no coração do Centro Histórico de Porto Alegre, percebe operários lixando paredes, pintando as fachadas ou instalando objetos. São as obras de continuidade do restauro do conjunto arquitetônico, o chamado Casarão, cuja construção começou há um século, na década de 1920. No ano em que completa 135 anos de existência, a Secretaria da Fazenda (Sefaz) foca na reconstrução e faz seu prédio-sede renascer após os estragos causados pela água.

O conjunto de intervenções sendo feitas nos edifícios abrange tanto trabalhos iniciados antes das enchentes quanto aqueles que se fizeram necessários por conta delas. O restauro foi iniciado em 2024, mas tornou-se um símbolo da resiliência dos prédios após as inundações. Agora, o avanço é facilmente notado por quem circula pela região: 90% da fachada voltada para a Rua Siqueira Campos já foi revitalizada – a tela e os andaimes que encobriam a entrada foram retirados nesta semana. A intervenção conta com recursos próprios na ordem de R$ 8,3 milhões e tem previsão de conclusão no ano de 2026.

“É um prazer incomensurável entregar esse restauro não só para os próprios fazendários, para a nossa própria comunidade, mas também para a cidade de Porto Alegre, quando o Estado vive um momento de reconstrução com investimentos necessários em diferentes frentes. Estamos mostrando aos poucos nossa casa renovada, restaurada, mas, acima de tudo, sempre muito comprometida com o povo gaúcho. Essa casa foi invadida pela água, mas, mesmo assim, agora estamos inteiros, novos, dispostos a trabalhar pela sociedade. Historicamente, é como se a gente estivesse devolvendo um pouco do tanto que o povo gaúcho entrega para nós, servidores. Tenho um imenso prazer em acompanhar esse renascimento”, destacou a secretária da Fazenda, Pricilla Santana.

Em vídeo enviado aos servidores, o governador Eduardo Leite parabenizou pelo aniversário e disse que a história da Sefaz é profundamente entrelaçada com a do Rio Grande do Sul. “A Sefaz é essencial na defesa dos interesses dos gaúchos e no trabalho incansável pela sustentabilidade fiscal que garante as condições de entrega de serviços à população. Nos últimos anos, construímos juntos um trabalho que ajudou a mudar a realidade fiscal do Rio Grande do Sul”, disse Leite. “Com essa etapa do restauro, está sendo devolvida para os servidores e para todos os gaúchos a beleza de um grande patrimônio histórico no coração da capital, um prédio icônico e de valor histórico inestimável que está sendo totalmente revitalizado.”

O restauro representa, ao mesmo tempo, uma renovação e um resgate histórico. Além da pintura das fachadas e das reformas no pátio central e nos poços de luz, a obra devolve as cores originais do Casarão, que foram descobertas após a retirada de diversas camadas de tinta colocadas sobre as paredes ao longo das décadas. A tonalidade original, que é o ocre, semelhante ao bege, pode ser observada na fachada da Siqueira Campos.

Internamente, outra peça-chave da reconstrução é a reforma do térreo dos edifícios, que conta com recursos do Plano Rio Grande. Durante a inundação, o nível da água alcançou 1,58m na torre da Avenida Mauá e 1,76m no lado da Siqueira Campos, ultrapassando os eventos de 1941. As marcas nas paredes são os sinais visíveis da destruição, que também atingiu móveis e equipamentos.

O projeto, que ainda está em fase de aprovação de layouts, prevê a criação de novos espaços e realocação de áreas de trabalho. Dessa forma, o térreo reunirá principalmente áreas de convivência e de reuniões, sem a permanência fixa de colaboradores. Os materiais usados a partir de agora serão resistentes a água ou de fácil transporte, buscando a prevenção para possíveis eventos meteorológicos futuros.

“Tudo isso tem um grande simbolismo. É uma reforma que, além de mostrar nossa resiliência, traz bem-estar para as pessoas”, afirmou a diretora do Departamento de Administração (Depad), Adriana Oliveira.

Comemoração

Essas e outras obras de reconstrução foram comemoradas em um evento de aniversário realizado na Sefaz na manhã desta sexta-feira (21/3). Os servidores se reuniram para celebrar os esforços das equipes, principalmente durante as enchentes, quando a secretaria, mesmo impactada, teve papel fundamental para a continuidade dos serviços do governo gaúcho. O encontro foi realizado no Espaço Inovação, também atingido pelas inundações, que já passou por reparos para que possa ser utilizado.

Uma das ações das quais os servidores participaram envolveu a disposição de dezenas de flores no formato de 135 na escadaria de acesso à Sefaz. Depois, as plantas, que foram trazidas pelos próprios colegas, foram trocadas entre eles. A atividade simbolizou o reflorescimento da secretaria após as enchentes e buscou devolver cores e vida ao Centro Histórico.

_{Texto: Bibiana Dihl/Ascom Sefaz
Edição: Camila Cargnelutti/Secom}