Encontro regional da Agert em Osório
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Não me surpreendem as palavras de acolhimento do nosso presidente da Associação Gaúcha, da Agert, Roberto Cervo, porque eu estou absolutamente acostumada, nos eventos seqüenciais dos quais participo há tanto tempo, mas agora pela segunda vez como Governadora. Estivemos em Gramado, conhecendo as novas tecnologias e a dimensão ética que elas trazem, e agora, neste encontro, que nos faz voltar com muita alegria aqui a Osório, porque a marca registrada dessa associação é a valorização das pessoas que fizeram a liberdade de expressão e de opinião como a direção do seu trabalho público. Todos os que trabalham na Agert, todos os que já foram dirigentes da Agert, todos os que se encaminham diariamente pela defesa da liberdade estão aqui. Então, é a delicadeza com que recebem na organização sempre primorosa que fazem dos seus eventos, a delicadeza que agora, sem dúvida nenhuma, eu vou dar um jeito de sempre levar comigo. Eu acho que o cerimonial já vai saber: está sempre me alcançando uma caneta, agora eu vou querer que alcancem a minha, que vai lembrar essa delicadeza que eu acabo de receber, assim como esse reconhecimento, que não é comum. Não é normal que façam como fizeram ao nosso Secretário de Comunicação, nosso Porta-Voz, Paulo Fona. Ele enfrentou um desafio imenso, aceitou vir, saído do Planalto Central, com sua vida tranqüila, cachorro em casa, e veio aqui enfrentar o desafio de ser Porta-Voz de um Governo que tinha enormes enfrentamentos pela frente, e sabia disso. Então, essa delicadeza com que homenagearam o Paulo Fona, eu quero fazer parte dela. Eu quero fazer o reconhecimento de todo um ano de muita bravura e muita coragem do Paulo em ser Porta-Voz de um governo de mudanças, Porta-Voz de um Governo que coloca uma nova forma de fazer governo e que demora para ser compreendida, demora para ser percebida, sem dúvida. É com grande alegria também que estamos ao lado do deputado Alceu Moreira, que vai nos acompanhar neste ano como chefe do Poder Legislativo, e nós, chefe do Poder Executivo, com esta capacidade que a região, e principalmente Osório, conhecem, de quando toma alguma coisa a fazer pela frente, se segurem os que estão do lado. Ele vai buscar fazer, com ouvidoria. Ele não faz exatamente aquilo que se propôs a fazer, tanto é que o projeto que apresentou aqui - ele já apresentou a nós – é de transformar também a Assembléia Legislativa num fórum permanente de debates, através do projeto Sociedade Convergente. Eu espero fortes emoções e o compartilhamento de um ritmo de fazer as mudanças que são necessárias e cada vez as novas surgem sem a gente as ter programado. Então, prazer em estarmos juntos aqui, nesse evento da Agert, assim como também ao Prefeito Municipal de Osório, Romildo Bolzan Jr. Eu, todo dia, pergunto se eu posso ou não ir com o helicóptero. E, de vez em quando, eu marco o dia e não consigo ir, porque o tempo não permitiu. Mas aqui eles diziam: “Vais encontrar a característica que permite esse imenso crescimento aqui de Osório”, que é lindo de ver hoje, pelo vento, que é o Parque Eólico. Eu acho que, depois, os senhores vão fazer uma visita ali ao centro institucional, ao museu que eles acabaram de montar e eu mostrava a praça. Quem sabe que é temporário na ação pública que está desenvolvendo faz questão de plantar símbolos. E, quando a gente está aqui, a gente vê de longe a bandeirinha, o bandeirão de Osório naquela praça, e eu tive a oportunidade de vir aqui num momento muito especial. Dizia o nosso presidente da CEEE, que estava me relatando na viagem de avião: “Alguém já te disse que notou que não falta luz no litoral no verão?”. No primeiro ano, dentre muitos, ele disse “sim”. A população reconhece que vai ser o meu futuro Secretário Geral de Governo. Segunda-feira toma posse no Palácio Piratini. E eu dizia a ele: “Olha o poder simbólico que o Prefeito Romildo colocou nessa praça. Tem ali o número de mastros igual ao número de municípios emancipados”. Então, toda vez que tem uma solenidade, ele compartilha com os filhos, já que é Osório mãe, município mãe dos outros, ele compartilha a possibilidade de eles terem as suas bandeiras hasteadas aqui também. É como eu digo: “É forte, mas é de uma delicadeza política que não é muito comum”. E a praça ficou muito linda, num dia de vento, como hoje, mais ainda, porque a bandeira está retinha. Ela está na direção do vento, retinha, e não cai. É vento Nordeste. Ele vai bater lá na minha casa, a 200 Km daqui, que está num lugarzinho mais ou menos alto, e o Nordeste bate e dá pra sentir, raramente, mas dá, o sabor e o odor da praia. É o presidente da Câmara Municipal nosso anfitrião, vereador Martim Tressoldi. Estamos acompanhados aqui de vários secretários: Secretário Paulo Maciel, de Ciência e Tecnologia; Secretário da Comunicação, Paulo Fona; os outros secretários estão em difusão pelo Estado, levando notícias e ouvindo, para que nós façamos, neste ano de 2008, um ano voltado para a troca de informações e para a comunicação do Governo com todo o nosso povo e com a nossa sociedade. A Sua Excelência Reverendíssima Bispo Diocesano de Osório, Dom Jaime Kohl, que estava logo aqui, também a nos dar as boas-vindas, obrigada. Presidente da Associação dos Municípios do Litoral Norte, Roberto Camargo, que é o Prefeito de Cidreira, que também nos recebeu ali na entrada, o de Maquiné, Pedro Baluk, o de Caraá, Nei dos Santos. Também eu vi aqui, para nos acompanhar, e muito me honra, a presença do nosso vereador Adeli Sell, representando a Câmara Municipal de Porto Alegre. A imprensa que nos acompanhou, e, logo ao início, perguntando: “Vai ser uma palestra sobre economia do Rio Grande do Sul?”. Então, a todos que também nos acompanham aqui, cidadãos e cidadãs de Osório, da região e do Rio Grande do Sul, falar da economia do Rio Grande do Sul é poder, pela primeira vez, falar de um pouco, dela que foi responsabilidade do Governo. E, nesse sentido, dizer que nós tivemos um ano de 2007 com uma taxa de crescimento recorde, bem maior do que a média do Brasil, de 7%. Isso por vários fatores, que são “naturais” do Rio Grande do Sul. Quando eu digo “naturais”, eu coloco entre aspas, prefeito, porque, quando o agronegócio pode florescer da maneira como floresceu em 2007, isso já é natural no Rio Grande do Sul. Natural é não ter o agronegócio como locomotiva para a formação do produto, do emprego, do trabalho, da renda, da riqueza, porque fomos prejudicados por algum efeito climático ou por alguma política de cunho nacional. Cunho nacional é taxa de juros, é taxa de câmbio e a carga tributária. Esses são os principais preços de viver no Brasil. No Brasil, nós vivemos com política macroeconômica, determinada por Brasília, que forma a taxa de juros, que nós temos que seguir, no nosso sistema que faz taxa de juros no Rio Grande do Sul, cobra ou paga. É por isso que nós escolhemos manter e valorizar o Banrisul, porque, pela eficiência do Banrisul, seguindo as regras internacionais de Basiléia ou nacionais do Governo Federal, nós podemos ter créditos, financiamentos, com uma taxa de juros que o Banrisul decide. É para ter lucro, mas não é para ter um lucro diferente daquele que a taxa de juros aponta quando diz que aquele crédito, aquele financiamento, é para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, e não para o lucro do Banrisul. Então, a taxa de juros está feita, e, se 2007 foi o que foi, nós podemos conversar e vamos conversar um pouquinho sobre isso, puxado pela locomotiva do agronegócio, se a taxa de juros veio caindo, ela vai parar de cair. A taxa de juros nacional vai dar uma paradinha, pelo cenário internacional, do qual a gente não escapa. No ano de 2007, nós tivemos R$ 5 bilhões de superávit da balança comercial. Nós exportamos R$ 15 bilhões e importamos R$ 10 bilhões. Nós não exportamos apenas para um país da Europa ou para os Estados Unidos, pelo contrário. A nossa dependência dos Estados Unidos não é tão grande quanto é a dependência brasileira dos Estados Unidos, para os fluxos comerciais. Nós já exportamos, em segundo lugar – primeiro para os Estados Unidos –, segundo lugar para a Argentina, terceiro lugar para a China. Essa é uma tendência que o Brasil tem e que o Rio Grande do Sul não vai fugir. Mas, se o que acontece com a crise temporária, esporádica, é ano de eleição nos Estados Unidos, se a crise motivada pelo crédito exagerado imobiliário dos Estados Unidos afetar o todo nacional, o todo mundial, vai afetar também aqui no Rio Grande do Sul. Ninguém mais vive separado, só que o nosso impacto da crise direta dos Estados Unidos é menor do que o impacto direto sobre as finanças nacionais. A gente diversifica mais as nossas exportações. Recebemos o início de projetos de investimento motivados pela segurança jurídica que nós demos para que esses investimentos pudessem vir. E segurança jurídica, hoje, para qualquer investimento, começa com licenciamento ambiental – e vocês sabem muito bem o que isso significa, quando se tenta duplicar o parque eólico. O licenciamento ambiental, dentro das regras, estava represado, assim como estava represado um conjunto de processos que formam o sentido de impunidade ou não na nossa sociedade, que é ali a possibilidade de fazer laudos no Instituto Geral de Perícias, por acidentes ou por homicídios. Estava represado um conjunto imenso de processos ali na Secretaria responsável pelo direito ao consumidor. Enfim, havia uma certa insegurança jurídica, que foi o primeiro item de governo que nós buscamos levantar, derrubar essa barreira. Da maneira mais transparente possível, começamos por dizer o quanto de recursos a gente tinha, o quanto entrava em caixa e quanto a gente podia gastar. Nós fizemos o ajuste fiscal de 2007 de uma maneira não esperada, não acreditada, no cenário nacional, no cenário internacional, e aqui também. Chegou a hora de divulgar esses números. Nós recebemos um Governo Estadual devendo R$ 2, 4 bilhões em relação às receitas que poderia vir a ter. Diminuímos, só com o nosso ajuste, porque o imposto reduziu, a alíquota se reduziu no dia 1° de janeiro. Eu sempre disse: “Imposto a menos, não. Vamos tentar, pelo menos, manter a receita como ela é”. Não. Tivemos redução de receita de R$ 700 milhões num orçamento de R$ 21 bilhões e tivemos que nos adaptar a isso e cortamos em 50% o déficit. Começamos a ajustar o orçamento, que era irreal, ao caixa real. É esta a regra de governo para o ajuste fiscal que nós, desde o primeiro dia, fizemos. Recebemos um orçamento real, em que se esperavam receitas que nós sabíamos que não viriam, e estabelecemos um regime de caixa. Exatamente por causa disso, tivemos o respaldo jurídico e o atendimento pela Assembléia Legislativa de projetos que nos permitem reescalonar as dívidas que a gente tem. E chegamos ao final do ano com metade desse déficit: R$ 1,2 bilhão. Pretendemos em 2008 – isso determina um monte de coisa, Roberto – continuar nesse caminho. Temos um orçamento com déficit de R$ 1,2 bilhão, reduzido à metade. A Justiça, em liminar, me mandou equilibrar as coisas. Não estavam equilibradas. Mas mandaram equilibrar, a gente diz: “Olha, vai vir receita de algum lugar”. E, aí, o orçamento está equilibrado, mas, na verdade, não está. Tem déficit de R$ 1,2 bilhão. Então, o que é que nós vamos fazer no ano de 2008? Continuar o que fizemos no ano de 2007, com essa linguagem que não é visível, a não ser que a gente mostre, como vamos mostrar, em campanhas publicitárias, logo depois do Carnaval. Nós vamos mostrar que nós cortamos o déficit à metade, não houve qualquer conflito em relação ao mundo dos negócios. Negociamos com cada setor, com cada empresa, negociamos com os credores do Governo - não houve conflito, houve negociação. Conflito é sempre em outra área. É na área da política quando pisam o nosso poncho. Aí, dá conflito. Aí, não há como não dar. Então, nós diminuímos para R$ 1,2 bilhão - vamos fazer a mesma coisa. Nós vamos mostrar, no final de fevereiro, que as receitas não entraram. Então, nós só vamos pagar o que tem em caixa. Mas, com os nossos esforços, já que nos foi negada a facilitação de zerar esse desequilíbrio, podendo investir mais, investir em tudo o que o Governo tem que investir – segurança, contratação de brigadiano, policial civil, estrada –, nós vamos diminuir para R$ 600 milhões em 2008, para zerar em 2009. Eu gostaria que eu pudesse fazer isso com mais rapidez, investindo mais. Hoje, por exemplo, eu li na imprensa: os setores ligados a portos fizeram uma manifestação no encontro que tiveram, dizendo que o Governo Estadual tem que investir. Oh, eu também gostaria. Mas vou tirar de onde? O que está escrito no orçamento, além daquela parcela a mais que a liminar da Justiça me fez colocar para equilibrar, é o que nós vamos fazer. É muito pouco, é muito pobre. É muito pobre o orçamento do Estado. O Estado é muito rico. Em todos os olhares que a gente lançar, no campo da política, no campo da sociedade, no campo da economia, o Estado é muito rico. Tanto é que ele era reconhecido, lá em Brasília, como um estado que não precisava de dinheiro. E a disputa que a gente fazia no orçamento federal, com a bancada gaúcha, senadores e deputados, era terrível, eu dizia assim: “Mas nós temos a geografia do maior porto do Brasil”. “Ah, vocês não precisam. Precisa fazer cisterna lá no Nordeste”. Um exemplo. Então, disputar recursos para fazer o Porto de Rio Grande foi muito difícil, foi muito demorado e precisou de critérios. Mas estamos aí, estamos aí com um patamar possível de crescimento econômico muito grande. Nós devemos continuar crescendo mais do que o Brasil. Nós vamos manter uma taxa de crescimento alta, porque estão liberadas as energias para crescer. O Governo do Estado não é mais impedimento para isso. Mas ainda vamos crescer pagando caro por isso. Pagando com mortes nas estradas, por não duplicá-las, demora a duplicar. Que bom seu eu tivesse começado o ano com recursos para poder duplicar. Não vou. O que eu fiz foi terminar a Rota do Sol, 80% da Cide que eu recebo do Governo Federal foi aplicado na Rota do Sol. Graças a isso, a Free-Way se liberou, o Litoral está tendo um vigor diferenciado a partir de Torres, por exemplo, como não tinha há muito tempo. Então, a gente está liberando as energias para as coisas acontecerem. Esses recursos da Cide, que nós aplicamos na Rota do Sol, para terminar e entregar em dezembro, terminamos e entregamos em dezembro, e a expressão de surpresa era enorme, Roberto. “Está entregando!”. Está entregando. Nós não dissemos que íamos entregar? Nós dissemos de onde o dinheiro viria e entregamos. Esses recursos irão para trechos de duplicação fundamentais para a economia, para diminuição da morte nas estradas, para a complementação de estradas - que tem sempre um gargalozinho onde não é possível ficar. Da mesma forma, nós fizemos com a Educação. Nós pedimos a cada secretário, de cada área, que cortasse 30% dos seus gastos. E eu contratualizei com cada secretário em abril: “Vocês vão receber, daqui até o final do ano, mensalmente, para fazer estes projetos, 30% a menos, e não vai entrar no caixa único”. Não entrou. É porque não entrou no caixa único que tem investimento no Porto de Rio Grande, que eu pude usar a Cide para fazer a Rota do Sol, que a Mariza pôde fazer na Educação o seu caminho para, reduzindo custos, melhorar a qualidade do Ensino e a maneira de ter escola não caindo aos pedaços, remodelando 76 escolas que estavam praticamente impossíveis de receber alunos. Se não entrou no caixa único, quando chega ao final do mês cai. E falta para quê? Para pagar os salários naquele dia. Então, só se pagavam salários antes porque se tomava emprestado de cada organização do Estado, ia para o caixa único e se pagava a conta. Mesmo assim, a conta não conseguia ser paga nos dezembros do 13° - e no último dezembro de 2006 também. A gente vai colocar R$ 25 milhões da Cide na Estrada Capivari-Mostardas, que era um compromisso que nós tínhamos quando, em dezembro, terminasse a nossa obrigação com a Rota do Sol. O exemplo que ele está dando é que, com os recursos da Cide, ele vai parar de prometer ter força política para fazer essa estrada e ele vai ter demonstrado força política para ter feito essa estrada. A mesma coisa entre Bento e Garibaldi. Nós vamos duplicar aquele trecho. Nós vamos repartir aquilo que a gente gastou na Rota do Sol entre diversas estradas, que são chamadas “Estradas do Inferno”. Vamos batalhar em Brasília para colocar no PAC da Infra-Estrutura obras que ainda não estão. Foi o que nós fizemos com o Saneamento e conseguimos. Nós criamos uma relação de respeito mútuo com o Governo Federal, que permitiu que o que a gente pedisse, eles dissessem: “Isso eu posso, isso eu não posso”. E, até hoje, o que ele diz que pode, menos a Baltazar – a Baltazar é aquela entrada e saída ali de Porto Alegre –, não porque o presidente do BNDES não queira, ou nem que o Presidente Lula não tenha dito que ia dar. R$ 22 milhões, haja burocracia. E aquela é muito visível, aquilo ali. Então, é o que eu estou dizendo: “Eu vou adiantar”. Eu pedi aos meus secretários um pouquinho de cada um para, até outubro, adiantar os recursos da Baltazar, para terminar a Linha Rápida, tão importante para entrada e saída. A gente vai adiantar, é porque eu tenho que dar para os meus secretários. Eles fizeram uma antecipação, mas, depois de outubro, eu tenho que dar para os meus secretários. O que é que nos espera na economia para 2008? Um céu menos de brigadeiro no cenário internacional. Se parar como está, está muito bom. Mas crescer, eu creio que não vamos crescer tanto quanto crescemos em 2007 livremente no mundo inteiro. Taxa de juros nos Estados Unidos baixando, ela faz o dinheiro entrar no Brasil, que paga uma taxa de juros mais alta. Mas nós temos que ter os projetos menos caros. Tudo que a gente faz sai muito caro, Roberto. Eu sempre disse isso, por exemplo, no caso de contratar, com cada secretário em abril, o quanto eles iam ter e que compromissos eles tinham com a sociedade, fazendo esse compromisso através da Governadora. Nós pedimos a determinados órgãos do Governo Estadual que reduzissem seus custos, para poder reduzir o custo que repassam para a sociedade. Esse é o caso específico, que nós vamos informar. Temos duas reuniões programadas, depois de oito meses de trabalho, para dizer que nós vamos reduzir a taxa que se paga pela Carteira Nacional de Habilitação, expedida pelo Detran. Não é só isso. Todas as ações do Governo Estadual são para fazer mais com menos. Nós temos menos. Nós não temos o que tinham os outros. No entanto, a gente tem que fazer mais. Fazer mais é fazer mais barato e isso significa fazer um governo de gestão. Já estamos fazendo isso na Previdência, já estamos fazendo isso, se viu, nas estradas. Nós fizemos um contrato no Detran e eu quero que se investigue, mas não atropelando. Eu quero que se investigue o contrato que nós fizemos e que, quando eu contratei os secretários da área para dizer que o Detran devia diminuir, no mínimo em 10% o preço da Carteira Nacional de Habilitação, dois, três, quatro meses depois, não me lembro quando, se mudou o contrato. Ao mudar o contrato, nós já estamos pagando, desde aquele tempo, três, quatro meses depois, menos para a fundação que está sob investigação. Nós já estamos pagando menos e vamos transferir isso para os usuários do Detran. Por que eu estou falando sobre isso? Porque nós não temos porque mudar a nossa linha, o nosso rumo, e muito menos fechar a porta para qualquer tipo de informação que nos peçam sobre o custo por quilômetro quadrado, Carteira Nacional de Habilitação, tarifa de energia elétrica. Enfim, o nosso Governo tem como decisão política, que modifica a maneira como as pessoas se relacionam na sociedade, total transparência. Caixa único, a cada mês, se dão as contas, se mostra onde gastou e se discute, com a maior liberdade, com a Assembléia. Para a economia brasileira, há um limite, que a economia internacional vai nos dar. A economia internacional pode afetar a economia latino-americana e o nosso parceiro Argentina pode ser que fiquei mais sensível à crise internacional do que nós. Quando dá uma crise lá fora, os países se protegem. Logo se levantam atitudes protecionistas. Nós, Estado exportador, vamos sentir. E, se vamos sentir, vamos tratar de negociar de maneira a isso não nos prejudicar. Então, se o Brasil vai ter um teto um pouquinho mais baixo para crescer, o Rio Grande do Sul vai tentar não ter a mesma repercussão aqui para dentro. Mas nós temos um evento muito importante para acontecer, pela conquista de confiança que o Rio Grande do Sul fez quando vendeu R$ 2, 86 bilhões de ações sem direito a voto no mercado internacional, duplicando o patrimônio do Banrisul. Por que eles comprariam, sem ter direito a voto, um banco estatal em ações? E era o dobro, e não aquelas que já se tinham. É porque foi mostrado que aqui se vai investir. Existe confiança para investir. No porto, nas carnes, nos leites, em metal-mecânica, todo tipo de carne, nós vamos ser um pólo de carne e leite outra vez. Em todo o sistema metal-mecânico, em todo o sistema de ciência e tecnologia e inovação o Rio Grande do Sul é onde muitos investimentos vão vir de fora e é um Estado onde existe um planejamento de investimentos das empresas locais muito forte, significativo, na indústria. É a indústria que cria trabalho, emprego, renda, com imposto, toda essa locomotiva do agronegócio pouco imposto rende aos cofres do Tesouro. Tanto é que a economia cresceu 7% e a arrecadação que nós compensamos com melhoria na forma de arrecadar cresceu 3,5%, metade. Então, a economia pode crescer à vontade pelo agronegócio, que não tem a mesma repercussão no Tesouro Estadual. A gente cresce menos em impostos do que em economia. Para onde é que estão indo esses impostos que a gente arrecada aqui, mas que não são ICMS? Estão indo lá para o Governo Federal. Quanto mais o Rio Grande do Sul crescer, melhor para o Governo Federal. Quer dizer, melhor para todo mundo, mas é muito bom para o Governo Federal. Ele reconhece isso. Tem duas novidades que podem mudar a estrutura da nossa pobreza orçamentária, porque só vivendo lá dentro para saber a diferença entre a pujança do Estado e a pobreza do Governo. A primeira é que o Governo reconhece que a guerra só acaba quando vier a Reforma Tributária. Ele sentiu isso quando perdeu a CPMF. Então, deverá vir um projeto de Reforma Tributária. Demora para implementar? Demora, eu não estou governando só para mim. Claro que eu estou governando para mim. Até estou fazendo modificações no Governo no sentido de poder contar melhor o que a gente está fazendo e a gente apanhar um pouco menos. Eu não sou de Nelson Rodrigues, eu não gosto de apanhar, não. Mas é só se comunicando. Por isso que a Agert, na sua busca de liberdade, desde que ela nasceu – veio lá dos porões da Legalidade – vinha junto a democracia e um projeto de estatização dos meios de comunicação. Nasceu a Agert na defesa da liberdade e nós temos como a coisa mais cara possível para um ser humano. A reforma tributária está vindo como imperiosa para o equilíbrio político e ela traz junto o equilíbrio federativo e eu não conheço estado que mais perca com a atual estrutura tributária do que o Rio Grande do Sul. Nós nos orgulhamos de termos a maior parte das nossas empresas como micro e pequenas, que têm um sistema especial de pagamento de imposto. Pagam menos imposto e é assim que é bom que seja. E, ao mesmo tempo, tudo o que a gente faz a gente exporta. Então, tudo é desonerado. A base de tributação do Rio Grande do Sul é muito pequena. E tem muita gente que não paga. Nós vamos ter que melhorar isso pela Nota Eletrônica. Fizemos convênio ontem com a Nota Eletrônica. Reforma Tributária muda a pobreza orçamentária e, em segundo lugar, algo que a nós pertence. Depois que nós fomos andar o mundo e fechamos o maior negócio bancário de toda a América Latina, de toda a história da América Latina, R$ 2,86 bilhões - o máximo que tinha acontecido era R$ 1 bilhão. Quando nós fechamos esse negócio, pensaram os de Singapura: “Deixa eu olhar para lá”. Estão vindo. Estão vindo para fazer o Porto de Rio Grande. Pensaram os europeus, da carne e do leite: “Espera um pouquinho”. Estão vindo, para fazer carne e leite. Eu espero que venham para fazer trilho de trem e vagão. Não eles fabricando vagão, mas eles nos ajudando a fazer investimento em infra-estrutura. Depois disso, e depois de nós termos proposto um ajuste que estávamos cumprindo, nós ganhamos, porque conquistamos a confiança do Banco Mundial. O que está para acontecer em maio é inédito no Banco Mundial. Quanto mais dizer para nós. É US$ 1 bilhão, o maior empréstimo para reestruturar dívida. O que o Banco Mundial fez com o Governo Federal foi de US$ 600 milhões. Se nós fizermos direitinho um pacto entre nós, eu não dependo do Banco Mundial. Eu já perdi em novembro, uma oportunidade perdida, que vai adiar investimentos, não adianta. Nós vamos fazer o ajuste, mas os investimentos não vão poder ser feitos. É uma outra oportunidade que a gente tem e a gente quer contar com a liberdade de ir e vir, de expressão, de informação, de opinião, para dizer que essa oportunidade era bom a gente não perder. Nós já conversamos com a Assembléia, com o Conselho Político. Do que depende chegarem US$ 500 milhões no dia 15 de maio? Nós sermos inovadores e darmos continuidade a esse fundo de aposentadoria que eu pude fazer com os recursos do Banrisul. Estão na Assembléia dois projetos de lei que tratam da Previdência - um gestor só. Se nós não aprovarmos isso na Assembléia, nós perdemos recursos do INSS e consultorias que o Governo Federal nos dá para a questão da Previdência, então não é para o Banco Mundial. Gestor único é o IPE, é uma comissão tripartite para gerenciar. Gestor único quer dizer Executivo, Legislativo e o Judiciário compartilharem plenos poderes - não é, Alceu? - é uma nova cultura. E esse sistema de Previdência, em que o único gestor vai ser o IPE, em que o único gestor vai ser o IPE com tripartite, é um requerimento do Governo Federal para continuar a nos a enviar os recursos que ele me deu para equilibrar a Previdência. E o outro é criar esse sistema complementar que todos já conhecem: esse fundo que nós criamos através do Banrisul. Então, nada de ideologia no meio, mas nós vamos ter que ter uma compreensão mútua - a sociedade, os três poderes -, para podermos aprovar o que já discutimos há décadas, de maneira a chegar a US$ 500 milhões. E eu, então, levantar a bandeira do Romildo, que é pagar menos dívida. Nós vamos reestruturar a dívida do Rio Grande do Sul. Não há outro Estado que tenha feito isso. Está causando muito ciúme por aí acima, mas o que nós mostramos? A sociedade fez a sua parte, nós cortamos o déficit pela metade. Não estamos investindo nada - R$ 11 milhões no ano passado. Então, estamos fazendo a parte do sofrimento. O Banco Mundial aposta em cima e a gente, que paga 5,5%, além dos 13 de dívida, 18,5% da receita arrecadada no Rio Grande do Sul vai para dívida. O Banco Mundial vai nos permitir fazer um processo de economista, alongar a coisa, pagar menos juros, de modo que nunca passe de 12%. Então, nunca passe de 15% o que a gente tem que pagar de receita, da receita líquida, para a nossa dívida. Eu sei que eu sou uma Governadora economista, por isso me pediram para falar sobre economia gaúcha. Se a linguagem está um pouco hermética, o que eu quero dizer é que eu vim para isso. Já teve Governador de tudo, mas é a primeira vez que tem um Governador economista. Então, eu tenho que fazer aquilo que eu mais sei. E, se nós conquistamos a confiança da maioria da população para fazer isso, nós estamos fazendo. Estamos determinados a fazer, ajudados por municípios muito bons. Hoje, eu assinei um documento para o ministro da Integração e pedi que ele nos mandasse os recursos por Defesa Civil, para evitar os resultados da estiagem que vai nos pegar em janeiro e fevereiro, através da construção de microaçudes. Isso só é possível porque a bancada gaúcha, no Congresso Nacional, e nós batalhamos o ano inteiro e dissemos que o Rio Grande do Sul precisa de água. Antes, só dava para o Nordeste. Agora, nós estamos lá no orçamento do Governo, com direito a receber recursos do orçamento, para fazer a água virar reserva e a gente não sofrer os resultados da estiagem que está aí se preconizando. Não há de ser muito forte, mas se a gente fizer o açude agora, ele dura 25 ou 30 anos. Então, não é para agora. É para colher a água que cai durante três dos cinco anos – a cada cinco anos tem dois ou três de estiagem. Vamos reservar a partir de agora, está todo mundo treinado. Nós capacitamos mais de 400 municípios, produtores de pequeno porte, para levantar a barreira que pega o RS cada vez que o tempo não é a favor. Nós estamos numa trajetória de crescimento sustentável, com segurança jurídica e confiança nacional e internacional. Se a gente não fizer a nossa parte, a economia vai crescer menos. E eu creio que apenas me cabe fazer a nossa parte de Poder Executivo, conversar com toda a liberdade e autonomia com o Poder Legislativo e conversar com os meus órgãos de funções essenciais da Justiça do Executivo, nossa Procuradoria, Defensoria e Ministério Público. Nesse sentido, eu creio que nós vamos mostrar que aquela aparência de gostar de conflito, quem sabe, tome aquele desenho, aquela imagem mais realista em relação à Governadora. Vamos articular as coisas com mais harmonia, mais solidariedade, de modo a fazer da economia do ano de 2008, no Rio Grande do Sul, algo que possa resistir, e bem resistir, aos choques internacionais, quaisquer que eles sejam, já que eu tenho, e afirmo, a confiança, e que nenhum choque nacional, nenhum choque entre poderes, Governo Federal e Governo Estadual, está em curso. Há um respeito mútuo, do qual eu me orgulho de fazer parte e de ter conquistado, junto com toda a sociedade brasileira. O Governo Federal e o Governo Estadual, no que interessa ao Brasil e no que interessa ao Rio Grande do Sul, andam juntos. É claro que pode demorar. Para a Baltazar, eu tenho R$ 22 milhões, mas, se demorar o ressarcimento da Lei Kandir, aí a gente vai ter que chamar a sociedade até Brasília para reivindicar o que nos é merecido. A palavra da Governadora economista está dada no sentido de que a liberação das energias é o nosso foco. Onde se puder investir para fazer com que seja ajudada essa economia, naquilo que compete ao Governo, nós vamos lançar primeiro as duas PPP’s – Parceria Público-privada. Na verdade, é um nome bonito para Governo e economia privada andarem juntos, nós vamos lançar as duas primeiras PPP’s para a duplicação da infra-estrutura do Rio Grande do Sul já na próxima semana ou na semana que vem. Nós estamos indo buscar os recursos onde eles existem, e buscando usar bem os recursos nossos de onde eles estão vindo. Então, a economia deverá ser boa. Eu espero que a política seja mais harmoniosa e que a gente possa ser mais feliz neste ano. Parabéns, Osório. Parabéns, Agert.