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Economia solidária promove geração de renda e trabalho

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30.03.11 - Gislaine da Silva Souza Trabalhadora da Cooperativa de Trabalho Amigos e Amigas Solidários -COOARLS participante da cooperação Brasil-Uruguai no fornecimento de flexcking
COOARLAS - Foto: Claudio Fachel / Palácio Piratini


A economia solidária se apresenta, nos últimos anos, como inovadora alternativa de geração de trabalho e renda e uma resposta a favor da inclusão social. Compreende uma diversidade de práticas econômicas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, redes de cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário.

Foi através de indicação que Gislaine da Silva Souza, 26 anos, iniciou seu trabalho de coletora, prenseira e também separando o material que chega no galpão de cooperativas. Antes da Cooperativa de Amigos e Amigas Solidárias, de coletadores e recicladores de Canoas (COARLAS), Gislaine já tinha a experiência de dois anos de reciclagem e hoje há três anos na COARLAS é muito feliz com o que faz.

Gislaine diz que cerca de 30 mulheres, mães de família, têm o salário da cooperativa como única fonte de renda para o sustento de si e dos filhos. Eu tenho um filho de sete anos e outro de um ano e oito meses, sou muito feliz com o que faço, e ainda não parei pra pensar como vai ser minha vida daqui pra frente, mas tenho certeza que meu trabalho pode render muitos frutos, recorda. Ela ressalta que nunca sofreu preconceito por sua profissão, mas que muita gente ainda tem curiosidade em saber como é feito o processo de reciclagem. Tenho muito orgulho do que faço, sei que quando o material sai daqui é transformado em muita coisa legal, o principio de muita coisa depende da gente, contou.

1º termo de cooperação internacional

O primeiro termo de cooperação internacional entre empreendimentos solidários deverá ser firmado pelo Brasil e o Uruguai por intermédio do Governo do Estado, através da Secretaria de Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sesampe). O acordo proporcionará o aumento na produção e beneficiamento de rejeitos plásticos, especialmente garrafas PET, posteriormente transformadas em tecidos e manufaturadas.

Nós temos cerca de 2.500 empreendimentos de economia solidária no RS. Com certeza, o RS é o Estado que mais tem evidência pela organização e força dos nossos setores de economia solidária e tem um retrato muito bem visto, não só nacionalmente como internacionalmente, informa o secretário da Sesampe, Maurício Dziedricki. Ele destaca que o Governo do RS já realizou a primeira missão internacional, indo ao Uruguai e que o convênio ainda não foi assinado porque se encontra em processo aduaneiro e burocrático.

RS se destaca no cooperativismo

Pelo sistema de cooperação que será implantado, a Cooperativa de Produção Têxtil de Minas Gerais, que faz a malha a partir do fio de PET, receberá a produção uruguaia para a fabricação de tecidos e repassará seu produto final para as cooperativas gaúchas de costureiras. Depois disso, elas produzirão sacolas ecológicas que serão colocadas no comércio gaúcho visando à substituição dos produtos plásticos. O tecido PET também é utilizado para a produção de roupas, sacolas e outros acessórios e é ambientalmente adequado pelas soluções que apresenta.

Para o secretário da Sesampe, o RS se destaca na questão do cooperativismo, da micro e pequena empresa porque são atividades feitas com patrocinio e capacidade do gaúcho e da gaúcha de sobreviver aos obstáculos. O cooperativismo retrata isso: a união de muitos que pode ultrapassar as barreiras impostas, afirma Dziedricki. As micro e pequenas empresas têm uma participação importante no PIB, representam de 23 a 25% do PIB gaúcho. O Governo propôs a formalização de politicas de estado, patrocinada por muito diálogo e entendimento, e levando resultado imediato aos setores, lembrou.

Além disso, a cooperação Brasil e Uruguai também será incrementada no fornecimento na área de matéria-prima. Uma das deficiências da Cooperativa Industrial Maragata (Coopima - cooperativa Uruguaia) é o recebimento do PET picotado. É o chamado processo de flexcking, que a COARLAS também representada na missão tem condições de realizar, em rede com outras cooperativas do RS.

O coordenador geral da COARLAS, Clovis Eduardo Aguiar da Silva, sócio também da cooperativa do UNISOL Brasil (Central de Cooperativas e Empreendimentos Imobiliários), disse que o primeiro ano da Sesampe já está começando bem. Ela está articulando exatamente com aqueles que foram os atores desde o começo: a economia solidária, disse. Aguiar da Silva lembrou que muita gente ainda não sabe o trabalho de uma cooperativa e o que isto significa para o desenvolvimento do RS.

O que é economia solidária

Compreende-se por economia solidária o conjunto de atividades econômicas de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito, organizadas sob a forma de autogestão.

A economia solidária possui as seguintes características: cooperação, autogestão, dimensão econômica, solidariedade. Considerando essas características, a economia solidária aponta para uma nova lógica de desenvolvimento sustentável com geração de trabalho e distribuição de renda, mediante um crescimento econômico com proteção dos ecossistemas.

Seus resultados econômicos, políticos e culturais são compartilhados pelos participantes, sem distinção de gênero, idade e raça. Implica na reversão da lógica capitalista ao se opor à exploração do trabalho e dos recursos naturais, considerando o ser humano na sua integralidade como sujeito e finalidade da atividade econômica.

Texto: Daiane Roldão da Silva

Foto: Cláudio Fachel

Edição: Palácio Piratini (51)3210-4305

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