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Aumento de casos de dengue no RS pode ter relação com fenômenos climáticos

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Close do mosquito da dengue com a palavra Alerta escrita.
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Fenômenos climáticos como o El Niño e as chuvas intensas que afetaram o Rio Grande do Sul nos últimos meses podem ter contribuído para o aumento do número de casos de dengue no Estado. Em resposta à alta de infecções nas últimas semanas, o governo estadual está intensificando as ações de enfrentamento à doença.  

“A ocorrência de casos pode ter aumentado devido a fenômenos climáticos que tivemos – como o El Niño –, muitas chuvas e grande acúmulo de resíduos. Isso propicia ainda mais a proliferação do vetor, favorecendo altos índices de infestação e, automaticamente, de transmissão da doença”, explica o diretor-adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Marcelo Vallandro.

Segundo Vallandro, todo o Estado requer atenção neste momento. “A maior incidência tem acontecido na Região Norte e Missioneira, mas a Metropolitana também já tem altos índices. De forma geral, todas as regiões têm apresentado casos. Por isso, é importante ter atenção, neste momento, a cada uma delas”, destaca.

Dos 497 municípios do Estado, 466 (93,8%) enfrentam infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Até o momento, houve 6.126 notificações de casos suspeitos da doença. Desse total, 2.915 foram confirmados e 1.909 seguem em investigação, tendo sido descartados 1.302. Foram registradas, também, duas mortes por dengue no Rio Grande do Sul. Segundo a Secretaria da Saúde (SES), nas primeiras cinco semanas de 2024, o Estado teve 17 vezes mais casos notificados e confirmados do que no mesmo período de 2023.

Outros estados também estão sofrendo com a doença. Em 2024, o Brasil já registrou mais de 392 mil casos e 54 mortes, segundo o Ministério da Saúde. Até o momento, as unidades da federação com maior número de casos são Minas Gerais (135.716), São Paulo (61.873), Distrito Federal (48.657), Paraná (44.200) e Rio de Janeiro (28.327).

Ações

O governador Eduardo Leite está buscando viabilizar, junto ao governo federal, a distribuição de vacinas contra a dengue no Estado. Em reunião virtual com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, na tarde de quarta-feira (7/2), Leite reforçou o pedido pelo avanço seguro e ágil da estratégia de vacinação contra a doença.

A dengue é uma doença endêmica no Rio Grande do Sul, ou seja, tem se repetido nos últimos anos. Desde 2021, o Estado vem registrando grande número de casos. A SES trabalha ininterruptamente no controle da doença, reforçando as estratégias nos finais de ano.

O Estado elaborou e vem executando um plano de contingência para combater a proliferação. As ações abrangem vários eixos – como disponibilização de insumos aos municípios; supervisão e apoio em treinamentos e capacitações; e aplicação de estratégias.

O plano propõe estratégias que deverão ser incorporadas e desenvolvidas pelos municípios, servindo de modelo para os planos de contingência municipais a fim de promover o fortalecimento e a efetividade das ações.  

Como parte do plano de contingência, o Estado disponibilizou um sistema de monitoramento que permite acompanhar a situação por regiões e municípios. No Painel de Casos da Dengue no RS, cada gestor municipal pode consultar seu município e saber quais as melhores estratégicas a serem adotadas, conforme o nível de alerta em cada local.

O Rio Grande do Sul tem inovado no combate à doença. Dois exemplos são as ovitrampas – armadilhas utilizadas para a coleta de ovos do Aedes aegypti – e a Borrifação Residual Intradomiciliar (BRI), que consiste na aplicação de inseticida, no interior de imóveis, nos locais de maior permanência de pessoas durante o dia. A SES já capacitou 120 municípios para a adoção da borrifação.

A BRI fez parte de um projeto-piloto elaborado em conjunto com o Ministério da Saúde, cujos resultados apresentaram bons indicadores – tanto que o órgão passou a recomendar a ação para todo o país. No Rio Grande do Sul, o método começou a ser desenvolvido no início de 2023. A iniciativa é recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelos Centros para o Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. Estudos em outros países demonstraram que, após uma única aplicação, há uma redução sensível ao longo dos meses no número de casos de doenças transmitidas pelo Aedes.

aplicação de BRI contra dengue
Borrifação Residual Intradomiciliar (BRI) é uma técnica de aplicação de inseticida em áreas de repouso dos insetos - Foto: Divulgação SES

Sob a orientação do Estado, os municípios também realizam ações de rotina, como controle de pontos estratégicos, colocação de larvicidas biológicos em algumas localidades e pulverização para bloqueio de transmissão. Além disso, o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen/RS) atua em suplementação às redes municipais, realizando grande parte dos exames para a doença.

Estado e municípios possuem competências diferentes no enfrentamento à dengue. As prefeituras são responsáveis pela execução direta das ações, enquanto o Executivo estadual tem a atribuição de monitorar, coordenar, gerir e orientar as iniciativas de combate.

“Nós treinamos, capacitamos e orientamos os municípios na execução de uma série de ações. Também monitoramos e divulgamos informações como forma de subsidiar os profissionais de saúde com comunicados de risco e alertas”, detalha Vallandro. “Além disso, apoiamos os gestores municipais na construção de seus planos de contingência, na organização de ações assistenciais – para atendimento à população – e na capacitação tanto para a parte operacional de combate ao vetor quanto para o manejo clínico dos pacientes.”

Orientações à população

A população deve tomar medidas de prevenção à proliferação e à circulação do Aedes aegypti, limpando e revisando áreas internas e externas das residências e apartamentos. O uso de repelente também é recomendado para maior proteção individual. 

Para ajudar a eliminar os criadouros, é necessária uma ação semanal nos locais que podem acumular água. O ciclo de vida do mosquito, do ovo até a fase adulta, leva de sete a dez dias. Então, se a verificação for realizada uma vez por semana, é possível interromper o ciclo e evitar o nascimento de novos mosquitos. 

É importante que todos façamos a nossa parte. O mosquito se reproduz em criadouros, desde reservatórios pequenos (como vasinhos de plantas e tampinhas de garrafa) até caixas d'água, calhas e piscinas não tratadas. Assim, é preciso realizar o cuidado semanal de eliminação: tirar a água daquele local ou tampar os reservatórios”, frisa Vallandro.  

Além do combate ao mosquito, é importante estar alerta para o aparecimento dos sintomas e buscar o atendimento de saúde quando necessário. Crianças e idosos requerem atenção especial. “Às vezes, os mais vulneráveis passam despercebidamente pela doença e não se dão conta. Aí, quando chegam à unidade de saúde, já estão com o quadro mais agravado”, explica o diretor do Cevs.

Cuidados básicos

  •  Vedar totalmente caixas d'água; 
  •  limpar calhas, retirando folhas e sujeira, para evitar acúmulo de água;
  •  limpar ralos e aplicar tela para evitar a formação de criadouros;
  •  limpar bandejas de ar-condicionado ou descartá-las;
  •  vedar totalmente galões, tonéis, poços, latões e tambores, inclusive aqueles usados para água de consumo humano;
  •  esticar lonas para evitar acúmulo de água;
  •  tratar piscinas e fontes com produtos químicos específicos;
  •  guardar, em locais cobertos, objetos como pneus;
  •  armazenar garrafas vazias com a boca para baixo;
  •  virar baldes com a boca para baixo;
  •  tampar vasos sanitários fora de uso ou de uso eventual, renovando a água semanalmente;
  •  esvaziar os pratos dos vasos de plantas ou preenchê-los com areia;
  •  esvaziar a água acumulada na bandeja da geladeira;
  •  esvaziar a água acumulada semanalmente de algumas plantas, como espada-de-são-jorge e bromélias (que podem acumular água entre as folhas)

Principais sintomas

  •  Febre alta (39°C a 40°C), com duração de dois a sete dias;  
  •  dor retroorbital (atrás dos olhos); 
  •  dor de cabeça; 
  •  dor no corpo; 
  •  dor nas articulações; 
  •  mal-estar geral; 
  •  náusea; 
  •  vômito; 
  •  diarreia; 
  •  manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira. 

Texto: Juliana Dias/Secom
Edição: Felipe Borges/Secom

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