O baiano Josias Barbosa, 69, funcionário aposentado do Ministério Público Federal, é um dos pacientes que está testando a vacina contra o câncer de próstata, desenvolvida pela Cientec e pelo Hospital de Clínicas e curso de pós-graduação em Cirurgia (doutorado) da Ufrgs. Durante encontro com o secretário da Ciência e Tecnologia, Kalil Sehbe, Josias relatou seu drama pessoal. Segundo ele, um médico de Goiânia - cidade onde reside - disse que seu estágio era terminal e não haveria nenhuma possibilidade de reversão. Ao ouvir uma entrevista do secretário, por meio de uma rede de rádio via satélite, resolveu vir ao Estado e testar o tratamento. O paciente fez questão de procurar o secretário Kalil Sehbe para fazer um agradecimento especial. Além de satisfeito com os resultados de uma pesquisa aplicada desenvolvida por uma empresa incubada na Cientec, fico emocionado em saber que pudemos dar uma esperança de recuperação a um ser humano, disse Kalil. Segundo o médico Fernando Kreutz, diretor da FK Biotecnologia S/A, empresa incubada da Cientec, a estratégia de ataque ao tumor tem como alvo a característica mais traiçoeira do câncer: a sua capacidade de enganar o sistema imunológico. O método consiste em retirar do corpo do paciente uma amostra de tecido cancerígeno e colocá-lo, no laboratório, em contato com substâncias que o levam a crescer e a ganhar uma nova aparência. Depois de 45 dias, o tecido modificado é recolocado no corpo do paciente, com as células cancerígenas mortas, para impedir a evolução do tumor. O câncer de próstata é o mais comum na raça humana e hoje a segunda causa de morte por câncer em homens no Brasil. Cinco pacientes voluntários já foram inoculados e outros quatro estão prontos para receber a vacina. Eles estão numa faixa de idade entre 60 e 70 anos e com o câncer em estágio localmente avançado. Avaliações iniciais mostram que a vacina não é tóxica e vem estabilizando a doença nos pacientes inoculados.