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Show e inauguração do Museu dos Direitos Humanos do Mercosul abrem Semana da Democracia

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PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 31.03.14: Exposições para a abertura do Museu dos Direitos Humanos do Mercosul, durante a Semana da Democracia. Foto: Alina Souza/Palácio Piratini
Grupo de 145 artistas do Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Equador terão suas obras expostas na abertura do museu - Foto: Alina Souza/Especial Palácio Piratini

Com a exposição “Deus e Sua Obra no Sul da América: a Experiência dos Direitos Humanos Através dos Sentidos”, será inaugurado nesta terça-feira (1º), às 20h, o Museu dos Direitos Humanos do Mercosul - no prédio do Memorial do Rio Grande do Sul, na Praça da Alfândega, em Porto Alegre.

A cerimônia terá a presença do governador Tarso Genro e será precedida de um show musical de Daniel Drexler e Ernesto Fagundes, às 18h30, que abre oficialmente a Semana da Democracia, promovida pelo Governo do Estado. As atividades da Semana começam nesta terça e vão até sábado (5), para marcar a valorização das conquistas da democracia e os 50 anos do golpe militar no país.

No final da tarde desta segunda-feira (31), trabalhadores montavam o palco do show em frente ao prédio histórico, enquanto, do lado de dentro, dezenas de operários e artistas preparavam a primeira exposição do novo museu. Sentada no chão, a artista plástica Liana Strapazzon finalizava com tinta preta, branca e fitas amarelas sua obra “Bloqueio”, representando a ilusão de segurança das pessoas nas faixas de trânsito para pedestres.

Liana integra o grupo de 145 artistas do Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Equador que terão suas obras na exposição de estreia do museu. Seus trabalhos têm por objetivo dar uma visão panorâmica sobre os direitos humanos e explorar todas as formas de materialização da memória pela arte ou documentação histórica.

Inclui fotos, vídeos, pinturas, esculturas, instalações e inúmeros cartazes, cartuns, charges e documentos. Inclusive uma ficha da repressão sobre a então estudante Dilma Roussef, em que é apontada como militante comunista que deveria ser procurada e presa.

Recuperação do passado recente

Diretor do Memorial e Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, e agora também do Museu dos Direitos Humanos do Mercosul, Márcio Tavares explica que a área expositiva do museu ocupará todo o primeiro andar, com cerca de mil metros quadrados.

A decisão de instalá-lo em Porto Alegre ocorreu em 2011, numa reunião de altas autoridades do Mercosul, que escolheu a capital gaúcha em razão das suas tradições de fronteira com os países vizinhos. Também como uma forma de apoiar o processo brasileiro de implantação de políticas de memória e recuperação do passado recente.

O espaço surge, diz Tavares, para ser uma instituição que faz o elo entre as diversas formas de materialização da memória histórica que existe no Mercosul com a visão do passado. Procura verificar o que aconteceu na história, mas com uma visão de que direitos humanos é um conceito em ampliação. “O museu reflete essa contemporaneidade e essa amplitude do conceito de direitos humanos”, ressalta Tavares.

Com essa proposta, o museu vai trabalhar o tema de forma muito eclética e dinâmica, não apenas sob o aspecto da luta dos direitos humanos no período repressivo, das ditaduras, mas tratando também as diversas faces que assumiu essa bandeira na contemporaneidade, como as lutas das mulheres, dos trabalhadores, da comunidade LGBT, contra o racismo, pelo meio ambiente, entre outros.

Projetos educativos

Os meios também são os mais diversificados possíveis, de exposições documentais a exposições artísticas de todos os gêneros. O acervo, as exposições e projetos educativos serão as bases sobre as quais vai funcionar a nova instituição. Muda, desta maneira, radicalmente o perfil do Memorial do Rio Grande do Sul, antes assentado basicamente numa mostra permanente, nas chamadas Linhas de Tempo, sobre os principais eventos da história gaúcha.

Agora, além de um acervo permanente, o museu passa a ter exposições e mostras focadas em outros temas e aspectos que vão explorar ao máximo o acervo documental e artístico que irá abrigar, com a contribuição do Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (Margs).

Para esta nova fase, o prédio histórico dos antigos Correios e Telégrafos recebeu uma reforma, que ainda não foi concluída, com recursos do Estado e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, no valor de R$ 1,5 milhão. Com uma nova verba do PAC das Cidades Históricas, no valor de R$ 4 milhões, o prédio será totalmente climatizado até 2016. O museu funcionará de terças a sextas-feiras, das 10h às 19h, e aos sábados das 12h às 18h. 

Confira a programação:

Dia 01 de abril

18h30 – Apresentação/Show de abertura com Daniel Drexler e Ernesto Fagundes
Local: Palco em frente Memorial do Rio Grande do Sul/Museu dos Direitos Humanos do Mercosul , Praça da Alfândega.

20h – Abertura do Museu dos Direitos Humanos do Mercosul
Local: Memorial do Rio Grande do Sul

Dias 02 e 03 de abril

Conferência internacional – Memória, Direitos Humanos e Reparação: Políticas de Memória, Arquivos e Museus
Local: Arena montada no Memorial do Rio Grande do Sul/Museu dos Direitos Humanos do Mercosul , Praça da Alfândega.

Dia 02

9h – Abertura do evento
Participantes:
Tarso Genro - Governador do Estado do RS
Javier Miranda – Secretário de Direitos Humanos do Uruguai
Victor Abramovich – Secretário-Executivo do Instituto de Políticas em Direitos Humanos do Mercosul (IPPDH-Mercosul)

10h15 – Apresentação do Projeto Guia de Arquivos (IPPDH) - Jorge Vivar

11h – 13h – Painel Gestão de Arquivos e Memória da Repressão.
Palestrantes:
Graciela Jorge (Diretora da Secretaria de Direitos Humanos para o Passado Recente)
Jaime Antunes (Diretor do Arquivo Nacional, Brasil)
Ricardo Brodski (Diretor Museo de La Memória, Chile).

15h – 16h30 – Painel A Memória como Política de Estado.
Palestrantes:
Eduardo Jozami (Diretor Nacional do Centro Cultural de Memória Haroldo Conti, Argentina)
Gilles Gomes (Coordenador da Comissão de Mortos e Desaparecidos da SDH, Brasil)
Elbio Ferrario (Diretor do Museo de La Memória, Uruguai)

Dia 03

10h – 12h – Painel: Linguagens Artísticas e Pedagogia da Memória: Experiências.
Palestrantes:
Gaudêncio Fidélis (Diretor do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Brasil)
Maria José Bunster (Diretora de Exposições do Museo de La Memória, Chile)
Ramón Castillo Inostroza (Curador e Diretor da Faculdade de Artes da Universidad Diego Portales, Chile) 
Cristina Pozzobon (Artista Plástica do Rio Grande do Sul)

14h – 16h30 – Painel: Arquivos Orais e Testemunho.
Palestrantes:
Rejane Penna – Historiógrafa do Arquivo Histórico do RS. Doutora em História, coordenou pesquisas e publicou diversos trabalhos discutindo a utilização das fontes orais na construção histórica e na formação de acervos. É autora do livro “Fontes Orais e Historiografia: novas perspectivas ou falsos avanços”, pela Edipucrs.
Carla Rodeghero – Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisadora dos temas ditadura, anistia, história oral e memória.

18h30 – 20h – Painel: Os Marcos Internacionais da Reparação de Violações de Direitos Humanos.
Palestrantes:
Baltasar Garzón – Jurista espanhol. Responsável pela prisão do ditador Augusto Pinochet na Inglaterra. Atualmente é assessor do Tribunal Penal de Haia.
Mediadora: Juçara Dutra, Secretária de Justiça e Direitos Humanos do RS

Dias 04 a 05 de abril

Diálogos - ¨Do golpe a redemocratização: caminhos do Brasil¨.
Local: Arena montada no Memorial do Rio Grande do Sul/ Museu dos Direitos Humanos do Mercosul, Praça da Alfândega.

Dia 04

10h – 12h – Painel: De Jango ao Golpe.
Palestrantes:
Christopher Goulart – Neto do Presidente João Goulart
Juremir Machado da Silva – Jornalista, cronista e professor da Faculdade de Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do RS.
Maria Celina D’Araújo – Professora de História da Pontifícia Universidade Católica do RJ.
Nadine Borges – Comissão da Verdade RJ. Advogada e Professora na Universidade Federal Fluminense, atualmente faz parte da Comissão Nacional da Verdade. Foi coordenadora da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP).
Pedro Simon – Senador da República e Ex-Governador do Estado do Rio Grande do Sul.
Mediadora: Mecedes Cànepa – Professora Doutora de Ciência Política da UFRGS e Conselheira do Cdes-RS.

14h – 17h – Painel: Ditadura, Democracia e Gênero.
Palestrantes:
Céli Regina Pinto – Professora de História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Integra a Comissão Estadual da Verdade no RS. Desenvolve pesquisa na área de Ciência Política enfatizando temas como o feminismo.
Lilian Celiberti – Uruguaia, ativista dos Direitos Humanos, foi sequestrada junto com seus dois filhos em 1978 durante a Operação Condor.
Lícia Peres – Socióloga. Foi a primeira presidente do Movimento pela Anistia.
Soledad Muñoz – Abogada; Profesora de Derecho Internacional Público (Universidad Nacional de La Plata, UNLP); Miembra del Departamento de Derechos Humanos del Instituto de Relaciones Internacionales, (UNLP); Consultora externa del Instituto Interamericano de Derechos Humanos (IIDH).
Mediadora: Ariane Leitão – Secretária de Estado de Políticas para as Mulheres do RS.

18h – Apresentação de “Guri d’América”: Raul Elwanger

18h30 – 20h – Painel: Terrorismo de Estado
Palestrantes:
Rosa Roisinblit - Ativista argentina pelos direitos humanos e vice-presidente da Associação das Abuelas de Plaza de Mayo
Jimena Vicario - Neta de desaparecidos apropriados pelos militares argentinos
Franklin Martins – Jornalista. Atuou no movimento estudantil e fez parte do MR-8. Em 1969, fez parte da Ação Libertadora Nacional. Foi um dos mentores do sequestro do embaixador americano.
Mediador: Antônio Escostegy Castro – Advogado representante do Conselho Federal da OAB e Conselheiro do Cdes-RS.

Dia 05

10h – 12h – Painel: Ditadura, Resistência e Reparação.
Palestrantes:
Rodrigo Patto Sá Motta – Professor de História da Universidade Federal de Minas Gerais e atual Presidente da Associação Nacional de História (ANPUH)
Caroline Silveira Bauer – Historiadora, Professora de História da Universidade Federal de Pelotas e colunista da Revista Carta Maior. Seus estudos tem ênfase nas ditaduras latinoamericanas e temas correlatos.
Carlos Frederico Guazzelli - Advogado, presidente da Comissão da Verdade do RS
Mediador: Daniel Vieira Sebastiani – Professor de História, Diretor Nacional do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz e Conselheiro do Cdes-RS.

14h – 18h – Painel: Golpe, Ditadura e Movimentos Culturais.
Palestrantes:
Silvio Tendler – Documentarista e cineasta. Conhecido como o cineasta dos “vencidos”.
Luis Augusto Fischer – Escritor e Professor da UFRGS
Nei Lisboa – Músico. Irmão mais novo de Luiz Eurico Tejera Lisbôa, primeiro desaparecido político brasileiro cujo corpo pôde ser localizado, no final dos anos 70.
Nelson Coelho de Castro – Cantor e compositor, vivenciou o cenário musical da época através dos festivais universitários, das Rodas de Som de Carlinhos Hartlieb e de apresentações na noite porto-alegrense.
Edgar Vasquez - Ilustrador, artista gráfico e cartunista.
Mediador: Márcio Tavares – Coordenador do Memorial do RS

18h – Exibição do documentário de Sílvio Tendler

Serão lançados os documentários:
"Os militares que disseram NÃO" - sobre os militares cassados, produzido pelo Projeto Marcas da Memória da Comissão de Anistia e dirigido pelo Sílvio Tendler.
"Por uma questão de justiça: os advogados contra a ditadura", sobre os advogados dos presos políticos, produzido pelo Projeto Marcas da Memória da Comissão de Anistia e também dirigido pelo Sílvio Tendler.

Texto: Ulisses Nenê
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305

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