O governador Tarso Genro recebeu, na tarde desta quarta-feira (2), o ex-ministro da Defesa do Governo Luiz Inácio Lula da Silva e ex-consultor-geral da República do Governo João Goulart, Waldir Pires. O político baiano veio a Porto Alegre para participar do seminário “Jango, as Reformas de Base e o Golpe de 1964”, promovido pela Assembleia Legislativa.

Antes do evento, porém, Waldir Pires foi recebido pelo governador no Salão dos Espelhos do Palácio Piratini. Por mais de meia hora, os dois ex-colegas de Governo no primeiro mandato do presidente Lula conversaram sobre democracia. Pires relatou ao governador e ao chefe de gabinete Ricardo Zamora como foram os momentos prévios ao golpe de Estado de 1964. Ele contou que foi, ao lado do então ministro-chefe da Casa Civil, Darcy Ribeiro, o último a deixar o Palácio do Planalto na noite de 31 de março de 1964.

Ex-governador da Bahia entre 87 e 89, Pires redigiu o que chama de “último documento da democracia” antes do regime militar, uma carta que foi assinada por Darcy Ribeiro e lida no Congresso Nacional informando sobre a viagem do presidente João Goulart ao Rio Grande do Sul naquela noite para assumir o comando do III Exército. Aos 87 anos, ele recorda, com precisão, os momentos da madrugada do dia 31 de março para o dia 1º de abril. “Passava da meia-noite”, lembra Pires, sobre o momento em que deixaram o Palácio do Planalto.

Na sequência, acompanhou com revolta a leitura no Congresso Nacional da carta que redigiu momentos antes e que, em sua opinião, derrubava o argumento de que o então presidente João Goulart teria deixado o País, fato citado pelo presidente da Casa legislativa para declarar vaga a Presidência da República e possibilitar a ascensão dos militares ao poder.

Texto: Lucas Rohãn
Edição: Redação Secom (51) 3210-4305