Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Início do conteúdo

Biblioteca Pública do Estado promove visita guiada pelo Dia do Patrimônio

Publicação:

Foto histórica  acervo BPE divulgacao
Prédio com fachada em estilo neoclássico é tombado como patrimônio estadual e nacional - Foto: Acervo BPE

A Biblioteca Pública do Estado do RS (BPE) irá sediar, no próximo domingo (18/8), uma visita guiada especial, em dois horários: às 13h30min e às 15h, inserida na programação da Secretaria da Cultura (Sedac) pelo Dia do Patrimônio.

Na ocasião, será exibido um vídeo sobre a história da instituição e as etapas de restauro do prédio histórico, pela bibliotecária Morgana Marcon, que está à frente da entidade desde 2003, e funcionários. A entrada é franca, sem necessidade de inscrição.

Criada pela Lei 724 de 14/4/1871, a BPE ganhou importância tanto por seu acervo valioso quanto seu belíssimo prédio tombado. Mantém acervo diversificado e serviços de acesso a materiais impressos, digitais, virtuais, assim como material em braile e áudio. Seu acervo tem 240 mil volumes, representativos da memória sul-riograndense e nacional, pela exclusividade dos títulos de monografias desde o Século 16 e periódicos gaúchos do século 19, dentre outros.

Instalada desde 1912 na Praça da Matriz, a BPE é referência da historiografia e cultura gaúchas dos séculos 19 e 20. Estão sob sua guarda os relatórios de governo a partir de 1850, anais da Província de São Pedro, mensagens dos governadores à Assembleia, entre outros documentos.

A Coleção de Obras Raras é composta por obras dos séculos 16 a 19, como a Pharsalia, de Lucanus, de 1519, e edições primorosas de La Divina Comedia, de Dante Alighieri, editada em 1921 por Conrado Ricci, em edição restrita a mil exemplares, e Os Lusíadas, de Camões, na edição comemorativa de 1819, de alto valor por sua reduzida edição de 12 exemplares em pergaminho, entre outras obras.

OBRA DO POSITIVISMO

Em 1915, já autônoma, a biblioteca foi transferida para a sede atual, na rua Riachuelo esquina General Câmara. Construído por sugestão de Victor Silva, o prédio da instituição foi projetado por engenheiros das Obras Públicas do Estado. Tanto em sua fachada como em seu interior, apresenta influência da doutrina positivista, usando vários estilos em sua representação.

Salao Mourisco BPE   Morgana Marcon
Nas salas e salões, como o Salão Egípcio, Sala Borges de Medeiros e Salão Mourisco (foto), diversificam-se os estilos - Foto: Morgana Marcon / Divulgação BPE
A fachada apresenta o estilo neoclássico, contornada com bustos do calendário positivista vindos da França, como Júlio César, Gutemberg e Descartes. Nas outras salas e salões, como o Salão Egípcio, Sala Borges de Medeiros e Salão Mourisco, diversificam-se os estilos rococó, egípcio, gótico e florentino.

A maioria dos trabalhos foi executada pelos pintores Fernando Schlater e S. Incerpi e os escultores Alfred Adlof, Eduardo de Sá e Giuseppe Gaudenzi. O mobiliário, aberturas e objetos de adorno foram desenhados pelos mesmos artistas. As colunas de mármore de Carrara e seus respectivos capitéis, que compõem as portas de comunicação no prédio, foram confeccionados por João Vicente Friederichs. É tradição oral que Victor Silva, que orientou o projeto e a decoração, teria se inspirado na Igreja de Sainte Geneviéve, em Paris, que havia sido transformada em biblioteca.

O prédio foi inaugurado como parte das comemorações do Centenário da Independência, em 7 de setembro de 1922, sendo considerado espaço nobre de leitura, então privilégio de elites. O próprio Borges de Medeiros fazia suas leituras diárias de jornais na sala que tem seu nome. Em 1986, o prédio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE) e, em 2000, pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN).

RECUPERAÇÃO DA HISTÓRIA

O prédio histórico da BPE passou por poucas intervenções em suas formas originais, mas uma particularmente impactou sua existência e é o alvo de permanente busca de recursos para sua recuperação: as pinturas murais da Sala de Leitura e do hall de entrada, das escadarias e algumas salas, que foram recobertas com tinta cinza na década de 1950, por ordem de um de seus diretores. Ele acreditava que as imagens produziam a distração dos leitores e não tinham valor histórico, devendo desaparecer. Vários movimentos culturais e gestões da biblioteca buscam, há anos, recuperar as pinturas que permanecem sob as camadas de tinta.

BPE Salão de Leitura Solange Brum
Tanto na fachada quanto no interior, biblioteca tem influência da doutrina positivista - Foto: Solange Brum / Divulgação BPE

Outro fato marcante em sua história foi a retirada de parte do mobiliário e adornos, durante o governo de Euclides Triches, na década de 70. O fato foi precedido da vista da esposa do governador, Neida Triches, que percorreu as dependências da biblioteca acompanhada de sua secretária, que anotava todos os dados acerca do mobiliário e de obras de arte. Ao final, declarando-se encantada com o que tinha visto, deixou a biblioteca e, poucos dias depois, tudo o que havia sido anotado foi levado para o Palácio Piratini, através de uma requisição do governador, de 30/6/1971, sob os protestos da diretora da época.

Em 1974, a construção histórica passou por reformas, ficando fechada por um ano ao público. Foi realizada a pintura externa e interna, refeita a rede elétrica e hidráulica e algumas telas de valor histórico foram restauradas. Em 1988, o teto de uma das salas desabou parcialmente, colocando em risco a vida de funcionários e leitores. Em consequência disso e pela urgência de outras reformas, durante 18 meses o prédio voltou a fechar. Foi substituído o madeiramento da cobertura e o tratamento da rede pluvial. Parte do mobiliário foi restaurado, a pintura mural do teto do Salão Mourisco foi estabilizada, e algumas aberturas recuperadas.

A partir de 2007 a biblioteca passa por reformas, pelo Programa Momumenta e, em 2008, através da Lei Rouanet e com patrocínio do BNDES. A instituição passou a funcionar na Casa de Cultura Mario Quintana até a entrega das obras, em dezembro de 2015.

Serviço

Dia: 18 de agosto (domingo)
Hora: 13h30min e 15h
Local: Biblioteca Pública do Estado do RS (rua Riachuelo, 1.190) – Centro Histórico/Porto Alegre
Informações: pelo telefone (51) 3224-5045, na BPE
Entrada franca, sem necessidade de inscrições

Texto: Vera Pinto/Ascom BPE
Edição: Patrícia Specht

Portal do Estado do Rio Grande do Sul