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Indústria, comércio e serviços são destaques no desempenho econômico recente do Estado, aponta Boletim de Conjuntura

Setores cresceram em julho e agosto e mercado de trabalho no RS atinge a menor taxa de desocupação na série histórica

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A indústria de transformação e os serviços tiveram duas altas consecutivas em julho e agosto na comparação com os meses imediatamente anteriores, de acordo com a edição de outubro do Boletim de Conjuntura, produzido pelo governo do Estado, por meio do Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). Esses dados reforçam o bom desempenho já observado nos resultados do PIB no segundo trimestre. As vendas do comércio também cresceram nas duas últimas medições mensais, indicando uma possível retomada do setor após registrar retrações nos dois trimestres anteriores.

Conforme as informações do PIB trimestral, no período de abril a junho, a indústria do Rio Grande do Sul manteve trajetória de crescimento, com alta de 0,8% em relação aos três meses anteriores, e de 4,0% frente ao segundo trimestre de 2024. O principal destaque foi a indústria de transformação, que cresceu 2,1% no trimestre, quarta elevação consecutiva nessa base de comparação, e 7,6% na comparação anual — resultado influenciado pelo processo de recuperação que ocorreu após as enchentes de 2024. Em sentido contrário, a atividade de construção apresentou retração de 0,6%, e o setor de eletricidade, gás e saneamento, leve recuo de 0,1%.

O setor de serviços cresceu 0,3% no terceiro trimestre e 2,4% no comparativo anual. As maiores contribuições vieram de transportes, armazenagem e correio (4,8%), outros serviços (3,5%) e comércio (2,6%).

Desempenho da economia gaúcha

Ainda assim, no segundo trimestre do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) registrou queda de 2,7%, tanto em relação ao primeiro trimestre, com ajuste sazonal, como na comparação com o mesmo período de 2024, reflexo principalmente da queda de produção observada na agropecuária devido à estiagem que afetou a safra de soja.

O mercado de trabalho segue como um dos pontos fortes da economia estadual. O número de ocupados chegou a 5,85 milhões de pessoas no segundo trimestre de 2025, aumento de 2,5% em relação ao mesmo trimestre de 2024. A taxa de desocupação caiu para 4,3%, o menor patamar desde o início da série, em 2012. Segundo dados do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram criadas 81.903 vagas formais nos 12 meses encerrados em agosto, com saldos positivos em todas as 28 regiões dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) do Estado.

Na arrecadação, o ICMS apresentou alta real de 1,4% no acumulado até setembro, embora tenha recuado 12,9% no terceiro trimestre, na comparação anual. A redução é atribuída à base elevada de 2024 — quando o consumo aumentou após as enchentes —, à menor entrada de receitas do Programa Refaz Reconstrução e à desaceleração do comércio e da indústria em relação ao ano anterior.

A agropecuária foi o principal fator para a queda do PIB estadual. O setor recuou 21,4% em relação ao trimestre anterior e 23,9% na comparação com o mesmo período de 2024. A produção de soja diminuiu 25,2%, e o preço pago ao produtor pela saca de arroz caiu de uma média de R$ 117 em 2024 para R$ 77 em 2025, chegando a R$ 60 em outubro. Essa redução nos preços deverá levar à diminuição da área plantada de arroz na próxima safra. Outro produto relevante, o trigo, também deve registrar retração na safra de 2025, embora de menor monta. A colheita do cereal ocorre no último trimestre do ano e, em relação a 2024, a área plantada caiu 13,7%. Esse recuo reflete as condições climáticas adversas, a descapitalização dos produtores, a dificuldade de acesso ao crédito e os preços abaixo do esperado.

Nas exportações gaúchas, o valor total alcançou US$ 6,036 bilhões no terceiro trimestre, uma redução de 3,3% frente ao mesmo período de 2024. As vendas de produtos agropecuários caíram 12,7%, enquanto os industriais aumentaram 0,9%. Por destino, houve crescimento de 31,9% nas exportações para a Argentina, impulsionado pelo setor automotivo, e queda para a China, União Europeia e Estados Unidos. No caso deste último, houve queda de 18,1% no trimestre de julho a setembro, devido às novas tarifas de importação.

Cenário nacional e internacional

No cenário nacional, o boletim aponta que a economia brasileira deve crescer 2,16% em 2025, conforme projeção do Boletim Focus, e 2,2% segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou sua estimativa de elevação da economia do Brasil para 2,4%. O ritmo positivo deve ser mantido, mas com moderação da demanda interna no segundo semestre.

A taxa básica de juros (Selic) manteve-se em 15,00% ao ano nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) de julho e setembro de 2025. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses alcançou 5,17% até setembro, enquanto a previsão do Focus para o fechamento de 2025 é de 4,72%.

O mercado de trabalho brasileiro permanece em expansão, com taxa de desocupação de 5,6% no trimestre móvel encerrado em agosto de 2025, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua). O número de ocupados superou 102 milhões de pessoas, e a massa real de rendimentos teve alta de 5,2% em relação ao mesmo período de 2024.

No cenário internacional, o FMI prevê que o PIB mundial cresça 3,2% em 2025, com destaque para os Estados Unidos (2,0%) e a China (4,8%). Apesar da melhora nas projeções, o ambiente global segue marcado por tensões comerciais, negociações sobre as barreiras tarifárias e instabilidade geopolítica em regiões estratégicas.

Essas condições externas e nacionais influenciam o desempenho da economia do Rio Grande do Sul. O avanço da indústria e dos serviços deve sustentar a atividade econômica, enquanto o setor agropecuário enfrenta riscos climáticos e de preços. O boletim ressalta que a previsão do fenômeno La Niña para 2026 pode afetar a próxima safra de verão, em um contexto de queda nos preços agrícolas e endividamento dos produtores rurais.

A edição de outubro de 2025 do Boletim de Conjuntura do DEE tem como autores os pesquisadores Bruno Paim, Liderau Marques Junior, Luciane Franke e Martinho Lazzari.

Texto: Marcelo Bergter/Ascom SPGG
Edição: Secom 

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