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Sedac apoia revitalização do cais de São José do Norte

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O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado(IPHAE), pertencente à Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul, deverá prestar assessoria à Prefeitura de São José do Norte para que seja revitalizada a Doca Municipal. Em uma reunião realizada na Secretaria, na presença do secretário Roque Jacoby e do prefeito José Vicente Ferrari, na manhã desta quarta-feira, 8 de fevereiro, foi discutido o projeto em que estão envolvidos os arquitetos Sérgio Matte e Simone Amaral, esta da Prefeitura, além da diretora do Instituto, arquiteta Débora Magalhães da Costa. Conforme Débora, a área da doca municipal, situada junto ao canal que dá acesso de Rio Grande a São José do Norte, está muito degradada. A idéia, defendida no encontro, em que esteve presente também o secretário municipal de Coordenação e Planejamento, Francisco Xavier, é de dotar o local de serviços, tornando-o um espaço de turismo, com a instalação de restaurante, auditório a ser freqüentado por toda a comunidade, um terminal para ambulanchas, com lugar para atendimentos de emergência, terminal para atracação de seis lanchas para transporte de passageiros, instalação de quiosques para a venda de artesanato e gastronomia, incluindo bancas de peixes, além da Câmara de Vereadores e da Estação Rodoviária. A dirigente do IPHAE lamenta que a atual localização da Estação Rodoviária esteja prejudicando o Centro Histórico, onde se situam imóveis de valor cultural e associados à História do Rio Grande do Sul e do Brasil, como o Sobrado dos Imperadores, a Intendência Municipal, que está sendo restaurada com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura e da CEEE, como prédio tombado pelo IPHAE, e a Igreja Matriz de São José. É proibido ali circular veículos pesados, como ônibus, mas eles acabam prejudicando a preservação dos imóveis, pela trepidação que geram ao redor deles. Com a transferência da Estação Rodoviária para junto à doca municipal, esse problema deverá ser sanado. O papel do IPHAE no projeto, depois de já ter fixado as diretrizes para que se garanta a preservação do patrimônio histórico e cultural de São José do Norte, será o de assessorar a Prefeitura na sua realização. Em julho, ou seja, daqui a 150 dias, deverá estar montado o projeto executivo que dará uma nova feição à área, o que, na avaliação de Débora, resultará em valorização maior de um dos municípios mais antigos do Rio Grande do Sul. No Centro Histórico, por exemplo, o Sobrado dos Imperadores e a Igreja Matriz de São José estão com processos em andamento junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional(IPHAN) para serem tombados. No caso da doca municipal, o IPHAE está sugerindo, por exemplo, a definição de materiais a serem empregados nas obras, como telhas de barro, coloniais ou francesas. Débora considera que a opção deveria ser por esse último modelo. A altura dos prédios não deverá ir além de dois pavimentos e as calçadas deverão abrigar ladrilhos hidráulicos. Quanto aos bens a preservar, Débora salienta que foram feitas recomendações por um expediente oficial – as informações técnicas – e duas reuniões foram promovidas com esse objetivo. O patrimônio histórico e cultural de São José do Norte encontra também no Sobrado dos Gibonn, ao lado da Igreja Matriz de São José um dos seus destaques. Segundo o produtor cultural Fernando Costamilan, com cinco herdeiros, o prédio poderá ser demolido para que seja ali erguido um edifício. Pertencente originalmente à família Amaral, o sobrado assistiu em 16 de julho de 1840 a uma batalha da Revolução Farroupilha. A exemplo do Sobrado dos Gibonn, o dos Imperadores tem paredes e teto como testemunhas de um fato histórico ligado à Revolução Farroupilha. Em 16 de julho de 1840, o sobrado assistiu a uma batalha dos imperiais contra os farrapos. Na madrugada, canhões situados no mar atiravam contra os farropupilhas, resultando em 300 mortos. A batalha era comandada pelo general Bento Gonçalves da Silva e contou com a participação de Giuseppe Garibaldi e de Domingos José Crescêncio. Tanto o teto como as paredes do Sobrado dos Imperadores já desabaram, necessitando de escoramento. O prédio hospedou duas figuras ilustres da Corte: dom Pedro I, em 1826, e dom Pedro II, em 1845. Erguida em 1800, é a mais antiga construção da região. Em janeiro de 1836, assistiu à posse do presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, Araújo Ribeiro, diante de uma comissão formada por Domingos José de Almeida, Antônio José Gonçalves Chaves e o major João Manoel de Lima e Silva, depois da fuga do presidente do Estado, Fernando Braga, para o Rio de Janeiro, devido à tomada de Porto Alegre pelos farroupilhas em 20 de setembro de 1835, data que assinala o início da Revolução Farroupilha. A tomada ocorreu junto à ponte da Azenha, onde hoje se situa a avenida Ipiranga. A rota turística do Terminal da Costa Doce, para Costamilan, é outra atração da terra da cebola, como um passeio náutico em que a bordo são conhecidas peças da Marinha farroupilha, por meio de gravuras, numa viagem que percorre a História junto ao primeiro acervo flutuante do Rio Grande do Sul. Tal roteiro presta homenagem ao marinheiro Tobias dos Santos que combateu na Revolução Farroupilha na Lagoa dos Patos. A bordo da canhoeira Minuano, em 27 de fevereiro de 1836, seus filhos e 12 tripulantes lutaram contra os imperiais. Para não cair como refém dos inimigos, Tobias pôs fogo na embarcação e a explodiu para não servir de espetáculo à ferocidade, como fez questão de declarar. Outros prédios que merecem restauração, na observação de Costamilan, são a antiga Exatoria, que foi ocupado pelos Correios e Telégrafos, o antigo Mercado dos Escravos, a primeira Alfândega da Província, na rua do Consolado, e a Igreja Matriz de São José. A primeira etapa das obras da restauração do Mercado de Escravos, situado na antiga Rua Direita, hoje General Osório, foi concluída por iniciativa do Ministério Público, que adquiriu o imóvel. A torre da Atalaia do Norte, erguida em 1820, é outro marco histórico a merecer preservação como o primeiro farol da região. A torre servia como um sinal da entrada da barra, antes da construção dos molhes. Para que as embarcações não ficassem ali retidas, devido aos bancos de areia, eram usadas bandeiras com cores diferentes, dependendo da profundidade das correntes marítimas, para ajudar na condução das embarcações. De acordo com a diretora do Iphae, merece destaque, ainda, o trabalho feito pela Promotoria de Justiça do município na preservação do patrimônio cultural. Importa ainda ressaltar, a seu ver, a luta da promotoria em adquirir e restaurar o prédio do antigo Mercado de Escravos para ser a sede da entidade. São José do Norte finaliza a restauração da antiga Intendência, com conclusão projetada para abril deste ano. Recentemente, a CEEEE liberou mais R$ 270 mil para a obra, faltando R$ 400 mil a serem captados pela LIC. Metade da obra está pronta, incluindo aberturas, piso e fachada, faltando dotá-la, ainda, de escarolas, vidros, aparelhos de ar condicionado e elevadores.
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