Expointer 2004: setor de ovinos avalia benefícios da retenção de matrizes
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A Câmara Setorial da Ovinocultura debateu, nesta quinta-feira (02) pela manhã, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, os resultados de estudo sobre os benefícios da retenção de cordeiras, prática que poderá ampliar o rebanho gaúcho, sustentando a rentabilidade do produtor. O trabalho, realizado por especialistas da Secretaria da Agricultura e Abastecimento (SAA) e Emater, detalha possíveis cenários em que se analisa a relação entre financiamento bancário e a manutenção de reprodutoras. Conforme o assistente técnico estadual da Emater para o setor, Adayr Coimbra Filho, há a necessidade de se criar um projeto no Estado que direcione recursos especificamente para retenção de cordeiras. Seria um programa estadual, com a assistência técnica feita pela Emater, sugeriu. Com base na proposição do assistente, a câmara buscará junto ao Governo Federal e Eestadual, através do Governo do Estado, Ministério da Agricultura e instituições financeiras, a criação de crédito para fomentar esse investimento. A pesquisa realizada por Coimbra Filho em conjunto com o consultor das câmaras setoriais da SAA, João Jardim Silveira, apresenta quatro situações em que o ponto de partida é em todos os casos uma propriedade com quatro carneiros e 200 fêmeas, com valor de R$ 2,60 o quilo do macho e R$ 2,20 o quilo da ovelha. No quarto cenário, os técnicos buscaram demonstrar a correlação entre a posse das matrizes com o financiamento de bancos, em prazo de cinco anos. De acordo com Silveira, o lucro seria obtido a partir do penúltimo ano e ao final o rebanho do exemplo estaria ampliado em 61%. Ele, entretanto, alertou que não é um bom investimento para o produtor descapitalizado, devido ao rendimento anual de R$ 1,2 mil. Coimbra Filho explicou que, à medida que o ovinocultor perceber o favorecimento da retenção, o produtor notará que o seu rebanho foi ampliado, com garantia de vendas futuras sem o sacríficio de fêmeas reprodutoras. O representante do Banrisul na câmara setorial, Joel Cunha, declarou que a instituição não possui linhas de crédito dirigidas para retenção de matrizes. Hoje, o que se tem é o custeio para o produtor manter a sua atividade, destacou. Segundo Cunha, normas do Banco Central, via Conselho Monetário Nacional, impedem a adoção desse procedimento. Para ele, a decisão sobre o tema é política. O presidente da Comissão de Ovinos da Federação da Agricultura (Farsul), Glênio João Prudente, propôs que o segmento examine também a viabilidade de proibir-se o abate de fêmeas com menos de quatro anos, além da venda de matrizes não-tatuadas do Rio Grande do Sul para outros estados como forma de combater a redução do gado ovino em território gaúcho. Atualmente, há 4,5 milhões de cabeças, enquanto que em meados da década de 1980, o rebanho era de R$ 13 milhões. A taxa elevada de abate de fêmeas é resultado da descapitalização de produtores, criticou o dirigente. No encontro, o gerente do Programa Nacional de Sanidade de Caprinos e Ovinos (PNSCO) do Ministério da Agricultura, Marcelo Andrade Mota, relatou as ações do projeto, criado em julho de 2002 com o objetivo de controlar e erradicar doenças nesses rebanhos no país. Mota informou que, no momento, estão sendo consultadas associações de produtores, universidades e organização de pesquisa e extensão rural em relação a alterações na legislação sanitária animal que contempla as duas criações. O Brasil possui o oitavo maior rebanho de ovinos do mundo, com cerca de 24 milhões de animais.