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Economistas defendem novo modelo de desenvolvimento global no Encontro Ibero-Americano

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A construção de um novo modelo econômico, social e ambiental que permita reduzir as desigualdades a partir da distribuição de renda e promover o desenvolvimento com consumo sustentável dos recursos naturais. Este foi o desafio lançado pelos painelistas, na manhã desta sexta-feira (02), durante o I Encontro Ibero-Americano de Conselhos de Desenvolvimento Econômico e Social.

Diretor-executivo do Banco Mundial para a América Latina, Rogério Studart avaliou que, atualmente, o modelo de desenvolvimento econômico mundial sofre um processo de ruptura, caracterizado por três problemas centrais: os desequilíbrios e desigualdades macroeconômicas, desenvolvimento financeiro disfuncional e sem solidariedade para com as nações e crescimento com profundo descaso com a sustentabilidade ambiental.

Na concepção do economista, esta disfunção faz com que as instituições financeiras não assumam os riscos das movimentações de capital, transferindo-os aos países. As crises atuais externalizam essas diversas insustentabilidades econômicas, financeiras e ambientais deste sistema. Studart considera que a solução passaria por uma regulamentação do sistema econômico global, mas que esta também esbarra na resistência dos grupos financeiros a qualquer tipo de mudança.

Rogério Studart citou a política de aproximação entre os países da América Latina como um bom exemplo de visão integradora e solidária, alternativa viável para a busca de um modelo mais funcional. Estas características estão presentes nos países da América Latina, considerou Studart, ressaltando que só o ganho coletivo será capaz de gerar o desenvolvimento individual para cada país.

Outro caminho apontado pelo economista foi a adoção de uma política de inclusão econômica e social interna por parte dos governos ao criarem espaços de participação e elevando-os a programas de Estado. O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social faz parte desta nova visão sobre as vantagens de um processo de inclusão social e econômica acelerada, destacou.

Desenvolvimento sustentável
Demonstrando por meio de gráficos um aumento significativo no consumo dos recursos naturais do planeta, ocasionado também pelo crescimento econômico dos países emergentes, o economista e professor da Universidade de São Paulo, Ricardo Abramovay, comemorou alguns avanços, como redução da pobreza, aumento da ecoeficiência e responsabilidade ambiental das corporações.

Apesar disso, Abramovay considerou a desigualdade como o problema central a ser enfrentado. Os padrões de consumo das camadas mais ricas da sociedade e a maneira como eles usam os escassos recursos materiais e energéticos são incompatíveis com um horizonte da supressão da probreza generalizada, afirmou Abramovay, citando como exemplos as disparidades salariais e de concentração da riqueza. Em 1980, 1% da população americana no topo da pirâmide detinha 8% da renda. Em 2010, eles centralizam 23% dessa renda.

O economista mostrou estudos apontando que o século XXI ainda será marcado pelo consumo dos combustíveis fósseis. A nossa responsabilidade sobre estes combustíveis é imensa e o Brasil está contribuindo de maneira importante com produção energias renováveis, como o bioetanol e a energia eólica, avaliou Abramovay, apontando preocupação com o novo Código Florestal e sugerindo que os Conselhos de Desenvolvimento Econômicos e Sociais também se transformem em Conselhos de Desenvolvimento Sustentável.

Texto: Juliano Pilau
Edição: Redação Piratini (51) 3210-4305

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