Três edificações de Pelotas serão tombadas pelo Patrimônio Histórico do Estado
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O secretário de Estado da Cultura, Luiz Antonio Assis Brasil, participa na próxima sexta-feira (20), às 11h, na sede do Instituto Simões Lopes Neto, da assinatura do Livro Tombo de três edificações do município de Pelotas: o Castelo Simões Lopes, o Instituto Simões Lopes Neto e a Catedral São Francisco de Paula. O tombamento é um ato administrativo, do Poder Executivo, que trata da valorização de um bem imóvel (edificação ou região) ou bem móvel (objetos) e que têm como consequência a proteção dos mesmos contra sua descaracterização ou destruição, devido ao seu valor cultural para toda a sociedade.
No âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, a política de tombamento é aplicada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado - Iphae. Para que um bem seja parte integrante do Patrimônio Cultural do Estado, deverá ser analisado pelo corpo técnico da instituição e, posteriormente, após a conclusão favorável do processo administrativo, deverá ser inscrito em um dos quatros Livros Tombos do Estado.
O Castelo
A construção, datada de 1920, foi palco de importantes decisões políticas, abrigando reuniões de autoridades da época, como Washington Luís e Getúlio Vargas. O prédio foi adquirido pela Prefeitura Municipal de Pelotas, em 1991. A obra do arquiteto suíço Fernando Rullman foi construída, a pedido de Augusto Simões Lopes, e lembra um castelo medieval com torres e ameias e logo se tornou a principal tribuna política da regiãoSul.
Augusto Simões Lopes (1880-1941) era o filho mais novo do Visconde da Graça, importante charqueador pelotense, e tio do escritor João Simões Lopes Neto, autor de Contos gauchescos e Lendas do Sul. Além de destacar-se na política brasileira nos anos 1930, Simões Lopes foi grande de incentivador do esporte, sendo inclusive presidente do Brasil de Pelotas, de 1917 a 1920, quando o time foi campeão do primeiro campeonato gaúcho de futebol.
O Instituto
A casa de João Simões Lopes Neto foi construída em 1871 e adquirida pela família em 1897. A propriedade foi vendida várias vezes e chegou a ser ameaçada de demolição. O processo de tombamento começou em 1999 por meio do deputado estadual Bernardo de Souza. No mesmo ano foi criado o Instituto Simões Lopes Neto. Uma associação civil pública, sem fins lucrativos, que tem por finalidade preservar, valorizar e divulgar a memória e a obra de João Simões Lopes Neto. Em 2001, inicia-se o processo de restauração, que é totalmente finalizado em 2006, e agora tombado como patrimônio histórico do Estado.
Catedral São Francisco de Paula
Considerado o mais importante edifício religioso de Pelotas a Catedral São Francisco de Paula foi construída, em 1813, como uma capela pelo padre Felíco da Costa Pereira. Em 1826 foi destruída por um raio e, em 1846, o Imperador D. Pedro II, lança, na Praça da Regeneração (hoje Cel. Pedro Osório), a pedra fundamental para a construção de uma nova Catedral no entorno da praça.
Em meados do século XIX, a Catedral já apresentava a fachada atual, mas só veio assumir sua configuração atual entre 1947 e 1948, quando foram construídas a cripta e a grandiosa cúpula (desenho do arquiteto Roberto Offer, de 1847), pelo arquiteto Victorino Zani. Para completar seu trabalho, vieram da Itália os artistas Aldo Locatelli e Emílio Sessa, que se encarregaram da decoração interna do templo, a convite de Dom Antonio Zattera.
Aldo Locatelli ficou conhecido pelo seu magnífico trabalho. Foi contratado posteriormente para pintar a Catedral de Porto Alegre, o Palácio Piratini e a Igreja de Caxias do Sul. Mas sua obra maior está na Catedral de São Francisco de Paula, que originou sua vinda diretamente da Itália com o objetivo de executá-la. A Catedral abriga, desde os primeiros tempos, a imagem de São Francisco de Paula, de origem artística desconhecida, tendo sido trazida da Colônia do Sacramento. Este santo dá o nome à Igreja não por acaso, pois é o padroeiro de Pelotas.
João Simões Lopes Neto
Natural de Pelotas (1865-1916) foi escritor e empresário. Segundo estudiosos e críticos de literatura, ele foi o maior autor regionalista do Rio Grande do Sul, pois procurou em sua produção literária valorizar a história do gaúcho e suas tradições. Simões Lopes Neto só alcançou a glória literária postumamente, em especial após o lançamento da edição crítica de Contos Gauchescos e Lendas do Sul, em1949, organizada para a Editora Globo, por Augusto Meyer e com o decisivo apoio do editor Henrique Bertaso e de Érico Veríssimo.
Maria Emilia Portella
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