Ato em Defesa da Saúde do Trabalhador ocorre nesta sexta-feira (27), das 8h às 14h, no Largo Glênio Peres, em Porto Alegre. A finalidade é assinalar o transcurso, neste sábado (28) do Dia Internacional em Memória às Vítimas de Acidentes de Doenças do Trabalho e propor à sociedade uma reflexão sobre o tema. A promoção é do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST), vinculado à Secretaria da Saúde, e do Fórum Sindical de Saúde do Trabalhador. Serão divulgadas as atividades dos sindicatos e dos Centros de Referência ligados à questão, por intermédio da distribuição de fôlderes. Também serão exibidos filmes, com exposição de vivências, culminando com o referido ato e caminhada em Defesa da Saúde dos Trabalhadores e da Seguridade Social. Memória O 28 de abril foi definido para assinalar a causa em memória das vítimas das más condições de trabalho. Foi nesta data, em 1969, que houve uma explosão na mina de Farmington, Virgínia, EUA, onde morreram 78 pessoas. Em 2003, com um movimento iniciado no Canadá e que depois se espalhou por todo o globo, o significado do 28 de abril foi ampliado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que passou a ser definido como o dia oficial da Segurança e Saúde nos locais de trabalho. Mais recentemente, em maio de 2005, o Brasil instituiu, para a mesma data, o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. Dessa forma, fica assinalada o lado negativo do trabalho, o que acidenta, incapacita e mata. Estima-se que, no Brasil, os dados equivalham aos de uma guerra, com 3 mil mortes e 300 mil acidentes anuais. No mundo, conforme a OIT, ocorrem cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho anualmente, além de 160 milhões de casos de doenças ocupacionais. Em um terço dos casos, cada acidente ou doença representa a perda média de quatro dias de trabalho. Essas ocorrências comprometem 4% do PIB mundial, segundo se estima. Índices Francisco Paz, diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde e responsável pelo CRTS da Secretaria da saúde, informa que, no Estado, em 2005, houve 36.608 acidentes típicos de trabalho, 4.653 acidentes de trajeto e 2.598 doenças relacionadas ao trabalho. “Os dados da Dataprev, informa Francisco Paz, dizem respeito apenas aos segurados do Seguro de Acidentes do Trabalho, que representam um terço da população economicamente ativa. Portanto, os números são bem maiores do que apresentam os dados oficiais.” Ainda segundo o diretor do CEVS, o Sistema de Informações em Saúde do Trabalhador mostra que, de janeiro a dezembro de 2006, foram notificados 5.958 agravos relacionados ao trabalho, dos quais 85,1% foram acidentes de trabalho típicos e 14,9% doenças relacionadas ao trabalho. Já o Observatório de Acidentes e Violência, implantado em 23 hospitais gaúchos, notificou 4.827 acidentes de trabalho típicos e 433 acidentes de trajeto, totalizando 18% dos agravos notificados, superando os acidentes de trânsito, que respondem por 16% das notificações daquele centro. No caso, 65% dos trabalhadores envolvidos são celetistas, 24% autônomos, 7% informais e 2% servidores públicos. As partes do corpo mais atingidas são as mãos/punhos, correspondendo a 47% dos casos, com muitos esmagamentos e amputações. “É de se destacar que esses dados não refletem o real perfil epidemiológico da saúde dos trabalhadores no Estado, pois ainda há uma expressiva sub-notificação. Por esse motivo temos todos de nos engajar nessa luta pela prevenção”, finaliza Paz.