Rumos 2015 para o desenvolvimento do Corede Sul
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O vice-governador do Estado, Antonio Hohlfeldt, e o coordenador do Rumos 2015, Rubens Soares de Lima, da Secretaria da Coordenação e Planejamento, apresentaram em Rio Grande, nesta segunda-feira(24), propostas previstas no estudo para promover o desenvolvimento do Corede Sul. Participaram do evento prefeitos da região, vereadores, lideranças setoriais e representantes de universidades e do Corede Sul. Esta foi a terceira das nove reuniões regionais que deverão ocorrer até o final de novembro para a apresentação das propostas previstas pelo maior estudo já realizado pelo governo gaúcho sobre desenvolvimento regional e logística de transportes. Para efeitos de planejamento, os 24 Coredes foram agrupados em nove regiões, reconhecendo e incorporando as semelhanças existentes em termos econômicos, ambientais e sociais. Essa distribuição tem o objetivo de aumentar a eficácia das ações propostas para alavancar o desenvolvimento, respeitando o recorte atual dos Coredes, que são instituições já consolidadas. A Região 5 é formada apenas pelo Corede Sul pela sua especificidade e também em função da estrutura portuária que atende a todo o Estado, por um setor de serviços relevante e um setor agropecuário destacado. O Rumos 2015 aponta que a região tende a aumentar levemente sua participação no PIB estadual, embora o PIB per capita permaneça abaixo da média estadual e ampliem-se as desigualdades na renda, associadas a acelerado aumento da urbanização. Está previsto que, até 2015, o PIB per capita da região passe de R$ 8.711 para R$ 13.106, gerando um crescimento esperado de 50,5% no período. As vantagens competitivas se especializam nos setores de agropecuária e demais indústrias alimentares e serviços. Nesses setores, a taxa de crescimento será mais alta do que a média gaúcha. Para Hohlfeldt, este estudo é um marco importante na construção de uma agenda de planejamento para a região. Estamos chamando os agentes regionais para, junto com o governo do Estado, elaborarmos um conjunto de compromissos para o desenvolvimento da região, esclareceu o vice-governador. A REGIÃO 5:Corede Sul ESTRATÉGIAS PARA A REGIÃO O Rumos 2015 propõe, como visão estratégica para a região, maximizar o potencial gerado pelo Porto de Rio Grande e revitalizar a diversificada base produtiva existente no local. Para tanto, o estudo traçou quatro estratégias: -Assegurar que o Porto de Rio Grande realize integralmente sua função: estratégia visa garantir a competitividade e atração de cargas do Estado e internacionais. O principal objetivo é tornar o Porto do Rio Grande o melhor do sul da costa atlântica da América do Sul. A ampliação e a consolidação das vantagens competitivas do Porto dependem da ampliação de sua área de atuação. -Implementação de novas atividades econômicas relacionadas ao Porto: Propiciar condições à criação de novos empregos na região é um dos objetivos desta estratégia. No setor de construção naval, devem ser propiciadas condições para a criação de 5 mil empregos. No setor de madeiras, acredita-se que o número de empregos diretos e indiretos possa ser de até 21 mil até 2015. Também está entre os objetivos fomentar a instalação de uma planta de celulose na região, para produzir 2 milhões de toneladas ao ano. -Desenvolver o setor terciário da economia com ênfase nos serviços qualificados: O primeiro objetivo é a criação e sustentabilidade de 400 empresas no setor de educação, 500 no de saúde e 17 mil na área comercial e demais serviços. O segundo visa a ampliar de 14% para 20% a participação da mão-de-obra formal mais qualificada no setor terciário de Pelotas até 2015. Entre as ações a serem propostas pelo estudo deve estar a implantação de Casas de Negócios, um único ambiente que centralize toda a informação e os órgãos públicos necessários para a abertura e atração de empreendimentos. -Assegurar a produtividade e competitividade das atividades econômicas já existentes: Esta estratégia busca aumentar a produtividade de arroz em 3,5% ao ano, até 2015, mantendo a mesma área plantada e elevar a taxa de crescimento da área de cultivo de frutas para 5% ao ano, no mesmo período. Um objetivo acessório para que os resultados dessa estratégia sejam efetivos é que frutas e outros produtos alimentícios da região devem ter presença relevante nos mercados de outros Estados, principalmente de sudeste brasileiro. A área cultivada com frutas deveria passar de 14,6 mil hectares para 26,2 mil hectares, a uma taxa de crescimento de 5% ao ano. PERFIL DA REGIÃO A Região Funcional 5 é formada apenas pelo Corede Sul. É a 4ª economia do Estado, ocupando 17% do território. Apesar da diversidade produtiva, está classificada no Rumos 2015 como área Em dificuldades. Apesar de possuir cerca de 8% da população, apenas 6,1% do PIB gaúcho são produzidos nesta região. Trata-se de uma região altamente urbanizada (83% da população), mas com uma estrutura urbana dispersa e fortemente polarizada por Pelotas, que atrai empregos, serviços urbanos, estudantes e serviços de saúde da região e de Coredes adjacentes. Pelotas e Rio Grande somam 70% da população urbana da região e todos os demais municípios têm população urbana menor do que 50 mil habitantes. Perdeu participação econômica e demográfica ao longo do século XX. As causas mais imediatas foram a baixa dinâmica da agricultura e as dificuldades da indústria da região. O setor de serviços tem absorvido os contingentes vindos desses setores, mas não se tem mostrado capaz, por si só, de revitalizar a economia local da forma necessária. A Região se destaca pela estrutura urbana, sendo que cerca de 60% dos seus moradores vivem no chamado Aglomerado Urbano do Sul, que inclui Pelotas, Rio Grande, Capão do Leão, São José do Norte e Arroio Grande. O perfil industrial é diversificado. Além da indústria alimentícia, existem o petroquímico e o de fertilizantes, que estão associados à importação de insumos pelo porto de Rio Grande. Em anos recentes, influenciada pelo desempenho do setor petroquímico, a indústria tem crescido a taxas elevadas. No setor agrícola, que representa 15% do PIB regional, o arroz é dominante, representando 55% do valor de produção agrícola (17% do estado), com crescimento da produtividade (74%), mas rendimento abaixo da média estadual. Em seguida vem o fumo (15%, mas 11% do estado), que também foi o mais dinâmico da região, com 9,7% de crescimento entre 1990 e 2003, com produtividade em crescimento (5,5%) e alto rendimento por hectare. Na produçãod e arroz, a região é a mais eficiente do país. Uma peculiaridade da região, que apresenta pequeno saldo migratório positivo, é a tipologia de seus emigrantes, que se situam nas faixas etárias produtivas (20 a 34 anos) e contam com mais de 12 anos de estudo. Ou seja, a existência de três universidades regionais atrai estudantes, que, uma vez formados, migram para outras regiões. Este é um forte indicador da falta de dinamismo da região. Os grandes pólos regionais (Pelotas e Rio Grande) vêm perdendo população, a favor de Capão do Leão e Herval, que vêm absorvendo o maior crescimento regional. Apenas um terço dos trabalhadores tem carteira assinada, menos do que a média estadual (39,3%) e menos do que em 1991 (39,1%). Nas categorias trabalhadores sem carteira assinada e empregadores e trabalhadores por conta própria, somam-se 167 mil indivíduos, sendo que cerca de 90 mil estão no setor de comércio e outros serviços. Os serviços sociais em educação apresentam-se ligeiramente abaixo da média estadual. O índice de analfabetismo de pessoas acima de 15 anos é dois pontos percentuais acima da média estadual. A distorção série-idade é a mais alta de todas as regiões funcionais, o que significa uma má qualidade de ensino. Apresenta a mais alta taxa de mortalidade infantil do Rio Grande do Sul, e a morte por causas não definidas é a segunda mais alta. Esses fatores indicam precariedade no atendimento da saúde local, embora o número de leitos por 1.000 habitantes (3,62) seja maior que a média estadual (3,19). Em saneamento básico, todos os indicadores estão acima ou na média estadual. Em energia, a região não necessita de ampliação, pois sua rede já supre suas demandas. Os altos consumos concentram-se nas cidades de Pelotas e Rio Grande. A estrutura produtiva regional apóia-se no setor de comércio e serviços, responsável por 12% do estadual, certamente pela polarização que exercem os centros urbanos, Rio Grande e Pelotas, sobre toda a região. A estrutura de transportes converge para Pelotas e Rio Grande, de onde partem ou chegam as principais rotas regionais e estaduais rumo ao porto de Rio Grande. Em relação ao transporte rodoviário, encontra-se na quarta posição de menor eficiência estadual.