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Mundo em transe, por Cleber Prodanov

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As manifestações populares que tomaram as ruas do país entraram num novo capítulo a partir deste semestre com as mídias sociais sendo utilizadas para a adesão de novos participantes. Na Semana da Pátria, já são inúmeras as comunidades criadas em redes, convocando uma nova chamada de protestos.

No início dos protestos, tivemos a presença em Porto Alegre do sociólogo espanhol Manuel Castels, que chamou a atenção sobre a tendência das sociedades contemporâ-neas de utilizar as novas mídias e suas ferramentas de articulação social nas chamadas redes de descontentamento.

Essa forma global de coesão que tem marcado atividades em diversos países e os atuais eventos que têm agitado a sociedade brasileira são um fenômeno que marca um desejo coletivo por mudanças e avanços em temas de grande impacto social.

Entretanto, entre os vários componentes políticos, econômicos e sociais que movimentam este momento internacional, percebe-se que também está em xeque a dinâmica de nossa sociedade, especialmente das estruturas de poder e de governança. Percebe-se, ainda, que as necessidades dos cidadãos extrapolam as capacidades hoje existentes dos detentores de poder, e os grupos sociais mobilizados por dentro das novas mídias estão pressionando por um mundo inovador.

Essa percepção está sendo seguida de uma prática manifestante e coletiva, que reivindica soluções que tenham uma ação sobre a sociedade em um ritmo mais rápido, diferente e mais qualificado. As redes sociais estão repletas de descontentamentos de vários tipos, que esbarram na dificuldade de obter soluções. Isso funciona como um acelerador da História empurrado por novas ferramentas tecnológicas.

Temos que perceber que está em curso um movimento de alteração paradigmática muito importante da sociedade e da democracia. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg revolucionou a difusão de ideias e trouxe o fim dos monges copistas e o controle do pensamento, a internet e as ferramentas tecnológicas a serviço da sociedade estão decretando uma alteração profunda na percepção do mundo contemporâneo e incidindo em um novo momento de uma prática política.

Devemos perceber que o mundo analógico está perdendo espaço para o mundo digital e que a velocidade imposta neste novo século é diferente da de um passado não muito distante. Assim como as sociedades evoluem tecnologicamente, a democratização do acesso a elas pode criar novas formas de organizar, pressionar, exigir e transformar a sociedade. A dinâmica social coloca em marcha um tempo de renovação e revela um mundo dinâmico e em transformação, temos que perceber e avaliar as aspirações do movimento transformador e dar-lhe respostas.

Cleber Prodanov
Secretário de Estado da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico

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