Tarso: "nossa opção foi congelar salários de secretários e cargos de confiança, para dar aumento real ao servidor público"
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Na última edição do programa “Mateando com o Governador”, o chefe do Executivo do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, defendeu o projeto do atual governo, que optou por valorizar o funcionalismo público, com aumentos reais, e congelar salários do governador, vice e cc's, ao contrário da proposta inicial da próxima gestão. O governador também sustenta que "existe uma deformação feita propositalmente pela imprensa para dar conforto ao próximo governo, para que faça o que quiser das contas públicas".
Tarso fez questão de relembrar sua atitude no início do mandato, quando determinou que não houvesse reajustes nos salários dos integrantes do primeiro escalão do governo, dando prioridade aos aumentos do funcionalismo público.
“Congelei salários de secretários, cc’s, do governador e do vice, e dei aumentos reais para servidores. Essa é a visão que caracteriza nossa relação com o setor público. O próximo governo está fazendo o contrário, mas tem esse direito, pois saiu vencedor no processo eleitoral”, justificou.
Tarso ainda defendeu a continuidade de políticas adotadas em sua gestão e que beneficiaram as classes mais baixas da pirâmide social gaúcha, a exemplo da recuperação do salário mínimo regional, dos reajustes para o funcionalismo público, e da aplicação de 12% da receita do Estado na saúde.
“Os programas sociais podem ser mantidos, basta manejar as contas públicas de maneira técnica adequada, contar com o apoio dos quadros da Fazenda e continuar aumentando a arrecadação, como viemos fazendo nos último quatro anos”, referiu.
O governador salientou que, com a sanção o reajuste de 16% no salário mínimo regional, deixa o Palácio Piratini tendo cumprido o compromisso assumido na campanha eleitoral de 2010, de recuperar o valor real do vencimento, que estava sendo defasado desde que Olívio Dutra deixou o comando da administração do Estado.
“Além de um compromisso programático, isso mostra nossa visão de política econômica e de desenvolvimento: se você aumenta o poder aquisitivo dos pobres, as pessoas compram mais e movimentam a economia”, explicou, mencionando o estudo do IBGE que aponta um crescimento duas vezes maior da renda média no Rio Grande do Sul sobre a do Brasil nos últimos anos.
Redução da dívida fica como legado
O governador ainda teve tempo para explicar o legado que deixa para a próxima administração: uma dívida pública menor que a que recebeu de sua antecessora e a inédita meta atingida Estado de aplicação de 12% da receita líquida na saúde, conforme manda a Constituição. “O fato concreto que se coloca é que este governo reduziu a dívida pública, o resto é desculpa para que o próximo governo tome as medidas que deseja", destacou.
Com a renegociação, foram reduzidos R$ 16 bilhões da dívida pública, o que permite a abertura de um novo espaço fiscal para buscar financiamentos.
Sobre a saúde, afirmou que se lhe fosse solicitada alguma sugestão para o mandato que se inicia em 1º de janeiro, seria a de que seus gestores utilizassem os depósitos judiciais para financiar essa importante área. “Jamais conseguiríamos chegar aos 12% na saúde sem os R$ 6 milhões dos depósitos judiciais. É um recurso com juro baixo e que o governo tem o direito de usar”, observou.
Estrutura teve o tamanho necessário
Abordando as alterações na estrutura do Poder Executivo que o futuro mandatário poderá solicitar, Tarso Genro reiterou que enviará os projetos que lhe forem solicitados à Assembleia Legislativa. Porém, defendeu a distribuição de pastas e atribuições durante o seu mandato. “O governo teve o tamanho que precisava. Isso não é uma questão abstrata, é preciso montar a estrutura de acordo com programa de governo”, ponderou.
A visão do seu campo político, por exemplo, era de que a luta pelo direito das mulheres à autonomia na sociedade e o combate à violência doméstica era fundamental e logo, merecia uma secretaria especializada. Também foi assim com a pasta que abrigou o tema da economia solidária e das microempresas. Através dela, o governo forneceu R$500 milhões aos pequenos empreendedores com o Microcrédito. “É um valor extremamente importante para a economia do Estado”, reiterou.
Futuro será de militância
Uma vez que entregue o cargo para o próximo governador, Tarso Genro seguirá militando na política. “Vou continuar fazendo fora do governo o que estou fazendo no governo. Sou um lutador político desde muito jovem e combino mandatos e a ação militante em outras áreas e movimentos sociais”, assinalou.
Texto: Naira Hofmeister