Semana Farroupilha: início oficial será nesta terça-feira
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Nesta terça-feira (14), às 10h, terão início oficial as comemorações da Semana Farroupilha, com o acendimento da Chama Crioula no Palácio Piratini, pelo governador Germano Rigotto. A Chama será conduzida do Acampamento Farroupilha ao Palácio pelo diretor campeiro do MTG, Enedir Pimentel, acompanhado por um grupo de cavaleiros, sendo entregue ao governador por um representante do MTG responsável pela guarda. As Comemorações da Semana Farroupilha, acontecem até o dia 20 de setembro, encerrando-se com a realização do Desfile Farroupilha e do Desfile Temático sobre Os Ideiais Farroupilhas, na Avenida Perimetral, a partir das 9 horas. Para 2004, está prevista a realização de um projeto piloto, por iniciativa da Secretaria do Turismo, Esporte e Lazer, estendendo os desfiles temáticos para seis cidades do interior, que mantêm tradicionalmente programações em comemoração à Semana Farroupilha: Alegrete, Bagé, Caxias do Sul, Passo Fundo, Piratini e Santana do Livramento. Os desfiles temáticos realizados nestes municípios acontecerão no mesmo formato do que é realizado Porto Alegre, sobre o tema Os Ideais Farroupilhas prevendo estrutura de arquibancada, sonorização, espaço para imprensa, caracterização típica e, pelo menos, com um carro temático. Todos os desfiles acontecerão no dia 20 de Setembro, com exceção de Passo Fundo, no dia 19. O que representa a Semana Farroupilha Em 1964, a Semana Farroupilha foi oficializada, através da lei de n.º 4 850, de 11 de setembro, assinada pelo então presidente da Assembléia Legislativa do Estado, deputado Francisco Solano Borges, cujas comemorações acontecem anualmente de 14 a 20 de setembro, numa homenagem a memória dos heróis farroupilhas. A simbologia cívica representativa da Semana Farroupilha é o Candeeiro e a Chama Crioula, símbolos autênticos da tradição gaúcha, que têm sua origem na Ronda Gaúcha, programação especial promovida pelos Pioneiros - Piquete da Tradição, conhecido atualmente como Grupo dos Oito. Até a primeira metade do século XVIII, não se falava em tradições gaúchas. Vivia-se o arrastão cultural dos Estados Unidos, época em que o americanismo era, em grande escala, exportado para o mundo, ocupando grandes espaços no Brasil e conseqüentemente no Rio Grande do Sul, gerando um grande desconforto e descontentamento entre alguns jovens gaúchos. Em 1947, a juventude estudantil do Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, com o espírito cívico bastante aguçado e inconformada em sentir o descaso dos rio-grandenses para com o patrimônio sócio-cívico-cultural do Rio Grande, decidiu fundar um Departamento de Tradições Gaúchas, ligado ao Grêmio Estudantil da referida Escola, para que pudesse resgatar o patrimônio histórico e cultural do gaúcho, integrando-o à cultura brasileira, mostrando ao Brasil e ao mundo, a história e a tradição do povo gaúcho. Aprovada a idéia da fundação do Departamento de Tradições Gaúchas, os estudantes resolveram então programar a Ronda Gaúcha, ligando a data da Independência do Brasil ao início da Revolução Farroupilha, que se popularizou como Ronda Crioula. O acendimento da Chama Votiva para marcar o evento, seria a meia noite do dia 7 de setembro, antes da extinção do Fogo Simbólico da Semana da Pátria, com a retirada de uma centelha, a qual receberia o nome de Chama Crioula. Tudo combinado, os jovens precisavam contatar com a Liga de Defesa Nacional, órgão responsável pela organização das festividades alusivas a Semana da Pátria. No encontro com o Presidente Coronel Vignoli e osSecretário Dr. Fortunati Pimentel, falaram eles do desejo de retirar, ao final do dia 7 de setembro, uma centelha do Fogo Simbólico e transportá-la para o saguão da Escola Júlio de Castilhos, onde seria colocada num Candeeiro Crioulo típico, simbolizando o início da Ronda Crioula, cuja programação deveria estender-se até o dia 20 de setembro, data que a historiografia brasileira marca o início da Revolução Farroupilha. Os estudantes receberam o apoio, que esperavam. Na contrapartida, deveriam organizar um piquete de cavalarianos para acompanhar a chegada dos restos mortais do herói farroupilha David Canabarro, que seriam transladados de Santana do Livramento para a capital, num entrelaçamento da história gaúcha com a história brasileira. E assim,os estudantes formaram o Piquete da Tradição, que esteve assim constituído: Ciro Dutra Ferreira, Ciro Dias da Costa, Orlando Degrarazia, Fernando Machado Vieira, João Machado Vieira, Antônio de Sá Siqueira, Cilso Campos e líder do grupo, João Carlos Paixão Cortes. Na data e hora combinada, os estudantes, postaram-se na Avenida Farrapos, na frente do Hotel Umbu, aguardando a chegada da carreta, que conduzia os restos mortais de Canabarro. Num ato de civismo, em homenagem póstuma, os estudantes galoparam até a Praça da Alfândega, local onde aconteceriam os atos cívicos. No dia 7 de setembro, quase a meia noite, os estudantes retornaram ao local onde ardia o Fogo Simbólico, para, num ato de civismo, de amor ao Rio Grande e das suas tradições, criaram a Chama Votiva de amor ao Rio Grande e as suas tradições, a Chama Crioula, símbolo autêntico do civismo gaúcho. Ao criar a Chama Crioula, os jovens gritaram: Viva a Tradição Gaúcha!, Viva a Revolução Farroupilha! Viva o Brasil!. Num gesto solene de amor ao Rio Grande, apoiado pelos companheiros, João Carlos Paixão Cortes criou a Ronda Gaúcha, que se popularizou como Ronda Crioula, além de instituir o Candeeiro Crioulo e a Chama Crioula e fez acontecer o 1º Baile Gaúcho. O termo Ronda, que deu nome ao evento pioneiro, foi buscado no linguajar campeiro, a partir das rondas, que os peões faziam, quando transportavam o gado. Durante a noite, os gaúchos ficavam sempre ao redor do fogo, ao redor dos animais, controlando, assobiando para acalmá-los. Para tal, acendiam um fogo, a certa distância do gado e, ao seu redor faziam seu quarto de ronda, isto é, substituíam seus companheiros de observação e guarda da tropa. Ao redor do fogo, corria a roda de mate, contavam causos e declamavam. Segundo Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul, de Zeno e de Rui Cardoso Nunes, diz-se: RONDA: serviço de vigilância a que se submete a tropa de gado nos pousos ou sesteadas. Vigília, pastoreio. Lugar onde pasta, pernoita a tropa de gado sob a vigilância dos tropeiros.