Mercado de plantas medicinais gaúcho é apresentado em Santa Catarina
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A pesquisadora da Fepagro (Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária) Flávia Charão Marques vai integrar a IV Jornada Catarinense de Plantas Medicinais, promovida pela Universidade do Vale do Itajaí. O evento inicia segunda-feira (15) e vai até quinta-feira (18), com a participação de conferencistas de São Paulo, Brasília, Argentina, além dos especialistas catarinenses. Durante o encontro, a engenheira agrônoma gaúcha vai coordenar uma discussão sobre patentes e direitos autorais de produtos elaborados a base de plantas e apresentar um panorama sobre a produção e o consumo de plantas medicinais e condimentares no Estado. O trabalho de Flávia é resultado de uma análise sobre um levantamento que a Cooperativa de Técnicos do Noroeste do Rio Grande do Sul (Unitec) fez para a Secretaria da Agricultura e Abastecimento em 2002, no qual foram entrevistados agricultores, industriais e consumidores. Os dados apurados apontam que 67% da população gaúcha tem o hábito de tomar chás, sendo que 56% dos consumidores buscam utilizar as infusões justamente em função das propriedades medicinais atribuídas às plantas. Conforme a pesquisadora, a diversidade étnica do Estado - formado por descendentes de europeus, indígenas, africanos e asiáticos - contribui para multiplicar os usos das plantas medicinais e condimentares no cotidiano dos gaúchos e estimula o crescimento do mercado. Um exemplo disso é o uso de chás no chimarrão, que vem aumentado e faz parte hoje do chamado mercado de ervas compostas, considerado promissor. Por outro lado, há um descompasso entre o consumo de plantas medicinais e a produção local, já que 80,6% das matérias-primas provêem de outros Estados ou países, explica a pesquisadora. Atualmente, há cerca de 40 estabelecimentos no Rio Grande do Sul dedicados ao cultivo de plantas medicinais. O destino de quase todos esses produtos é o mercado interno e boa parte é comercializada diretamente com os consumidores nas feiras. Mas são os supermercados os locais favoritos para a compra. Dos consumidores entrevistados durante o levantamento, 63% indicaram essa preferência, enquanto 29% declararam cultivar em casa suas próprias plantas. Apenas 4% indicaram que procuram nas farmácias pelos chás. No mercado de plantas condimentares a situação não é muito diferente, pois 64% população costuma procurar pelos produtos já processados e prontos para o uso nos supermercados. Flávia acredita que as perspectivas do mercado de plantas medicinais e condimentares são positivas, pois os dados analisados demonstram a existência da capacidade do Estado em se tornar auto-suficiente, substituindo de forma gradual os produtos importados por produtos gaúchos. No entanto, para essa meta ser atingida, são necessários investimentos na capacitação técnica e gerencial dos produtores. A maioria deles tem problemas para manter a constância de oferta exigida pelos supermercados e para oferecer produtos nos padrões exigidos pelos órgãos de vigilância sanitária, esclarece a pesquisadora que recomenda a atuação integrada entre as diversas instituições ligadas ao setor para agilizar a superação das dificuldades.