Produção de leite a pasto e sistema cooperativo atraem pesquisadores cubanos ao Estado
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Uma propriedade que se mantém exclusivamente com produção de leite a pasto, no município de Rolador, e um sistema cooperativo que fortalece pequenos produtores de leite em São Paulo das Missões, foram o foco de uma visita de pesquisadores cubanos à região Noroeste nesta semana. A comitiva, que visitará outras cidades, permanece no Estado até o dia 12 de maio.
A propriedade da família Rocha, que em abril - mês de pouca oferta de pastagens - deve chegar à produção de 23 mil litros de leite, com 40 animais em lactação, chamou a atenção pela organização do sistema produtivo e pela qualidade de vida da família. Temos uma propriedade modesta, mas que garante quantidade suficiente de renda com a produção de leite. No início, o volume produzido era de 30 a 40 litros de leite por dia. Agora, tem vezes que chega a mil, relatou o agricultor José Nelson da Rocha aos visitantes cubanos.
A decisão de produzir apenas leite não foi fácil. Antes produzíamos também grãos, mas nossa área é pequena. São 30 hectares, mas grande parte com mata nativa e riacho. Mas hoje vemos que acertamos na nossa escolha, completou a esposa de José Nelson, agricultora Loiva da Rocha.
Leite a pasto
A produção de leite a pasto chamou a atenção dos visitantes cubanos. É muito importante estar no Brasil, conhecer novas tecnologias e sistemas de produção. Um dos objetivos desta missão, que é resultado de um projeto de cooperação com o Governo do Estado, é justamente conhecer diferentes possibilidades de produção de alimentos, especialmente algumas que possam ser adaptadas a Cuba, afirmou a diretora científica do Instituto de Grãos, Violeta Puldón Padrón.
O médico veterinário Jendry Rodríguez Garcia, especialista em áreas como bioquímica, fisiologia da reprodução e nutrição animal, surpreendeu-se com a qualidade de vida da família. Chamou a atenção a tranquilidade com que vive a família, embora com pouca mão de obra disponível. Eles se organizaram de forma simples e eficiente. Assim como percebe-se o bem-estar dos animais, que têm comida e água à vontade. E, claro, a irrigação aumenta a produtividade.
Para o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar Flávio Joel Baz Fagonde, o diferencial da propriedade está nos benefícios da produção de leite a pasto: baixo custo de produção, menos mão de obra e mais renda.
Cooperativismo
Em São Paulo das Missões, a visita a uma cooperativa de pequenos produtores de leite destacou o fortalecimento dos 549 associados após a inclusão no sistema associativo. Antes fornecíamos isoladamente para grandes empresas de leite. Quando criamos os grupos associativos, melhorou bastante. Diminuiu o valor do frete e aumentou o valor pago pelo leite. Hoje se vê bastante diferença porque o leite é o carro chefe do pequeno produtor, afirmou o presidente da cooperativa, Hilário Stangherlin, que abriu as portas de sua propriedade para que o sistema produtivo fosse conhecido.
O presidente faz o frete coletivo de 28 famílias, com produção média total de 1,3 mil litros leite ao dia, o que oportuniza a comercialização e melhor preço do produto. Só assim há condições de alcançar uma valorização maior e uma melhor qualidade de vida a essas famílias, afirma a gerente adjunta da Emater/RS-Ascar, Neida Frohlich.
Os mais de 500 associados estão divididos em 13 condomínios de leite. Cada grupo tem seu resfriador e um freteiro, relata o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar Diogo Danda. Há dois anos, a média de produção era de 1,1 mil litros leite ao mês, por associado. Atualmente, subiu para 1,5 mil litros.
Comitiva
A comitiva de cubanos permanece no Estado até o dia 12 de maio. Até lá, deve conhecer o trabalho da extensão rural nos municípios de Três Passos, Derrubadas, Tupanciretã, Nova Petrópolis, Nova Bassano, Caxias do Sul e Carlos Barbosa; além da atuação da Fundação de Pesquisa Agropecuária (Fepagro).
Texto: Deise Froelich
Edição: Redação Secom (51) 3210-4305