Safra de verão: plantio das lavouras de feijão e de milho segue em atraso
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A primeira metade do mês chega ao final com um volume acumulado de chuvas aquém do desejado. Tal cenário começa a preocupar o produtor, pois a falta de uma umidade mais abundante inibe o avanço do plantio de algumas culturas como o feijão e o milho, além de atrasar a finalização do preparo das áreas destinadas à safra de grãos. De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, as pastagens nativas também se ressentem, apresentando um fraco rebrote, e no caso das cultivadas de verão, quando semeadas, uma germinação lenta e desuniforme. A perspectiva de uma primavera e possivelmente um verão sob influencia do fenômeno La Niña põe em alerta os produtores gaúchos, que temem a repetição dos estragos provocados pela falta de chuvas, como o ocorrido durante as safras de 2003/2004 e, principalmente 2004/2005, quando o RS teve uma das maiores frustrações da história. No caso do arroz, os produtores aproveitam os dias de tempo mais seco para acelerarem o preparo das lavouras. Nesta safra, a cultura não deverá enfrentar problemas para voltar a ocupar áreas que deixaram de ser cultivadas ano passado. Embora não se tenha em mãos números definitivos, as primeiras informações indicam que o Estado deverá ocupar novamente cerca de um milhão de hectares com a cultura. A recuperação dos preços, mesmo que ainda defasados em relação há anos anteriores (média cinco anos), é outro fator a influenciar nesse sentido. O feijão está sendo semeado basicamente na região do Médio Alto Uruguai e em microclimas favoráveis, onde tradicionalmente ocorre o plantio do cedo. Nas demais áreas destinadas à lavoura no Estado, há necessidade de ocorrência de precipitações, em razão da baixa umidade do solo necessária para a melhor germinação das sementes. A partir da terceira semana de setembro deverá intensificar-se o plantio da lavoura de feijão no Estado. Mantêm-se fortes indícios de redução de área de plantio no RS, em decorrência, basicamente, dos baixos preços de comercialização das safras anteriores. Além do feijão, o milho é outra cultura em atraso devido à baixa umidade no solo. Se antes foi o frio que retardou o início, agora é a falta de uma umidade no solo que impede um avanço mais efetivo sobre a área a ser plantada. Tomando-se por base a safra passada, quando foi plantado cerca de 1,36 milhão de ha, os produtores já tinham semeado nesta época aproximadamente 320 mil ha. Hoje, segundo estimativas preliminares, a área plantada não ultrapassa os 280 mil ha, algo como 15%. Se considerada a média das últimas cinco safras, o percentual estaria em torno dos 30%. Com a temperatura em elevação, o trigo começa a entrar nas fases críticas de emborrachamento/floração e enchimento de grãos. Até o momento, para a maioria das lavouras de trigo, o déficit hídrico tem evitado a proliferação de doenças fúngicas. Caso se confirmem as precipitações previstas pela meteorologia, que traria a umidade para níveis mais adequados à cultura, é bem provável que as lavouras atinjam uma produtividade média ao redor dos dois mil kg/ha. Número que poderá ser confirmado em fins de setembro, quando a cultura terá passado pelo período mais crítico para a fixação da produtividade. Erva-mate No Vale do Taquari, os períodos de dias de frio ocorridos favoreceram a comercialização da erva pronta, com os valores de vendas oscilando entre R$ 2,50/kg e R$ 3,90/kg, em decorrência da qualidade. A erva entregue nas indústrias está sendo negociada entre R$ 5,30/@ e R$ 5,50/@, vendida na lavoura. Quando entregue na Agroindústria, a variação fica entre R$ 5,80@ e R$ 6,00@. A comercialização da erva-mate ecológica apresenta maior valor, sendo negociada a R$ 6,50/@, para preço líquido, sem qualquer desconto ao produtor. Os ervais se apresentam com boa sanidade, ocorrendo apenas pequenos ataques de ácaros, lagartas e cochonilhas, mas sem danos econômicos. Forrageiras As pastagens de inverno da região da Campanha e Fronteira Oeste começam a reagir, principalmente o azevém, devendo dentro de no máximo 15 a 20 dias apresentar boa oferta de alimento. As pastagens nativas estão iniciando o rebrote, mas como foram muito queimadas pelas geadas, e estão muito pisoteadas, este processo deverá ser lento, devendo apresentarem volume significativo somente daqui a 30 dias. Na região mais central do Estado, continua a recuperação do campo nativo e das pastagens cultivadas. Com o aumento da temperatura aumenta a disponibilidade de alimento para os animais. Em Maçambará, o campo nativo está com pouco volume de alimento e as pastagens cultivadas sofrem com o excesso de lotação. Em Pantano Grande, tanto os campos nativos como os cultivados estão com bom desenvolvimento. Em Agudo, as pastagens cultivadas como aveia preta, cana-de-açúcar, cameron e silagem estão sendo oferecidas ao rebanho. Apicultura O clima com temperaturas amenas e sem chuvas favoreceu ao trabalho das abelhas. Fato que, aliado ao inicio de florada das arvores frutíferas, principalmente as cítricas e rosáceas, além do nabo e algumas nativas como a bracatinga, está proporcionando rápida recuperação dos enxames, aumentado significativamente o movimento das abelhas na busca por polén e néctar. Os apicultores estão realizando alimentação de incentivo à postura da rainha, efetuando a limpeza das colméias e a troca de favos velhos por cera alveolada, Persistem, entretanto, os problemas de mercado, com uma quantidade muita elevada de mel estocada com os produtores, o que pressiona os preços. Na venda por atacado, o mel está cotado a valores que variam de R$ 2,50 a 3,00/kg, enquanto que, ao consumidor o preço varia entre R$ 5 e 6,00/kg.