Comunicação e Poder na Era da Internet, este foi o tema do segundo debate do Diálogos Globais deste sábado (25), que abordou os desafios da mídia alternativa, do jornalismo independente e da produção livre de informações frente às imposições do poder das mídias tradicionais. Ao lado da secretária de Comunicação e Inclusão Digital (Secom), Vera Spolidoro, os convidados Natália Viana, Cynara Menzes e Franklin Martins protagonizaram um dos debates mais concorridos do último dia do Conexões Globais.

A titular da Secom ressaltou que o projeto Conexões Globais e o processo de Inclusão Digital do Governo do Rio Grande do Sul foi pensado a partir de um tripé. Nós entendemos que o processo de comunicação não é só liberdade de opinião, mas é liberdade de circulação de opinião. Democratizar a informação é democratizar a esfera pública, a nossa vida, ressaltou a secretária.

Conforme o jornalista e ex-ministro da Comunicação Social do Governo Lula, Franklin Martins, o mundo todo está preocupado em saber para onde vai a internet. Os tradicionais donos do poder têm muitos motivos para ficar preocupados, a digitalização da comunicação e da internet provocou uma mudança espetacular na comunicação, justificou, afirmando que esta nova era gerou mudanças no modelo de comunicação e principalmente barateou os custos de produção do conteúdo.

Para a blogueira do Socialista Morena e repórter da Carta Capital, Cynara Menezes, o processo de comunicação iniciou no boca a boca. A internet é a volta do boca a boca, só que de uma forma gigantesca. A rede oferece condições para que qualquer pessoa seja proprietária de um meio de comunicação, não sabemos onde a internet vai chegar, esta resposta ninguém tem, apenas sabemos que ela é uma realidade dinâmica, disse Cynara.

A fundadora da Agência Pública de jornalismo investigativo e colaboradora, no Brasil, da organização Wikileaks, Natalia Viana, lembrou que, no começo de maio, o Governo dos Estados Unidos obteve uma autorização sigilosa da justiça para obter acesso aos telefonemas feitos por jornalistas da agência de notícias.

A maneira como o Governo tratou o Wikileaks, foi o primeiro passo para iniciar o processo de abuso também a outros veículos, afirmou Natalia. O Wikileaks trouxe uma grande virada no jornalismo. É uma ideia muito perigosa e poderosa de fazer jornalismo na era da internet. Se esse tipo de modelo se reproduzir, haverá maior liberdade para as pessoas denunciarem atitudes erradas em Governos, organizações e empresas, destacou.

Liberdade na rede
Outro ponto de convergência entre os debatedores, é a possibilidade de jornalistas independentes poderem, cada vez mais, produzirem informação e denunciarem o poder, garantindo que a rede permaneça livre, principalmente com a universalização da banda larga barata e de qualidade.

Para Vera Spolidoro, o Brasil ainda precisa avançar na universalização da banda larga e integrar a população neste novo processo de circulação das informações. Não é possível que em nosso país ainda haja regiões inteiras às escuras. Nosso governo faz um esforço enorme, é uma luta constante para que cada vez mais gaúchos sejam incluídos no mundo digital. Nós não podemos admitir que apenas 35% dos brasileiros tenham acesso à internet, disse Vera.

Para Franklin Martins, quem tem o poder vai lutar para manter a comunicação concentrada, será contra o Marco Civil da Internet, contra a neutralidade da rede e a banda larga de graça na casa de todo mundo. O ex-ministro ressaltou ainda que banda larga gratuita, na casa de todo mundo, não é favor, assim como a educação pública não foi um favor.

Conexões Globais
O projeto Conexões Globais encerrou as atividades da 2ª edição com o debate Inclusão Digital e Cyber Educação, com a apresentação cultural do Bloco da Laje, entre outras atividades. O evento, que ocorreu durante os dias 23 e 25 de maio na Casa de Cultura Mario Quintana, é uma promoção da Secom, juntamente com a Secretaria de Cultura do RS. Todo conteúdo produzido durante os dias do evento estará disponível no site www.conexoesglobais.com.br .

Texto: Daiane Roldão
Foto: Claudio Fachel/Palácio Piratini
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305