Agricultura de base ecológica é assunto de seminário em Santo Antônio do Palma
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Para tratar de agroecologia e produção orgânica, agricultores, técnicos e lideranças reuniram-se no 1º Seminário Regional do Programa da Agricultura de Base Ecológica, realizado nesta terça-feira (8), no distrito Santa Ana, município de Santo Antônio do Palma.
Os participantes conheceram o Programa Estadual de Agricultura de Base Ecológica (Pabe), os investimentos feitos pela Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR). A extensionista rural do Núcleo de Agroecologia da SDR Emanuelle Magiero salientou que o Programa é uma ferramenta para auxiliar os agricultores, em especial os em fase de transição. Ela também destacou algumas linhas do Programa, como o fomento à transição agroecológica, com financiamento de sementes; o acesso aos produtos ecológicos e logística; a qualificação de agricultores e técnicos e a assistência técnica feita pela Emater/RS-Ascar. No ano de 2012, foram qualificados 754 agricultores de base ecológica e, até junho de 2013, 280 agricultores haviam passado por capacitação nessa área.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo, a agroecologia e a produção orgânica são desenvolvidas em nove municípios, totalizando 64 propriedades. Durante o ano de 2012, no Rio Grande do Sul, a instituição assistiu a 14.147 agricultores de base ecológica, representando 17.661 hectares com produção ecológica ou em transição.
Segundo dados do Censo Agrícola (2006), o Rio Grande do Sul ocupa a terceira posição entre os principais estados produtores de orgânicos. O assistente técnico estadual da Emater/RS-Ascar Ari Henrique Uriartt explicou que a Emater/RS-Ascar já atua no segmento de produção orgânica ou ecológica desde a década de 80, por meio da ação extensionista local, envolvendo agricultores familiares e suas organizações.
Foram apresentadas algumas experiências bem-sucedidas, como a da Escola Estadual de Ensino Fundamental Padre Aleixo, do interior de Ibiraiaras, que desenvolve o Projeto Práticas Integradas à Agropecuária - direcionado para a agroecologia em turno inverso. Neste Projeto, várias ações já foram realizadas junto aos alunos, como cisternas, agroflorestas, estufa, jardinagem, produção de flores, produção de hortaliças e de mudas frutíferas nativas, recuperação de matas ciliares, relógio do corpo humano, entre outras. De acordo com o diretor da escola, Elder Bruscatto, as ações são pensadas com os alunos e muitos levam os projetos para executarem em suas propriedades. Entre as metas, está a produção de alimentos sadios para o produtor e o consumidor, disse.
As outras experiências apresentadas foram da Feira Ecológica, de Sananduva, composta por 15 famílias, e do Grupo Ecológico Santo Antônio, de Santo Antônio do Palma, composto por nove famílias, envolvendo cerca de 50 pessoas.
À tarde, a coordenação do evento dividiu os participantes em três grupos para discutirem os eixos produção, comercialização e organização. Diversos aspectos e sugestões foram levantados, como falta de conhecimento técnico, falta de armazenagem, falta de formação de cooperativa e grupo de agricultores, falta de envolvimento das entidades de classe, a maioria dos produtores está organizada em grupos, há muita desconfiança entre produtores, êxodo rural em especial de jovens do sexo feminino; escolas ensinam linha convencional, mudar a consciência dos consumidores sobre os perigos dos agroquímicos, cursos específicos para técnicos e agricultores, falta de produto, necessidade de subsídios para produtores agroecológicos, facilitar acesso à legalização de agroindústrias, entre outros.
Os seminários, que têm ocorrido em todo o Estado, buscam promover uma ação em nível regional, incentivando a mobilização das comunidades, representantes municipais, sociedade civil, órgãos governamentais e não governamentais envolvidos no processo de transição e consolidação de uma agricultura de base ecológica.
Texto: Vanessa Almeida de Moraes
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305