Criação do Conselho de Direitos Humanos
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Boa noite a todos nesta data extremamente relevante, e para mim de modo especial e emocionante. Não sonhava eu, começa há muito tempo atrás, quando ingressei no raciocínio a respeito de por que este mundo é tão desigual, e a desigualdade se processa em todos os níveis, começa com minha mãe me respondendo, quando dizia: Mãe, por que eu não posso? E ela respondia: Ninguém mandou nascer mulher. E a despeito de todas as demais facetas da desigualdade que ainda perdura no mundo, ocorreu que nós pudéssemos governar o Estado criando a Secretaria de Justiça e Desenvolvimento Social.
Emociona-me rever as pessoas que aqui estão mas, se me permitem, fujo do protocolo, não citando ninguém. Eu quero citar os anônimos que cada um de vocês representa. Os anônimos que são, na verdade, aqueles que colhem no cotidiano os frutos da desigualdade e a cada dia batalham para reduzi-la. Aqui nós temos legisladores, temos executivos, pessoas ligadas à Justiça, à cultura, ao fazer, ao pensar, ao sonhar. Eu quero dedicar o dia de hoje e as inovações que nós celebramos a quem, bem mais tarde, já como deputada federal, eu pude encontrar e que a cada dia me lembrava de que era possível o sonho e a frase que todos nós sabemos e muitos repetem de ele se tornar realidade se sonhamos juntos.
Quero dedicar a André Franco Montoro. André, quando o conheci, sempre jovem nos 80 e tantos anos em que viveu, sempre saboreando a sua taça de vinho à noite, quando íamos fazer política nos seminários fechados em todo o Brasil, ele sempre me dizia, antes de acontecer: Yeda, nós temos que nos somar ao movimento social que troca o nome de Declaração dos Direitos do Homem para Declaração dos Direitos Humanos. Portanto ele era um ativista, sempre foi e sempre nos ensinou que é do pequeno, portanto é da arte, que se gera o resultado possível de ser compreendido e entendido por aqueles que olham diferente.
Cada um de nós olha de uma maneira. Eu quero dedicar a André Franco Montoro o fato do estímulo que ele sempre me deu para que eu lutasse pela igualdade. Começando pela igualdade de gênero certamente porque é a falta dela que eu senti desde que nasci. Eu entendo a minha mãe dizendo que ninguém mandou nascer mulher. As entidades que eu quero celebrar, o próprio secretariado, quero celebrar com a Assembléia Legislativa, que permitiu a construção dessa secretaria. Eu quero celebrar com todos aqueles que, passo a passo, depois da aprovação da Assembléia, que na verdade a Secretaria de Justiça sempre existiu junto com a Secretaria de Segurança Pública, mas apenas se institucionalizou a partir da aprovação na Assembléia da nossa reorganização administrativa, por isso o nome, na verdade como fazer Justiça nós já temos há mais de um ano, 1º de janeiro de 2007 até hoje.
E institucionalizar é fundamentalmente importante. Qual é o conceito de Justiça que se tem numa sociedade democrática? A Justiça que se pratica a cada dia um pouco mais, sempre buscando barrar as forças do retrocesso, que estão sempre presentes, racionalizando é quando se estabelece o conceito de direito instituído pela letra da lei. O Estado democrático de direito chamava para que o RS pudesse ter a sua Secretaria de Justiça e Desenvolvimento Social pela visibilidade, e que se busque não haver diferença de gênero, de raça, de religião, de cor, de opção sexual, e tanto mais que o mundo moderno chama a cada momento.
A escolha que fez o secretário Fernando de chamar a arte para a interpretação do texto da Declaração dos Direitos Humanos é de todo aquilo que representa a busca contínua da gente, entre o micro que a gente é, o pozinho que a gente representa na infinitude que nós somos feitos. Cada um de nós é uma infinitude, aqueles que acreditam ou por que cada segundo nos permite vivenciar um momento como este aqui no nosso Salão Negrinho do Pastoreio. Então, eu quis que o vento soprasse a favor e ele soprou a favor e o avião conseguiu chegar na hora da cerimônia, por que o que nós teremos em Brasília é muito grande. Nós continuamos a lutar passo após passo igual à construção da justiça do desenvolvimento social.
Então, o vento soprou a favor para que eu viesse aqui falar a cada uma das pessoas que nos ajudou, que nos ajuda, que compreende que nós somos apenas uma parte do processo de construção da igualdade. Ela sempre será necessária, porque as fontes de desigualdade elas nascem por si. Se nasce diferente, se tem oportunidades diferentes e a Secretaria da Justiça chama toda a sociedade para que se dê acesso em condições de igualdade às oportunidades e aos direitos de cidadania. Que a arte celebre junto conosco este momento muito alegre. Nós ainda temos uma infinidade a realizar na busca da igualdade entre as pessoas e na construção de uma sociedade mais justa, mais solidária e mais democrática.
É um elemento emocionante para mim, a liderança do Fernando Schüller todos conhecemos. É uma liderança que chama, que às vezes, chama tanto que a gente nem consegue atender, é uma fonte inesgotável do buscar fazer justiça e desenvolvimento social. Há períodos em que se engorda e se emagrece nesse afã de tudo que há por fazer e do quanto nós somos responsáveis. A toda a equipe de Justiça e Desenvolvimento Social, a toda equipe do secretariado, a todos os políticos, ao Lamarchi que modernizou o modernismo, não apenas o discurso da ordem, mas a prática da ordem, companheiro desde o primeiro momento na batalha contra a violência principalmente porque ela se registra, ela se incorpora, se reproduz na violência contra a mulher, na violência dentro de casa.
A sociedade se reproduz na violência dentro de casa e dizer a todos os nossos irmãos e as nossas irmãs humanos a minha enorme alegria de poder estar aqui junto com vocês, celebrando um passo já dado, nos chamando, na verdade, para continuarmos, de braços dados, de mãos dadas, com o pensamento harmonizado na busca de transformar o RS mais uma vez num Estado pioneiro em algumas inovações que tratam de justiça e de desenvolvimento social. A minha crença, o meu entusiasmo, a minha segurança, tão grandes em relação a isso, que pode aparecer bem como aparece, no tamanho em que aparece, em cada um dos desafios que ainda são frutos da incompreensão, da tentativa de reprodução da desigualdade.
A mudança traz, sim, reações fortes. Há uma recusa imensamente forte a que a mudança nos apresente um mundo novo e eu quero dizer que é um pouco dele que hoje nós apresentamos com essas iniciativas e essas ações da nossa Secretaria de Justiça e Desenvolvimento Social. O meu abraço carinhoso, individual, pessoal, instransferível, a cada um de vocês. Boa noite!