Especialistas afirmam que cotação mundial do arroz deve se manter em alta
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Os preços internacionais do arroz deverão se manter elevados por, pelo menos, mais seis anos. A afirmação é de Jeremy Zwinger, consultor de uma trading que atua nos principais países exportadores de arroz. Zwinger fez palestra no Congresso do Arroz nas Américas que segue até esta quinta-feira (24), no Sheraton Hotel, em Porto Alegre. O consultor trouxe a tona um assunto preocupante para os países pobres: o ciclo de alimentos baratos terminou. Conforme Charles Pinto, analista de uma trading americana, o principal motivo da explosão dos preços no mercado internacional foi a quebra da safra na Austrália e Casaquistão em decorrência da seca. Pinto afirma que a crise decorre também das dificuldades com secagem e armazenagem principalmente em países como a Indonésia, que perde entre 10% e 20% da produção com esses problemas estruturais. Para Charles Pinto, a cotação do produto seguirá em alta até setembro, quando entrarão as colheitas da Índia e do Paquistão, países importantes na produção de arroz. Mesmo assim, o mercado se acomodará em patamares altos, bem acima da média histórica. Já o consultor Bob Papanos, da Rice Trader, ressaltou que o auge da crise dos preços iniciou com a proibição indiana das exportações em outubro de 2007. “Nos últimos 15 anos, as indústrias e os governos ignoraram as advertências de especialistas de que poderia faltar alimento no mundo”, disse. Desde a década passada, houve crescimento populacional, mudanças climáticas e perdas de terras aráveis, estagnando a produção orizícola, sem os investimentos necessários em tecnologias para o aumento da produtividade das lavouras. A Ásia, principal consumidora e produtora de arroz no mundo, perdeu 27% das terras agricultáveis e a Índia segue o mesmo caminho. Segundo Papanos, na Ásia o preço do arroz significa estabilidade política e as restrições quanto às exportações são uma estratégia para manter o alimento mais barato possível. E a redução de arroz no mercado internacional já é sentida. Estudos apontam que a oferta de arroz no mundo caiu 10% apenas em 6 meses. Os consultores são unânimes ao afirmar que os países pobres, especialmente os africanos, sofrerão com maior intensidade a falta de alimentos. “Os 40 anos de comida barata terminaram”, finalizou Bob Papanos. O Congresso do Arroz nas Américas foi aberto oficialmente pelo presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Maurício Fischer, na manhã desta quarta-feira.