Leia íntegra do discurso da governadora sobre o balanço dos 15 meses de governo
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Nesta quinta-feira (17), foi apresentado pela governadora Yeda Crusius o balanço das realizações dos 15 primeiros meses de sua gestão a frente do governo do Estado. A governadora destacou em seu discurso o início de uma nova fase de realizações: Se não tivesse o governo aprimorado com competência as suas políticas públicas, estaríamos assistindo a máquina pública reproduzir e retroalimentar o cenário da crise, que vivíamos já em campo aberto, disse. O ajuste fiscal, uma das marcas da administração, tem ganhado porte, segundo Yeda. O ajuste ganha qualidade, o ajuste é compreendido por toda a burocracia do Estado e por ela auxiliado nas suas metas, ultrapassadas no ano passado em todos os itens que nos propusemos a fazer, como o ajuste. A governadora afirmou também que a expectativa da sua equipe é de chegar a 2009 com a casa em ordem. Confira o discurso da governadora Yeda Crusius na íntegra: Tenho procurado demarcar dois momentos distintos vividos pelo nosso governo. Ao contrário do que muitos imaginam, as duas fases não são distintas e sim têm total ligação. São interdependentes e se sobrepõem. Têm relação de causa e efeito. Não tivesse havido o período corajoso de ajuste das contas – devo mencionar o secretário da Fazenda, Aod Cunha, como aquele que desde o período de campanha disse que nós teríamos que passar por um sério ajuste de contas e que para isso era preciso coragem de um governo inteiro –, pois, se não tivesse havido o período corajoso de ajuste das contas – que ainda não terminou –, até hoje estaríamos esperando na fila para conversar com os organismos financeiros internacionais ou com os responsáveis pelo orçamento da União. Se não tivesse o governo aprimorado com competência as suas políticas públicas, estaríamos assistindo a máquina pública reproduzir e retroalimentar o cenário da crise, que vivíamos já em campo aberto. Tínhamos, claramente, duas opções iniciais: ou criar subterfúgios políticos e simplesmente administrar dia-a-dia o caos, ou colocar o dedo em algumas feridas não cicatrizadas, não curadas e definitivamente arrumar a casa. Assumimos os riscos necessários, pagamos os ônus políticos decorrentes e optamos pela segunda estratégia. Optamos pelo realismo, pela transparência, pelo diálogo franco e aberto trazido de um novo jeito de tratar as coisas, optamos pelo enfrentamento dos desafios que se puseram na nossa frente, na nossa cara. Optamos pelo interesse público! Só que a austeridade nunca foi inimiga da criatividade. Enquanto o governo se organizava para dentro – com foco na diminuição de despesas –, nossa equipe foi instruída a criar, ao mesmo tempo, alternativas que visassem melhorar a gestão lá na ponta do processo governamental. Ou seja, o governo não parou, o governo não precisou parar para que as finanças pudessem ser saneadas, enquanto se fornecia um fluxo continuado, aumentado e qualificado dos serviços necessários que a população nos pedia. As duas fases, então, foram se sobrepondo. Nossa equipe fez um esforço concentrado em favor do ajuste fiscal. Esta foi a melhor notícia de 2007, a decisão política de fazer o ajuste fiscal. Isto é uma boa notícia: a decisão política de fazer cortes que não se manifestassem na forma de perda de serviços, de usar transparência e assumir o ônus político da mesma, de ferir todos os interesses arcaicos presentes até o momento na máquina do Estado. As duas fases foram se sobrepondo e o esforço concentrado em favor do ajuste fiscal, ao mesmo passo e ao mesmo tempo, criou políticas públicas inovadoras e eficientes. Fomos buscar investimentos físicos, investimentos privados, investimentos sociais. Modificamos a própria estrutura da área social, fortalecemos as ações policiais, com o inovador método das barreiras, firmamos parcerias produtivas com as prefeituras e o governo federal. O governo andou no ritmo do Rio Grande. O ritmo do Rio Grande, em 2007, foi pujante. O governo fez isso mesmo tendo que diminuir sua capacidade de investir, mas investindo com o que tinha, terminando obras que esperavam cinco anos, dez anos, trinta anos, trinta e sete anos. Hoje, claramente, o que vemos é uma mudança gradativa de foco. Por que o foco tem mudado? A razão não que o déficit esteja resolvido – porque ele não está totalmente resolvido –, tampouco é que desistimos de fazer o ajuste – porque não desistimos. Pelo contrário o ajuste ganha porte, o ajuste ganha qualidade, o ajuste é compreendido por toda a burocracia do Estado e por ela auxiliado nas suas metas, ultrapassadas no ano passado em todos os itens que nos propusemos a fazer, como o ajuste. Chegaremos a 2009 com a casa em ordem. O que ocorre é que as ações de contenção de despesa e de modernização da gestão já foram incorporadas pela administração pública – não sem um trabalho imenso e uma luta cotidiana pelas mudanças de cultura. Elas já não causam grande dor, embora ainda causem alguma dor, e são vistas com naturalidade, tanto pelos servidores quanto pela imprensa. Esta nova cultura se solidificou. Um novo jeito de governar passou a vigorar. A mudança de foco que agora se dá não acontece porque o governo decidiu alterar seu rumo. Ao contrário! Ela acontece exatamente porque decidimos, com firmeza e coragem, manter a linha de ação que havíamos traçado ainda na campanha eleitoral: arrumar a casa, fazer mais com menos e buscar alternativas para o que o Rio Grande voltasse a crescer de modo sustentado contínuo e, se possível, num compasso superior ao compasso do crescimento da média brasileira. Temos todas as condições de fazer isso. Os resultados é que começam a aparecer agora. E nós comemoramos: é uma virada de página, é um novo momento, é uma nova fase. Não fosse assim, não poderíamos estar mostrando a cada dia os resultados que começamos a colher. Resultados como o porte da Aracruz que significa uma GM, um pólo e mais uma coisa. Quando o investimento da Aracruz estiver completado, nós teremos mais de cem novos em mil novos empregos, 100 mil novos empregos. Há muito tempo esse investimento estava sendo esperado. A maior conquista foi a confiança de que o que era necessário para o modelo da Aracruz implementar no Rio Grande do Sul e que dependesse do governo, de forma transparente, democrática, consultada, nós faríamos. Era esperada há muito tempo a virada de página da metade sul e a virada de metade sul como região de desenvolvimento sobre um solo diferenciado, sobre o qual se pode plantar e colher três vezes mais rápido do que em outras regiões do hemisfério norte, onde as frutas, a uva, o vinho, voltam a depositar ali a sua escolha de produção. Não são apenas as florestadoras e as produções intermediárias das florestadoras, não é apenas a capacitação do agricultor, que não tem medo da tecnologia e nem usa a tecnologia para perpetuar a pobreza, pelo contrário, tudo isso eu pude mostrar na palestra que fiz na ADVB do Rio de Janeiro ontem. Ao nos fazerem perguntas, a gente podia responder que com pouco fizemos o que nos propusemos a fazer, mas ultrapassamos as nossas próprias metas. Não é por menos que o superávit primário tem na sua contabilidade, inclusive o resultado do Banrisul e por ele eu quero começar. Não é o Banrisul como bandeira, é o Banrisul como instrumento de desenvolvimento para todo o estado do Rio Grande do Sul, e nós dissemos: “Dá para dobrar o capital no ciclo de crédito”. Ao fazer isso, eu quero dizer, apenas um subproduto que vem junto com um governo que se propôs a ser um governo de diálogo. Não precisamos batalhar pelas contas da prefeitura. O que aconteceu foi que todas as contas das prefeituras, mais de 450 prefeituras, o Banrisul toma conta, faz um plano de saúde, ajuda a construir habitação para os seus servidores. Acabou um conflito. Assim como este, acabaram vários conflitos, como era o conflito do transporte escolar que agora é lei, tem reserva no orçamento. Pagamos nossas dívidas e tivemos um superávit primário, espantoso. O que é o superávit primário? É aquilo que a gente busca conseguir, o que a gente tem de receita das estatais, das autarquias, da saída da conta do caixa único, para quem faz produto como a Corsan, a CEEE, como a Superintendência do Porto. O superávit permitiu que nós pudéssemos pagar as dívidas. Nós pagamos as dívidas e tivemos déficit. Então, o primário é para manter a palavra e pagar a dívida. Mas a dívida, agora depois deste ano com tudo concluído com o Banco Mundial, vai baixar. O empréstimo deverá ser de U$ 1 bilhão, e com este recurso – que não entra no caixa, como não entrou o recurso do Banrisul, que foi feito para fazer o Fundo de Aposentadoria dos Servidores – nós pudemos mostrar a todos no Brasil e fora do Brasil que o projeto apresenta os seus resultados físicos e intangíveis como este da confiança conquistada. É neste sentido, que eu quero fazer o meu maior agradecimento, a cada agente que acreditou junto conosco de que era possível começar a mostrar os resultados já em 2008. A cada agente da nossa população que acreditou em nós e soube reconhecer que foi um ano muito difícil e que daqui por diante só tende a melhorar. Eu quero dizer a todos os nossos parceiros de todas as organizações que compõem o Estado do Rio Grande do Sul que eu sempre tive esta segurança e quando particularmente me perguntavam da onde sai a minha energia eu dizia: “Do nosso projeto”. O nosso projeto elimina muito mais a frente, elimina para trinta anos. Então, amanhã e depois, as dificuldades que a gente atravessa são parte da luta do cotidiano de cada cidadão, de cada cidadã, como nós somos. Eu sempre disse que quando os resultados começarem a aparecer, nós vamos repetir com fotos, com obras, com realizações. Quando os resultados aparecem, a luta vale a pena! Obrigada.