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Semana Farroupilha de 2006 mostra como se fez o gaúcho

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A Semana Farroupilha não se resume a sete dias. Nesta sexta-feira (25), no município de São Gabriel, a 330 quilômetros de Porto Alegre, será acesa a Chama Crioula na Sanga da Bica, um ponto turístico, local onde morreu o índio Sepé Tiaraju. O líder guarani enfrentou os exércitos de Portugal e da Espanha nas Guerras Guaraníticas (1754-1756), sendo morto em combate pelos espanhóis. Nos 250 anos de sua morte, o Estado o reconheceu oficialmente como herói guarani, missioneiro e rio-grandense. Mais de 50 cavalgadas retirarão uma centelha da Chama Crioula para levá-la aos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs), onde arderá até o final dos festejos da Semana Farroupilha. Em Porto Alegre, as comemorações terão como núcleo o Acampamento Farroupilha, no Parque da Harmonia, entorno do Centro. O acampamento está em vias de ser transformado em Museu das Tradições Gaúchas pela Prefeitura Municipal, que projeta a qualificação de seus espaços. Origens Assim se fez o gaúcho é o tema da Semana Farroupilha de 2006, que será comemorada de 14 a 20 de setembro. O gaúcho teve uma grande formação étnica, com a contribuição do índio, do português, do bandeirante, do negro, do espanhol, dos imigrantes alemães e italianos, sintetizou o governador do Estado ao lançar a promoção, que neste ano recebeu a parceria da prefeitura de Porto Alegre e elegeu como patrono o personagem mais representativo do homem gaúcho - o folclorista, compositor e escritor João Carlos Paixão Cortes. Paixão Cortes foi, em 1947, o líder estudantil que fundou o Departamento de Tradições Gaúchas do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, com o propósito de fazer o Rio Grande do Sul voltar às suas origens e integrar-se no panorama histórico-cultural brasileiro, resgatando a história do mais longo - dez anos - e um dos mais significativos movimentos de revolta civil do Brasil: a Guerra dos Farrapos (1835-1845), contra o Império português. Paixão Cortes também serviu de modelo para o escultor Antônio Caringi esculpir a estátua O Laçador, em 1966, o primeiro monumento que o forasteiro vê ao entrar em Porto Alegre após desembarcar no Aeroporto Internacional Salgado Filho. A cultura do Rio Grande do Sul deve muito a este homem, que representa, mais do que ninguém, o gaúcho, observou o governador. Desfiles simultâneos No atual governo, o Desfile Farroupilha foi transformado em manifestação de promoção externa, fomentando o turismo, captando investimentos e tendo reflexos na geração de emprego e renda. O orçamento para este ano é de R$ 700 mil, a ser coberto com recursos do Estado, da União e da iniciativa privada através da Lei de Incentivo à Cultura (LIC). Com isso, desfiles temáticos ocorrem no feriado estadual de 20 de Setembro. A experiência já apresentou os temas Os ideais farroupilhas, no desfile de 2004, e Gaúchos, os usos e costumes, no de 2005. Em 2006, haverá desfiles simultâneos em Porto Alegre e nas cidades de Alegrete, Arroio Grande, Bagé, Caçapava do Sul, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Piratini, Rosário do Sul, Santa Maria, Santana do Livramento, Santo Ângelo, São Francisco de Paula, São Gabriel e Tapes - 16 ao todo. Em Porto Alegre, vão desfilar 3 mil pessoas, divididas em nove invernadas. As alegorias mostram as trajetórias de índios, portugueses, bandeirantes, negros, espanhóis, alemães e italianos, formadores da identidade rio-grandense. Quarenta mil bandeiras e 5 mil camisetas são distribuídas para reafirmar o amor cívico pelo Rio Grande do Sul, e um concurso foi organizado para escolher a música-tema da Semana Farroupilha, com prêmio de R$ 2 mil em dinheiro e gravação de CD ao vencedor. Produto turístico A cada ano estamos transformando a Semana Farroupilha em um evento cultural mais importante, inclusive para atrair pessoas de outros estados e até de fora do país, disse o governador no lançamento dos festejos, reforçando que o Rio Grande do Sul é um Estado que tem tradição, história e cultura. A meta é incluir o desfile temático entre os mais importantes espetáculos do país, buscando a mesma repercussão econômica que a festa de Parintins tem para o Amazonas e o carnaval tem para o Rio de Janeiro. A comunidade gaúcha é envolvida na mobilização exibindo as cores do Estado - verde, vermelho e amarelo -, enquanto os bancos, as lojas e repartições são decorados com motivos gauchescos. Por lei (de 1989), a pilcha, o traje do gaúcho, é considerada de honra nas solenidades oficiais. Ela compreende bombacha e complementos para o homem e vestido de prenda para a mulher. As 1.456 instituições filiadas ao Movimento Tradicionalista Gaúcho ficam encarregadas de promover exposições, seminários, palestras, debates e oficinas para difundir, de forma didática, as origens étnicas e os estágios de evolução dos gaúchos. De 1º a 18 de setembro, o Memorial do Rio Grande do Sul promove uma série de eventos sobre a saga dos farrapos. Inclui-se o seminário Guerra e Paz no Mundo Gaúcho - História, Identidade e Sociedade, com a participação de especialistas, professores e escritores. Paralelamente, haverá apresentações de cantores, danças típicas e artesanato campeiro, além de uma mostra de documentos originais, no Arquivo Histórico do Estado. Todas as promoções têm entrada franca. A Semana Farroupilha resgata a história da revolução de dez anos e presta homenagem a seus líderes, recontando seus feitos heróicos. A Guerra dos Farrapos protestou contra a excessiva tributação imposta a produtos como charque, couro e erva-mate, bases da economia da época, e teve como pano de fundo ideais liberais, federalistas e republicanos.
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