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Índios guarani que estudaram na rede pública estadual ingressam na universidade

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Orgulho e sensação de dever cumprido. Esses são os sentimentos dos professores da Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental Karaí Nhe´e Katu, em Viamão. O motivo se deve à aprovação de três dos estudantes no Vestibular 2010 da Universidade Federal
Índios guarani que estudaram na rede pública estadual ingressam na universidade

Orgulho e sensação de dever cumprido. Esses são os sentimentos dos professores da Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental Karaí Nhe´e Katu, em Viamão. O motivo se deve à aprovação de três dos estudantes no Vestibular 2010 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), nos cursos de Direito, Medicina e História. Os alunos são os primeiros índios guarani do Estado, que estudaram em escolas públicas e conseguiram aprovação em uma instituição pública de Ensino Superior.

Eloir de Oliveira, 28 anos, que atualmente cursa Direito, Ivanilde da Silva, 24 anos, estudante de História, e Luciana Leopoldino, 21 anos, aluna do curso de Medicina, iniciaram o Ensino Fundamental e estudaram até a 7ª série em escolas municipais. A partir da 8ª série, ingressaram na EEIEF Karaí Nhe´e Katu. O Ensino Médio foi realizado na Escola Estadual Francisco Canquerini, em Viamão, que mantinha turmas na escola indígena, onde os alunos se formaram em 2009.

Para o universitário Eloir de Oliveira, a conclusão da Educação Básica e o ingresso no Ensino Superior marcam nova etapa ao estudante. Esse momento define o alcance de novos saberes, e nos proporciona conhecimentos para uma melhor forma de convivência na sociedade e nos forma como indivíduos, explicou.

A diretora da EEIEF Karaí Nhe´e Katu, Marlise Garcia dos Santos, explica sobre o trabalho realizado na escola indígena, que mantêm um currículo adaptado à cultura guarani. Trabalhar com alunos indígenas exige uma grande interação com a comunidade e seus costumes, pois existem várias diferenças entre a cultura não indígena e a indígena, que devem ser adaptadas para facilitar o aprendizado. Acompanhar nossos alunos ingressando em uma universidade pública nos dá o sentimento de missão cumprida, afirmou.

A estudante Luciana Leopoldino faz planos para o futuro, quando estiver formada e exercendo a profissão de médica. Meus colegas da universidade ficam admirados quando falo que, ao concluir a faculdade, pretendo exercer a profissão na minha aldeia, trabalhando em prol da minha comunidade, declarou.

A EEIEF Karaí Nhe´e Katu foi criada em 2001 e conta, atualmente, com cerca de 50 alunos indígenas. No Estado, existem aproximadamente 5,2 mil estudantes matriculados nas 55 escolas estaduais indígenas e cerca de 70 alunos indígenas matriculados em universidades públicas e particulares.

Melhoria nas escolas indígenas
No início de abril, o Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual da Educação (SEC), assinou convênio com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), garantindo cerca de R$ 3 milhões para melhoria na estrutura de cinco escolas estaduais indígenas, localizadas nas reservas kaingang e guarani. As obras beneficiarão cerca de 740 alunos indígenas. Os projetos, elaborados pelo Governo do Estado, estão prontos desde 2007 e aguardavam apenas a recursos do Governo Federal.

Os novos prédios substituirão estruturas que, atualmente, não comportam mais a demanda de matrículas ou, ainda, que apresentam instalações precárias, oriundas da falta de manutenção nas últimas três décadas. As construções irão respeitar pré-requisitos indicados no Projeto Escola Legal, ação que integra o Programa Estruturante Boa Escola para Todos. Serão contempladas as escolas Kaingang Cacique Sy Gre, em Planalto; Mukej, em Tenente Portela; Sepé Tarajú, em Erval Seco; Francisco Kajeró, em Liberato Salzano e Antonio Kasin Mig, em Redentora.

A comunidade indígena no Estado e no Brasil
No Rio Grande do Sul, vivem cerca de 24 mil indígenas, divididos em três etnias que se diferem em língua, costumes e religião: guarani, kaingang e charrua. No Brasil, a população atual é de cerca de 460 mil índios, distribuídos entre 225 sociedades indígenas.

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