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Superar, mas não esquecer

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Por Claudio Gastal

Você, assim como eu, já deve ter usado a expressão “quero esquecer o ano que passou; não quero lembrar a pandemia e nunca mais quero passar por isso”, e outras tantas expressões carregadas de dor, angústia e sofrimento.

Há 24 meses uma transformação de nossas vidas teve início. Nossos modelos de convivência foram jogados por terra. Vivemos meses de negação, indignação e incertezas. Nosso cotidiano ficou no retrovisor da vida. Tomar um chope com os amigos ou jogar uma pelada no fim de semana, e outros pequenos prazeres deixaram de existir. Momentos importantes, difíceis ou marcantes foram cancelados ou adaptados. O aniversário de um filho, a formatura de uma filha, o velório de um ente querido.

Lembranças de milhares de pessoas que morreram justificam nosso desejo de ver essa pandemia no passado e virar a página. Tentar esquecer a maratona da busca por leitos e respiradores, a falta de álcool gel, a dificuldade de adquirir máscaras e nosso total desconhecimento do que vivíamos, e de como enfrentar aquela realidade. Penso que é da nossa natureza querer deixar para trás os momentos difíceis e retomar nossas vidas dentro de uma nova normalidade.

No entanto, pela responsabilidade com o futuro e o respeito ao passado, não devemos esquecer. É nossa obrigação, como sociedade, superar dores, traumas, diferenças e mágoas para aprendermos com o que passamos. Se não for para estarmos melhor preparados, que seja para evoluir como sociedade e compreender que, como seres humanos, temos a responsabilidade de nos tornar melhores e mais solidários.

Deve haver a compreensão de que vivemos em uma aldeia global, interconectada. Todo o nosso ato, toda a nossa palavra, estão impregnados de responsabilidade. Muito foi dito e escrito, muitas ações tomadas. Conflitos morais, éticos e políticos existiram. Nada disso deve ser esquecido.

Devemos superar, sim. Mas também podemos aprender que uma nova forma de convivência está surgindo e que devemos ser melhores. Se não for pelas próximas gerações, que seja pelas 40 mil vidas que não mais terão a oportunidade dessa reflexão.

Secretário de Planejamento, Governança e Gestão

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