Setor hidroviário avalia melhorias no transporte de grãos no Estado
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O desenvolvimento do transporte de granéis no Rio Grande do Sul, com a intensificação do uso de hidrovias fluviais foi o tema principal da reunião de trabalho da Força-Tarefa Intermodal para aprimoramento do setor hidroportuário gaúcho, ocorrida nesta quarta-feira (08), na Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH). O secretário adjunto de Infra-Estrutura e Logística, Adalberto Silveira Netto, afirmou que o objetivo da discussão do segmento com consultores holandeses é ter um fórum de inclusão, incentivando que todos os envolvidos participem dos planos. A meta da administração estadual é aumentar, em dez anos, a participação do modal hidroviário de atuais 4% para 15% da matriz de transporte gaúcha, com integração dos segmentos de transporte rodoviário, ferroviário e cabotagem (navegação costeira ou entre portos do mesmo país).
No terceiro dia da agenda de apresentação de planos diretores (master plans) para os segmentos de terminais portuários, granéis e contêineres, o consultor Harrie de Leijer, diretor de projetos do NEA Transport (instituto holandês de pesquisas internacionais na área de transportes), comparou o fato de o Brasil transportar apenas 3% do fluxo de cargas via hidroviária fluvial, enquanto na Holanda a modalidade responde por 50% do deslocamento de mercadorias. Claro, esse processo foi iniciado na Holanda há bastante tempo e temos política para levar ainda mais cargas para cursos de água, observou Leijer. O especialista argumentou, porém, que a situação brasileira não deve ser considerada exceção, pois outros países como Romênia, China e Vietnã possuem potencial para hidrovias, mas revelam ainda baixa utilização do modal. O consultor recomendou aos atores do setor, caso de operadores portuários, embarcadores, terminais portuários, investidores e governo, atuar em áreas além de suas atribuições básicas. O Porto do Rio Grande é exemplo, pode se preocupar também com transporte fluvial.
O presidente da Associação dos Portos de Amsterdã (Amports), Wim Ruijgh, revelou que além da intensificação do transporte hidroviário no RS, o fortalecimento da competitividade do Porto do Rio Grande é outra intenção do acordo de cooperação técnica formalizado entre os governos do Rio Grande do Sul e Holanda. Apoiar indústrias a usar hidrovias também é necessário, sugeriu.
Conforme levantamento do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a exportação do cereal, através do terminal marítimo gaúcho, corresponde a aproximadamente 10% da última safra gaúcha, o equivalente a 790 mil toneladas. A navegação de cabotagem também registra crescimento, conforme a autarquia. Maior produtor de arroz do país, respondendo por 62% da recente safra nacional, o Estado consome, entretanto, 1,5 milhão de toneladas, com o restante destinado à exportação para os mercados externo e interno. Na reunião, indicou-se necessidade de ampliação de fomento à utilização de hidrovias nas regiões produtoras e beneficiadoras do grão em Pelotas e Cachoeira do Sul.
A força-tarefa, a ser instalada às 10h30min, no Palácio Piratini, é liderada pela governadora Yeda Crusius e composta pelo secretário de Infra-Estrutura e Logística Daniel Andrade e empresários Jorge Gerdau Johannpeter, Paulo Tigre e Davi Randon. Na reunião desta quarta, participaram o secretário-geral de governo, Erik Camarano, o superintendente da SPH, Gilberto Cunha, o presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, e o diretor comercial do Irga, Rubens Silveira.