Governador recebe autores de Vozes de 64
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O governador Germano Rigotto recebeu hoje (1º), para almoço no Palácio Piratini, os escritores Luis Fernando Verissimo e Moacyr Scliar, e o jornalista e também escritor Zuenir Ventura. Os três, mais o jornalista Carlos Heitor Cony, são autores da coleção Vozes de 64, que está sendo lançada nesta quinta-feira em Porto Alegre. A obra junta fatos históricos do golpe que instaurou a ditadura militar no Brasil por 20 anos e textos de ficção alusivos ao tema. O projeto foi idealizado por Scliar, e a edição é da Companhia das Letras.
Verissimo é o autor do título A Mancha, em que narra a história do personagem Rogério, um homem de meia-idade, ex-prisioneiro do regime militar, que, anos depois, ao ver uma mancha no carpete de um imóvel que pretende comprar, descobre casualmente a sala onde fora torturado. Em Mãe Judia, também um volume de ficção, Scliar conta a história de uma mulher que enlouquece depois do sumiço do filho guerrilheiro e conversa com a imagem de Nossa Senhora no hospital onde está internada. Em seus monólogos, ela fala à Virgem Maria sobre seus tormentos religiosos, políticos e psicológicos.
A parte histórica foi dividida entre Zuenir e Cony, que também é jornalista. Zuenir assina Um Voluntário da Pátria, onde lembra o seu estarrecimento ao ficar sabendo do desfecho do golpe. O texto é anunciado pela Companhia das Letras como o primeiro relato do desenrolar da revolução em Brasília, fora os registros oficiais. Zuenir rememora também fatos que precipitaram o golpe militar, como o Comício das Reformas, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em 13 de março de 1964. Entre as cerca de 300 mil pessoas que se aglomeraram ali, estava o próprio Zuenir.
Editoriais
No título assinado por Cony, A Revolução dos Caranguejos, ele recorda a experiência de ter assistido à tomada do Forte de Copacabana, no Rio, com o poeta Carlos Drummond de Andrade. Logo depois, seguiu para a redação do Correio da Manhã e escreveu o primeiro de vários editoriais contra o regime. Seus textos resultaram em pedido de prisão e em processo movidos contra ele pelo então ministro da Guerra, Arthur da Costa e Silva. Mas Cony ressalva que sofreu também o patrulhamento da esquerda, que acusava seus romances de serem alienados.
Participaram do almoço no Palácio Piratini o vice-governador Antonio Hohlfeldt, o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Vieira da Cunha, o secretário-substituto da Cultura, Victor Hugo, o coordenador do Instituto de Artes Cênicas do Rio Grande do Sul, Mauro Soares, a esposa de Zuenir, Mary Ventura, os jornalistas e escritores Walter Galvani e Fabrício Carpinejar, a diretora de teatro Irene Brietzke, as coreógrafas Carlota Albuquerque e Cristina Fragoso, a atriz Renata de Lélis, o compositor Pirisca Greco e a assessora cultural da Assembléia Legislativa, Bernadete Bestane.