PIB do RS atinge maior nível da série histórica trimestral, destaca Boletim de Conjuntura
Documento aponta que economia foi impulsionada pelo setor agropecuário, e detalha também alta na arrecadação do ICMS
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O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul cresceu 1,3% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao trimestre anterior e 1,8% na comparação com o mesmo período de 2024, com destaque para o papel da agropecuária, que apresentou forte crescimento (+27,3%) na margem. Com isso, o PIB do Estado atingiu o maior nível da série histórica trimestral, iniciada em 2002.
As informações fazem parte da edição de julho do Boletim de Conjuntura, produzido pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). O documento, apresentado nesta terça-feira (29/7), é assinado pelos pesquisadores Bruno Paim, Liderau Marques Junior, Luciane Franke e Martinho Lazzari.
Apesar desse avanço no primeiro trimestre, a análise dos dados mensais entre março e maio mostra uma reversão da tendência positiva, com retração nos setores da indústria de transformação, comércio varejista ampliado e serviços — interrompendo a trajetória de crescimento dessas atividades observada desde os eventos meteorológicos extremos do ano anterior.
A publicação também aponta que a arrecadação do ICMS no primeiro semestre de 2025 teve crescimento real de 9,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse resultado, no entanto, foi desigual entre os trimestres: de janeiro a março, a alta foi de apenas 0,9%, enquanto entre abril e junho o avanço foi de 19,7%, puxado principalmente pela entrada de recursos do programa Refaz Reconstrução, que arrecadou cerca de R$ 1,44 bilhão até junho.
As exportações do Rio Grande do Sul somaram US$ 9,339 bilhões no primeiro semestre de 2025 – um crescimento de 2,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. A queda nas vendas de produtos agropecuários, especialmente soja em grão (-21,9%), foi compensada pelo aumento das exportações de produtos industriais (+5%).
No mercado de trabalho, os indicadores seguem positivos. Segundo a PNAD Contínua, o número de pessoas ocupadas no Estado chegou a 6,029 milhões no primeiro trimestre de 2025, com estabilidade na comparação com o trimestre anterior e crescimento em relação ao mesmo período de 2024. A taxa de desocupação ficou em 5,3%, a menor para um primeiro trimestre desde 2012. Houve também aumento de 9,1% na massa de rendimentos.
Cenário nacional e internacional
No cenário internacional, o Boletim de Conjuntura aponta que os Estados Unidos apresentaram retração na atividade econômica na comparação com o trimestre anterior (-0,1%). Já a China mostrou desaceleração na margem, enquanto a Área do Euro teve aceleração do crescimento (+0,6%). A Argentina, por sua vez, registrou desaceleração no ritmo de recuperação observado nos trimestres anteriores.
Na economia brasileira, o boletim aponta que o PIB cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao último trimestre de 2024, considerando a série com ajuste sazonal. O desempenho foi impulsionado, principalmente, pela formação bruta de capital fixo. A inflação acumulada em 12 meses atingiu 5,35% em junho, e a taxa Selic foi elevada para 15% ao ano, marcando a sétima alta consecutiva desde setembro de 2024. Para o restante de 2025, as projeções indicam desaceleração do crescimento econômico e aumento da inflação em relação a 2024.
Apesar de alguns resultados positivos, o documento destaca que o cenário econômico ainda apresenta desafios importantes. No contexto internacional, persiste a incerteza em relação à possível aplicação de tarifas de até 50% aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros – medida que impactaria diretamente o Rio Grande do Sul, já que 10,2% das exportações estaduais no primeiro semestre de 2025 tiveram como destino o mercado norte-americano. No âmbito doméstico, a estiagem comprometeu a produção de soja, e os setores da indústria e do comércio registraram queda recente.
Por outro lado, o documento aponta alguns sinais positivos, como o aumento na produção de máquinas agrícolas, a expectativa de crescimento na fabricação de automóveis e a manutenção da trajetória de expansão do emprego e da renda.
Texto: Marcelo Bergter/Ascom SPGG
Edição: Felipe Borges/Secom