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Zona Sul avalia resultados do Censo da Lavoura de Arroz Irrigado

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A geração de 37 mil postos de trabalho diretos, aumento em 12,7% do número de propriedades dedicadas à orizicultura nos últimos cinco anos, 32,5% dos produtores com mais de três décadas de experiência, 53% das áreas para plantio com menos de 50 hectares são alguns dos principais dados obtidos pelo Censo da Lavoura de Arroz Irrigado que o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Maurício Fischer, apresentará nesta segunda-feira (17) na Região Sul do Estado. O encontro dará ênfase aos resultados apurados pela aplicação da pesquisa em 605 lavras localizadas em Pelotas, Capão do Leão e Pedro Osório. O Censo da Lavoura de Arroz Irrigado, além de confirmar a importância social da cultura, determina o estágio de desenvolvimento das regiões estaduais dedicadas ao plantio do cereal - Fronteira-Oeste, Campanha, Planície Costeira (interna e externa) da Lagoa dos Patos, e Depressão Central, além da Zona Sul. As informações sobre a cadeia produtiva resultaram da aplicação de questionário a 11.960 produtores, em 9.159 propriedades de 138 municípios e servem de ponto de partida para ajustar o setor orizícola às exigências do mercado de commodities agrícolas. Os resultados apurados a partir de 236 indagações servem de base para a composição de novas diretrizes, programas e estratégias de desenvolvimento da cultura nos próximos dez anos. É um marco para planejar o futuro da lavoura de arroz irrigado no Estado e melhor ajustar a atividade às exigências do competitivo mercado de commodities agrícolas, explica o presidente do Irga, Maurício Fischer, também responsável pela coordenação do trabalho, que não era realizado desde a safra de 1999/2000. A consulta, entre agosto de 2005 e janeiro passado, mobilizou 80 recenseadores vinculados aos 40 núcleos de assistência técnica do Irga e revela quantos agricultores, como plantam, a situação fundiária (terras próprias e arrendadas), a extensão média das propriedades, a área total de cultivo, permitindo um amplo diagnóstico do setor. De forma prática e objetiva, os produtores forneceram informações pertinentes às lavouras, sobre número de tratores e colheitadeiras em operação, idade do maquinário, tipos de cultivo (mínimo, plantio direto, pré-germinado, convencional), colheita, empregados, estágio tecnológico, uso de adubação e defensivos agrícolas, sistemas de aplicação de água e, ainda, controle ambiental. A pesquisa revelou, por exemplo, que, no intervalo entre um censo e outro, houve aumento de 13,5% no nível de empregabilidade e 9,8% na produtividade, refletindo o modelo gaúcho de lavoura que privilegia a alta tecnologia, adotada a partir do lançamento do Programa Arroz RS, do intercâmbio entre os plantadores e de cursos, palestras e dias de campo desenvolvidos pela extensão rural. Por outro lado, identificou altos níveis de instatisfação dos arrozeiros com a política de preços (insumos e produto final), importação e comercialização consduzida pelo governo federal. Tivemos o cuidado de obter dados fidedignos e atualizados, para atribuir o devido peso a cada um deles no contexto do processo, explica o presidente do Irga. Há alguns meses, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou sua estimativa de safra mundial de arroz, informando que serão produzidas 406,9 milhões de toneladas - estimativa era de 406,8 milhões de toneladas em dezembro de 2005 - do grão beneficiado, devendo resultar o estoque de passagem em 66,1 milhões de toneladas. A China permanece liderando o ranking, devendo produzir 127,4 milhões de toneladas, seguida por Índia (85 milhões), Indonésia (34,9 milhões), Bangladesh (26,7 milhões), Vietnã (22,5 milhões) e Tailândia (17,9 milhões). O Brasil aparece na lista do USDA com 7,8 milhões de toneladas de arroz beneficiado, mesmo volume dos Estados Unidos, respondendo por 1,7% da produção mundial. Em termos econômicos, a cultura orizícola gaúcha representa 50% da produção do Brasil, 2,56% do Produto Interno Bruto do Rio Grande do Sul e 232 mil empregos. As 282 indústrias de beneficiamento do setor geram em torno de R$ 220 milhões em impostos. Para aumentar o consumo do arroz gaúcho no Brasil, acabar com os excedentes de produção, incrementar a renda do produtor e, ao mesmo tempo, induzir a hábitos alimentares saudáveis entre a população, o Governo do Estado e o Irga promoveram a campanha Marketing do Arroz. A iniciativa integrou o Programa Arroz RS, que, desde 2003, fez com que a produtividade superasse em 1,5 mil quilos por hectare a média do Estado, ajudandoa reduzir o grau de dependência das importações para o abastecimento do mercado interno. A primeira etapa concentrou-se na emissão de selo de qualidade e divulgação, dentro das fronteiras gaúchas, através da mídia, da meta de aumentar o consumo anual em um quilo por habitante ao longo de cinco anos. A campanha - que será estendida às demais regiões do país nos próximos meses - levou ao conhecimento da população local o verdadeiro valor do arroz em termos nutricionais e as vantagens de sua presença na refeição diária. Na definição de conteúdo e direcionamento foram considerados os hábitos contemporâneos, a maior inserção da população no mercado de trabalho e a falta de tempo, fatores que colaboram para uma alimentação menos saudável, estimulando o consumo de lanches rápidos. Por exemplo: o cereal não possui colesterol nem glúten, previne doenças do sistema digestivo e regula a flora intestinal. Estudos comprovam que o alto teor de amilose, substância presente no produto, propicia menor resposta glicêmica e a diminuição da quantidade de triglicerídios no sangue, o que é muito benéfico à saúde humana. As propriedades nutricionais e benefícios à saúde proporcionadas pelo arroz igualmente servem de argumento para o Governo do Estado defender sua inclusão na merenda escolar. Estudos recentes comprovam que a adição de apenas 150 gramas ou subprodutos na dieta diária dos 37,4 milhões de estudantes das escolas públicas do Brasil seria suficiente para estimular um consumo mensal de 111 mil toneladas do grão. Projeto-piloto está sendo implantado em Porto Alegre, defendendo propostas como a substituição – bem-sucedida em outros estados, como Santa Catarina – de todos os derivados de trigo por farinha de arroz na alimentação servida nos estabelecimentos de ensino, à base de biscoitos e massas.
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