Seminário internacional debate papel da educação frente às mudanças climáticas
Primeiro dia do evento reuniu especialistas internacionais em diversos painéis temáticos
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O governo do Estado, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), deu início nesta terça-feira (5/8), em Porto Alegre, ao Seminário Internacional Educação, Mudanças Climáticas e Resiliência. Realizado em parceria com o Banco Mundial e com apoio técnico do movimento Todos Pela Educação, o evento reúne, até quarta-feira (6/8), representantes do poder público, especialistas nacionais e internacionais e entidades da sociedade civil para debater o papel da educação na superação de desastres naturais e na construção de um futuro mais seguro e sustentável para toda a comunidade escolar.
Na abertura oficial, estiveram presentes o vice-governador do Estado, Gabriel Souza; a secretária da Educação, Raquel Teixeira; o diretor do setor de Educação para América Latina e Caribe do Banco Mundial, Andreas Blom; e o diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa. A programação também foi transmitida ao vivo por meio do canal TV Seduc RS, no YouTube.
O vice-governador Gabriel Souza destacou o papel estratégico da educação no enfrentamento às mudanças climáticas, para além dos demais investimentos do Estado para tornar o Rio Grande do Sul mais resiliente. “Não há forma mais eficaz de preparar a sociedade para o futuro e disseminar a cultura da resiliência climática do que por meio da educação. E quando falo em educação, me refiro a toda sua amplitude, da infância à universidade, passando pela formação básica. Todos os agentes educacionais têm um papel essencial nessa pauta, que é comum a todos nós, independentemente da profissão, ideologia, fé ou lugar onde vivemos. A crise climática não escolhe a quem atingir. Ela impacta territórios inteiros e alcança 100% das pessoas”, afirmou.
Gabriel também salientou a necessidade de adaptação a esse novo cenário, inclusive no campo educacional. “Assim como falamos sobre reconstruir pontes, estradas, diques e sistemas de contenção com foco em prevenção e segurança, também precisamos pensar a educação com essa mesma lógica. Não se trata apenas de retomar o que foi perdido, mas de reconstruir de forma diferente, com mais resiliência, para que estejamos melhor preparados diante de futuros eventos climáticos”, completou o vice-governador.
Seminário estratégico para a Rede Estadual
Em sua fala, Raquel definiu o seminário como um momento estratégico para a Rede Estadual, especialmente diante dos eventos meteorológicos extremos que afetaram o Rio Grande do Sul nos últimos anos. “Este seminário, de altíssimo nível, é extremamente importante para discutirmos o cenário atual, com os desafios que vivemos, como vamos enfrentá-los e como iremos preparar a nossa juventude para que ela continue e avance para um mundo melhor. É uma oportunidade para colocar a educação no centro do processo de resiliência climática, pois vivemos em um mundo em que os extremos climáticos serão cada vez mais frequentes e intensos”, afirmou.
Segundo Raquel, a programação também foi pensada para deixar um legado para os próximos anos, apresentando temas que possam ajudar na consolidação de um modelo educacional mais equipado para lidar com os desafios meteorológicos. Nesse sentido, ela enfatizou as ações do Plano Rio Grande, que liderado pelo governador Eduardo Leite, o Plano Rio Grande é um programa de Estado criado para proteger a população, reconstruir o Rio Grande do Sul e torná-lo ainda mais forte e resiliente, preparado para o futuro.
“A Seduc é uma peça central no Plano Rio Grande, atuando de forma sistêmica na construção de soluções. É fundamental que a educação esteja no centro das decisões e seja tratada como prioridade. O desastre acontece quando o evento climático encontra uma vulnerabilidade. Nosso desafio é minimizar essas vulnerabilidades e garantir que as escolas estejam prontas para superar situações adversas”, enfatizou.
Raquel ainda mencionou as ações prioritárias que já estão sendo realizadas pela Seduc, como os planos de contingência escolar, o fortalecimento da infraestrutura, com um novo padrão para escolas resilientes, a ampliação de escolas de tempo integral e a incorporação da pauta climática como um tema transversal no currículo da Rede Estadual.
Gabriel Corrêa, do movimento Todos Pela Educação, parabenizou os esforços do Estado. “Está cada vez mais claro que não dá mais para discutir qualidade e equidade da educação básica sem abordar resiliência. Nós temos visto um grande protagonismo do Rio Grande do Sul na vanguarda dessas discussões no mundo, enquanto gestão pública que está promovendo, discutindo e aprofundando políticas públicas tão importantes nessa recuperação e reconstrução,” reforçou.
Para o diretor do Banco Mundial, Andreas Blom, o seminário tem o potencial de transformar as experiências do Rio Grande do Sul em referência internacional. “O Estado sofreu um desastre de grandes proporções, que afetou mais de 750 mil estudantes e mais de mil escolas. As decisões tomadas aqui podem gerar aprendizados valiosos para outros países”, afirmou.
Protagonismo estudantil é destaque na condução do seminário
Com o espírito de valorização do protagonismo juvenil, as apresentações da programação foram conduzidas por dois estudantes da Rede Estadual, Maria Isabelly D’Agostini da Silva, da Escola Quilombola Santa Teresinha (11ª CRE), de Maquiné, e Alef Cainã Martins Bueno, da Escola Padre Francisco Goettler (20ª CRE), de Jaboticaba. Os jovens deram as boas-vindas aos cerca de 200 participantes presenciais e aos espectadores que acompanharam a transmissão pelo canal TV Seduc RS.
A estudante Maria Isabelly demonstrou a emoção de representar seus colegas num evento internacional. “Me sinto privilegiada e muito feliz por fazer parte desse momento tão especial e importante. Quando recebi a notícia de que havia sido escolhida para representar a Seduc, fiquei muito empolgada. É gratificante poder estar aqui.”
Alef Cainã, por sua vez, contou que também é representante do Conselho de Participação Estudantil, uma iniciativa da Seduc que oferece uma série de possibilidades para os líderes da Rede Estadual. “A experiência está sendo maravilhosa. O Conselho tem nos dado oportunidades incríveis para mostrar nosso potencial. Estar aqui, apresentando um evento internacional, é com certeza um marco na minha trajetória e na minha vida estudantil.”
Painéis temáticos
A programação do primeiro dia, que se estendeu durante toda a manhã até o fim da tarde, contou com quatro painéis temáticos que abordaram diferentes dimensões da interseção entre educação e mudanças climáticas, reunindo especialistas do Japão, Peru, Uruguai, Equador, UNESCO e diversas instituições brasileiras.
O primeiro painel, “Repensando a resiliência: desafios para países em desenvolvimento diante das mudanças climáticas e riscos de desastres”, teve como destaque a apresentação da secretária Raquel Teixeira sobre o Plano Rio Grande e a Agenda da Educação 2025-2035 no Estado. Também participaram Andreas Blom, do Banco Mundial e Loiane Ferreira de Souza, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, sob mediação de Luana Smits da Todos Pela Educação.
No segundo painel, “Gestão de riscos e adaptação da infraestrutura escolar”, o arquiteto japonês Nobuhiro Imai compartilhou experiências sobre mitigação de enchentes em escolas. Laisa Daza Obando, do Banco Mundial, trouxe a perspectiva do Programa Global para Escolas Seguras.
A discussão sobre “Gestão da continuidade educacional e recuperação da aprendizagem” foi o foco do terceiro painel, com a presença de Ricardo Madeira, do Instituto Unibanco, Marybel Escalante Medina, do Ministério da Educação do Peru, e Fabian Roissen, do Ministério da Educação do Uruguai, sob mediação de Leandro Costa, do Banco Mundial.
Fechando os debates do dia, o painel “Novos desafios para a educação – mudanças climáticas e pandemia: a importância da resiliência multidimensional” contou com a participação da secretária-adjunta da Educação, Stefanie Eschereski; Janaína Barrozo Hirata, da UNESCO; e Ana Elizabeth Chiluisa Vitéry, do Ministério da Educação do Equador.
Além dos painéis, o dia incluiu um workshop técnico sobre diagnóstico rápido da infraestrutura escolar, conduzido por Danilo Cançado, especialista em resiliência climática. Paralelamente, representantes da construção do projeto “Porto Alegre para Escolas Resilientes” participaram de uma reunião de alto nível.
Texto: Ascom Seduc
Edição: Secom