Manejo do solo irrigado e tecnologia aplicada garantem maior produtividade no campo
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O avanço tecnológico em áreas de irrigação com emprego de estações agrometeorológicas e sensores de temperatura climática, aliados ao correto manejo do solo e armazenamento de água, vêm garantindo produtividade no campo acima de 30% em relação a áreas de plantios convencionais. O segmento que atua na automação irrigada atingiu crescimento médio anual de 15%.
Atualmente, o Estado disponibiliza tecnologia de ponta e assistência técnica aos produtores para manejo de culturas. Além da inovação em técnicas de gotejamento, localizada ou por aspersão, engenheiros agrônomos estão obtendo alto desempenho em lavouras irrigadas a partir da rotação de culturas. A eficiência no manejo do solo com redução de erosão hídrica e capacidade de infiltração de água nos solos agrícolas degradados estabelece um padrão de rentabilidade no campo.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater Edemar Valdir Streck, que coordena o projeto de Manejo de Recursos Naturais dentro do Programa Estadual de Conservação do Solo e da Água, o manejo do solo garante lucratividade em até 30% com custos de energia e melhor produtividade na lavoura.
Mas a prática tem que estar ajustada ao armazenamento de água, sobretudo em áreas de cultivo e próximo a mananciais (superficiais ou subterrâneos) para se obter ganhos de fertilidade. "Para alcançar resultados positivos, seria a partir de uma escala de 4 e 5 anos, com um mínimo de cobertura de solo aumentando a diversidade de culturas”, explica Streck.
O agrônomo destaca também a implantação de práticas conservacionistas em Unidades de Referência Tecnológica (URTs) em áreas agrícolas dos municípios gaúchos. Para isso, existem plataformas de incentivo e tecnológica como suporte à instalação de sistemas de manejo e cobertura do solo, a partir de linhas de financiamento aos agricultores.
Legislação
A aprovação da lei estadual de irrigação nº 14.328 de 2013 estabeleceu parâmetros, objetivos, diretrizes e instrumentos para a expansão da agricultura irrigada e trouxe a possibilidade do uso e reuso múltiplo da água, de maneira permanente, visando à conservação e a potencialização da produção. Para o secretário da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), Fabrício Vieira Juntolli, representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é preciso um alinhamento mais próximo das políticas empregadas neste segmento. "Precisamos fortalecer as políticas e centralizar as decisões em uma só direção", afirma.
O Programa Estadual de Expansão da Agropecuária Irrigada Mais água, Mais Renda incentiva a expansão das áreas irrigadas no Estado. E a irrigação funciona como o maior seguro agrícola do Estado, garantindo o sucesso da produção primária com sustentabilidade. O programa se justifica pelos seguintes pontos:
• As estiagens no Rio Grande do Sul são a causa de grandes prejuízos aos agropecuaristas.
• Existe um comprometimento do potencial produtivo das lavouras gaúchas, no mínimo em sete a cada dez anos, afetando a produtividade dos grãos e a renda dos produtores.
• No Rio Grande do Sul, a irrigação das culturas possui caráter suplementar. Portanto, as necessidades hídricas situam-se em um intervalo entre 80 a 300 milímetros de lâmina d’água por ciclo.
Programa Segunda Água
Fruto de convênio da Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) com o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA). o Segunda Água tem o objetivo de garantir acesso à água para produção no meio rural pelas famílias em vulnerabilidade social. Desta forma, o programa promove a segurança alimentar e hídrica por meio da construção de cisternas, microaçudes e instalação de sistemas simplificados de irrigação.
O acordo tem valor global de R$ 26,2 milhões e já foram disponibilizados R$ 19,6 milhões. No Rio Grande do Sul, deverão ser beneficiadas 2,7 mil famílias, sendo 1.080 com microaçudes e sistema de irrigação, 540 com microaçudes para piscicultura e 1.080 com cisternas e sistema de irrigação. Do total previsto, já foram concluídos 830 microaçudes, dos quais 492 para irrigação e 329 para piscicultura. Foram entregues 427 kits de irrigação.
Texto: Rodrigo Vizzotto
Edição: Rui Felten/Secom