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Faixa Recortes da TVE exibe série de documentários Cinco Sobre Cinco

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A faixa Recortes da TVE passa a apresentar, a partir do dia 03 de agosto, a série do Itaú Cultural Cinco Sobre Cinco Documentários, que reúne obras selecionadas pelo Rumos Cinema e Vídeo. O projeto traz as produções Procura-se Janaína, da psicanalista
Faixa Recortes da TVE exibe série de documentários Cinco Sobre Cinco

A faixa Recortes da TVE passa a apresentar, a partir do dia 03 de agosto, a série do Itaú Cultural Cinco Sobre Cinco Documentários, que reúne obras selecionadas pelo Rumos Cinema e Vídeo. O projeto traz as produções Procura-se Janaína, da psicanalista paulista Miriam Chnaiderman; Margem, da carioca Maya Da-Rin; Eu Vou de Volta, dos pernambucanos Camilo Cavalcante e Cláudio Assis; Histórias de Morar e Demolições, do paulista Andre Costa. Um dos destaques é Diário de Sintra, dirigido por Paula Gaitán, e que irá ao ar no dia 31 de agosto, às 22h30.

Narrada em primeira pessoa, Diário de Sintra é uma espécie de ensaio poético com registros do último ano de vida do cineasta Glauber Rocha, quando o casal e seus dois filhos, Ava Pátria e Erik Rocha, viveram em Portugal. Paula refez a viagem ao país recentemente, 25 anos depois da sua partida com Glauber, já seriamente doente.
O filme revela uma relação impressionista com a imagem, por meio da qual a diretora junta fragmentos de sua memória. Além de imagens inéditas, o filme mostra ainda uma face menos conhecida de Glauber: a sua relação filosófica com a morte.

Eu Vou de Volta, dirigido pelos pernambucanos Camilo Cavalcante e Cláudio Assis, que será exibido em 3 de agosto, às 22h30, mostra duas viagens simultâneas feitas em ônibus clandestinos para registrar histórias da migração nordestina no Brasil. Eles fizeram o percurso de ida e volta de São Paulo a Caruaru, em Pernambuco, e entrevistaram os passageiros e o motorista do ônibus, em busca de suas histórias.

Já no dia 10 de agosto, às 22h30, é exibido Histórias de Morar e Demolições, do documentarista paulista Andre Costa. Ele registra o drama de quatro famílias que terão as suas casas demolidas para dar lugar a um complexo imobiliário. O diretor mergulhou nas lembranças dos moradores e expôs detalhes de suas casas que nunca mais seriam vistos depois da derrubada da estrutura dos imóveis.

No dia 24 de agosto, às 22h30, vai ao ar Margem, da diretora carioca Maya Da-Rin. No documentário, a diretora viajou até a fronteira entre o Brasil, Peru e Colômbia e captou histórias dos povos que compartilham a mesma embarcação em uma viagem pelo Rio Amazonas. O personagem principal é o barco, conta a diretora, que abordou as pessoas em conversas improvisadas, incluindo a câmera como um participante da roda.

Procurei entender como se dão as relações das pessoas em fronteiras, continua a cineasta para contar que vieram à tona assuntos corriqueiros dos moradores da região, como o desmatamento da floresta, a visão que se tem da Amazônia no mundo, como se dá o comércio na região e questões ligadas a um assunto comum por lá: a nacionalidade híbrida. Muitas pessoas têm tripla nacionalidade observa. Elas buscam a chancela dos três países e acabam usufruindo do que cada um oferece de melhor, do ponto de vista de aposentadoria e benefícios.

Procura-se Janaína, da psicanalista paulista Miriam Chnaiderman, vai ao ar em 17 de agosto, às 22h30. É um retrato tocante da busca da diretora por uma garota que marcou época na Febem dos anos 1980. O filme mostra a procura por Janaína, abandonada pela mãe naquela instituição e que, marcada pela dor da separação, desenvolveu padrões de comportamento diferenciados. Com depoimentos de funcionários e psicólogos que trabalharam lá no mesmo período, o documentário é um retrato pungente da busca da diretora pela menina que sensibilizou uma organização talhada pela dureza e hostilidade.

Rumos Cinema e Vídeo
A aposta no documentário como uma forma de representar a realidade brasileira acompanha o Rumos Cinema e Vídeo desde a sua criação, em 1998. De lá para cá, o programa recebeu mais de 1700 inscrições de todo o país, lançou 30 documentários, criou redes de debates e reflexão, formou público, articulou pesquisadores e realizadores e se firmou como um dos mais importantes programas de apoio a esse tipo de produção. Pioneiro, o programa revelou talentos, apoiou nomes mais consagrados e revelou ao país uma infinidade de facetas culturais, religiosas, políticas, musicais e sociais.

Sinopses
Diário de Sintra
Paula Gaitán, Rio de Janeiro, 2007, 54 min
Filme composto de registros do presente e do passado, como fragmentos de filmes Super-8 e fotos realizadas em 1981, época em que Glauber Rocha se encontrava em exílio voluntário, em companhia da família, em Sintra, Portugal. A artista visual e cineasta Paula Gaitán, mulher do diretor, reúne esse material, por ela produzido, e retorna à cidade portuguesa, onde cria imagens em movimento, percepções, fluxos mentais. Sobreposição de tempos, imagens, memória afetiva. Camadas ficcionais, documentais fundidas; camadas da memória superpostas.

Eu Vou de Volta
Camilo Cavalcante e Cláudio Assis, Pernambuco, 2007, 54 min
Duas viagens são realizadas simultaneamente em ônibus clandestinos: a ida de Caruaru (a maior cidade do agreste pernambucano) até São Paulo e a volta de São Paulo a Caruaru. Os fluxos e refluxos desses passageiros migrantes refletem, em suma, as movimentações da vida, as pequenas vitórias e derrotas de cada um, além da vontade de que algo aconteça e mude o que está estagnado.

Histórias de Morar e Demolições
Andre Costa, São Paulo, 2007, 54 min
Quatro famílias paulistanas estão de mudança. Suas casas foram vendidas para um incorporador imobiliário e serão demolidas. Para fixar as histórias guardadas sob esses tetos, os moradores resolvem registrar objetos, cômodos e recantos preferidos, iniciando videografias domésticas ou contratando uma pequena empresa de vídeo.

Margem
Maya Da-Rin, Rio de Janeiro, 2007, 54 min
Durante dois dias e três noites uma embarcação navega lentamente pelo rio Amazonas, partindo da fronteira do Brasil com a Colômbia em direção à cidade peruana de Iquitos. A margem se revela diante da câmera à medida que os passageiros divagam sobre um território de múltiplas feições e em constante transformação.

Procura-se Janaína
Miriam Chnaiderman, São Paulo, 2007, 54 min
Há crianças sem lugar no mundo. São crianças entregues a instituições e que não se desenvolvem nos padrões esperados: não são portadoras de deficiências, mas também não têm um desenvolvimento dito normal. Assim era Janaína, negra, pobre e institucionalizada na Febem dos anos 1980. Ela se debatia no berço e se machucava, ficava com a mão espalmada, não falava e não se relacionava com outras crianças. Hoje, duas décadas depois, onde estará Janaína?

Biografias
Andre Costa

Cineasta documentarista, é mestre em arquitetura e urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e professor da Fundação Armando Álvares Penteado e da Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, além de educador e pesquisador em linguagens audiovisuais. Dirigiu documentários com temática social, cultural e educativa. É um dos coordenadores do grupo de produção e pesquisa audiovisual Olhar Periférico, pelo qual realizou oficinas de linguagem videográfica e coordenou projetos sociais em educação audiovisual.

Camilo Cavalcante
Nasceu em Recife, tem 32 anos e atua há dez anos na área audiovisual. Formou-se em jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco. Em 1996, participou de uma oficina de roteiro cinematográfico na Escola Internacional de Cine y TV de San Antonio de Los Baños, Cuba. Realizou 12 trabalhos, entre vídeos e filmes, pelos quais recebeu mais de 60 prêmios em festivais de audiovisual. Prepara-se para realizar seu primeiro longa-metragem, A História da Eternidade.

Cláudio Assis
Nasceu em Caruaru, Pernambuco. Dirigiu os curtas-metragens Henrique (1987), Soneto do Desmantelo Blue (1993) e Texas Hotel (1999), pelos quais recebeu diversos prêmios em festivais nacionais. Atuou como diretor de produção em Baile Perfumado (1997), grande vencedor do Festival de Brasília. Dirigiu os longas Amarelo Manga, melhor filme no Festival de Brasília, em 2002, e Baixio das Bestas, em 2007.

Maya Da-Rin
Nasceu no Rio de Janeiro em 1979. Trabalha na área audiovisual desde 1997, tendo participado de diversos filmes de curta e longa metragens como assistente de direção. Em 2002, dirigiu o documentário E Agora, José?, contemplado pelo Rumos Itaú Cultural Cinema e Vídeo e selecionado para diversos festivais. Atualmente trabalha no roteiro do curta-metragem Mascarada.

Miriam Chnaiderman
Psicanalista ligada ao Departamento de Psicanálise do Sedes Sapientiae, São Paulo. É mestre em comunicação e semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e doutora em artes pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Seus ensaios e artigos sobre psicanálise, cinema e teatro são freqüentemente publicados em jornais e revistas.

Paula Gaitán
A colombiana naturalizada brasileira Paula Gaitán desenvolve atividades voltadas às artes (áudio) visuais desde a década de 1980. Ela é designer, cenógrafa, figurinista, artista plástica, fotógrafa, curadora e cineasta. Costuma trabalhar com uma variedade de formatos que vão do Super 8, passam pelo 16mm e 35mm chegam ao vídeo digital.

Seu longa-metragem Uaká (1988) foi extensivamente premiado em Festivais como os de DAmiens, Brasília e Bogotá. Na década de 1990, Paula produziu 30 documentários pela Divisão Audiovisual do Ministério de Cultura da Colômbia, que foram exibidos em mostras, festivais e Televisão. Recentemente realizou 4 programas de Televisão no Canal Brasil: Cinema e Pensamento, foi jurada de Festivais nacionais e internacionais e expôs seus vídeos e fotografias em diversas exposições.

Texto: Anahy Metz
Foto: Divulgação
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305

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