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Polícia Comunitária muda a rotina dos moradores nas periferias de Pelotas e Rio Grande

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PELOTAS, RS, BRASIL, 15.08.14: Polícia Comunitária em Pelotas. Foto: Alina Souza/Palácio Piratini
No bairro Navegantes, um dos mais violentos, o modelo de policiamento baseado na proximidade com a populução atendida aumenta a - Foto: Alina Souza/Especial Palácio Piratini

Há mais de 50 dias, os bairros Navegantes e Balsa, dois dos mais violentos de Pelotas, na Região Sul, vivem momentos de paz. Diariamente, duplas de policiais fazem rondas pelas duas regiões, desempenhando um papel semelhante ao que antigamente se chamava "Pedro e Paulo". No passado, a atuação de dois policiais juntos - o que originou o apelido - ficou consagrada nos bairros de Porto Alegre.

Eles faziam o policiamento das ruas e conheciam os moradores, eram quase compadres. A Polícia Comunitária, projeto implantado pela Secretaria Estadual da Segurança Pública, segue os mesmos moldes.

Um levantamento feito pelo 4º Batalhão de Polícia Militar mostra que, no período de 11 de junho a 4 de agosto, foram feitas mais de 1,6 mil visitas, 145 prisões - incluindo foragidos - e 28 veículos foram recuperados. Atendendo 40% das vilas da cidade, o programa caiu no gosto da população e aumentou a sensação de segurança em Pelotas.

No bairro Navegantes, periferia do município, um buraco no muro lateral da Escola Estadual de Ensino Fundamental Nossa Senhora dos Navegantes ainda chama a atenção de quem passa pela rua. Segundo a diretora, Luciane de Aldeia, ele foi feito por pessoas que, à noite, quando não havia ninguém na escola, usavam o pátio para comércio de drogas.

No bairro vizinho, Balsa, o dono da Lancheria do Serginho também lembra de momentos de tensão. Foi assaltado várias vezes. Por isso, reforçou a porta de entrada e passou a atender os clientes pela grade. Duas histórias que fazem parte do passado.

“Agora eu trabalho com a grade aberta, tenho mais tranquilidade, me sinto mais seguro. Eu, minha família e meus clientes”, diz Sérgio. Já a escola não é mais frequentada por traficantes e o buraco vai ser fechado. “Antes o portão estava sempre trancado com corrente e cadeado. Graças às viaturas da polícia que passam a todo o momento por aqui, os alunos voltaram a usar o pátio da escola e o portão principal fica aberto o dia todo”, conta a diretora.

A receptividade surpreendeu até os policias. “O pessoal faz questão de que a gente pare e chegue na casa deles. Nos fazem convites, inclusive para almoçar com as famílias. No colégio, a diretora e as professoras nos convidam para participar das atividades. A comunidade nos recebeu muito bem”, afirma o soldado Cristiano Santos, integrante do policiamento comunitário.

Em Rio Grande, cidade vizinha a Pelotas, o programa também apresenta resultados. No balneário de Cassino, onde a maioria das casas é de veraneio, 70% das ocorrências eram furtos às residências. Com a polícia comunitária, os furtos foram reduzidos à metade. 

Para Diego Terra, dono de padaria na área, a interação da polícia com a população é a grande vantagem da polícia comunitária: “Eles passam toda a semana. Se a gente percebe alguma atitude suspeita, ligamos e eles vêm. Em menos de três minutos estão fazendo a ronda. Eu me sinto mais seguro”.

Segundo o coordenador do policiamento comunitário em Rio Grande, tenente Rafael Quadros, é uma nova filosofia de trabalho, com integração com a comunidade. Os policiais participam de reuniões mensais com os moradores. “Há uma quebra de paradigma, com os dois lados fazendo a sua parte para que haja uma maior sensação de segurança nos bairros”.

Desde o dia 12 de agosto, quando três novos núcleos foram instalados em Rio Grande, a Polícia Comunitária atende todos os 49 bairros a cidade. “A prevenção está contribuindo para a redução dos delitos e melhorando a qualidade de vida do município”, diz o tenente Rafael.

“Antes a gente vivia intranquilo. Diariamente se ouvia falar de furtos aqui na praia. Desde que a Polícia Comunitária se instalou, os furtos às casas diminuíram. E no caso de alguma ocorrência, o atendimento é rápido”, conta o eletricitário Marino Cougo.

A Polícia Comunitária é realidade em 15 cidades gaúchas com 1,1 milhão de habitantes beneficiados. Até o final do ano, o Estado deve implantar o projeto em outros 11 municípios com mais de 50 mil habitantes, de acordo com secretário estadual da Segurança Pública, Airton Michels.

“Temos resultados concretos. Conseguimos reduzir os índices de criminalidade em todos os territórios onde a Polícia Comunitária atua”, afirma Michels. “Antigamente, comunidades mais distantes, mais carentes, não tinham polícia. Agora elas têm”.

Texto: Nilton Schüller
Edição: Redação Secom

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