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Pó de basalto usado como fertilizante surpreende produtores de mudas no Vale do Caí

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A observação de que um tomateiro plantado em um caminho de britas se desenvolvia bem e produzia mais que outros deu início a uma experiência que está surpreendendo os produtores de mudas de Pareci Novo, no Vale do Caí. Orientados pelo agrônomo da Emater/RS-Ascar Gilnei Galvagni, pelo menos 15 agricultores estão usando pó resultante da britagem do basalto como fertilizante. Os minerais existentes na rocha são os mesmos encontrados em adubos químicos e servem para melhorar as condições nutritivas do solo. A base da experiência é bastante simples: pelo menos um quilo do pó por metro cúbico de substrato usado para o cultivo das mudas de flores, temperos, chás e árvores. “Sabia que teríamos resultados positivos, mas não tão expressivos como os que estamos observando”, comemora Galvagni. Os benefícios a que o técnico se refere podem ser vistos principalmente nas raízes. O sistema radicular se desenvolve mais. Com isso, a planta vai ter melhores condições de absorver os nutrientes e, conseqüentemente, folhas e flores mais fortes, espessas e vistosas. Controle No basalto, o dióxido de silício é um dos elementos químicos encontrados em maior quantidade e é o responsável por esses benefícios. Além disso, contribui para o controle de pragas e doenças. Há 12 anos, Vilmar José Silvestrim é produtor de mudas de flores e folhagens e, a partir de agora, um entusiasta do pó de brita. “Já estou usando em todas as 17 variedades de plantas que produzo porque os resultados são ótimos, as mudas têm mais resistência, são mais sadias, e não é preciso aplicar fungicidas. Também ficam padronizadas, com o mesmo tamanho”, descreve. Já o produtor de mudas de eucalipto Sérgio Lauermann está experimentando o pó em um milhão dos 10 milhões de mudas que produz a cada ano, e a rapidez no desenvolvimento das plantas é evidente. “As que receberam o produto estão maiores e com mais plantas, sem falar na grande quantidade de raízes que apresentam, o que vai facilitar seu rápido desenvolvimento no solo”, afirma. Culturas perenes O objetivo inicial de Galvagni era utilizar o pó de brita em culturas perenes, como a citricultura, tradicional no município. O primeiro passo nesse sentido está sendo dado pelo produtor de mudas citrícas Paulo Fernando Braga. Em três metros de lavoura, foram espalhados três quilos do produto sobre a terra e os resultados logo apareceram, com o surgimento de folhas mais cedo e com mais cor verde e resistência. Ao comparar as raízes das plantas que receberam o complemento com as que não receberam, observa-se a maior diferença, pois o sistema radicular das primeiras é muito mais desenvolvido. Os produtores aguardam, agora, a maior disponibilidade do pó de brita para ampliar o uso. O produto usado na experiência foi obtido gratuitamente em uma empresa de britagem em Montenegro, que já está se preparando para suprir essa demanda e desenvolveu um sistema para aspirar o pó resultante do processo e separá-lo do restante dos subprodutos. O agrônomo da Emater/RS-Ascar explica que o tipo de solo da região é um fator importante para o sucesso obtido. “Aqui, temos um solo de arenito, o que faz com que o basalto atue como complemento. A matéria orgânica abundante existente nos substratos para produção de mudas é um ativador dos princípios do pó de basalto”, diz Gilnei Galvagni. O extensionista esclarece que o pó é um complemento dos adubos já usados nas plantações, e não um substituto.
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