Projetos selecionados em chamada pública receberão R$ 11 milhões para fortalecer resiliência climática no RS
Iniciativa inédita apoia propostas inovadoras que fortalecem municípios gaúchos afetados por eventos extremos
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As instituições parceiras da chamada Teia de Soluções - Resiliência Climática para o Rio Grande do Sul divulgaram, nesta segunda-feira (6/10), os 15 projetos selecionados com o objetivo de fortalecer a capacidade de resposta aos impactos dos eventos climáticos em diferentes regiões do Estado. Ao todo, serão repassados mais de R$ 11 milhões para ações inovadoras e alinhadas com o conceito de Soluções Baseadas na Natureza (SBN), tendo como foco estratégico atender os municípios costeiros e as áreas impactadas pelas enchentes do ano passado. As propostas terão entre 12 e 24 meses para serem executadas.
A chamada pública é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário, em parceria com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), o Regenera RS, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do RS (Fapergs), vinculada à Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict), além da Fundação Araucária, com apoio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti). O processo recebeu 174 propostas de diferentes setores da sociedade, contemplando ao menos os seguintes desafios: “Adaptação climática em ação: natureza como aliada” e “Ciência para a adaptação climática: desvendando o potencial da natureza.”
Legado e reconstrução
Na definição do diretor-presidente do BRDE, Ranolfo Vieira Júnior, a parceria deixará um legado que vai além da própria implementação de cada projeto. “Estamos resgatando o convívio da sociedade com a natureza. Por anos, ficamos numa disputa por espaços onde todos perderam, quando a solução sempre esteve no mais simples, que é o equilíbrio”, frisou Ranolfo. O aporte dos recursos por parte do banco ao Teia de Soluções é através do Fundo Verde. “É um mecanismo que veio para reforçar nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável da região Sul e, por consequência, do planeta”, acrescentou.
“O Rio Grande do Sul vive um momento de reconstrução e também de transformação. A seleção desses projetos mostra que o Estado está preparado para apoiar soluções inovadoras, conectadas com a realidade das comunidades e com os desafios que o clima impõe. Essa iniciativa representa o esforço conjunto de diversas instituições que acreditam que é possível crescer com sustentabilidade, regenerar territórios e proteger as pessoas. Estamos unindo desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental, e isso consolida o Rio Grande do Sul como referência nacional em ações de adaptação climática”, afirmou o titular da Sedec, Ernani Polo.
A titular da Sict, Simone Stülp, reforça que o edital vem ao encontro das estratégias do governo. “Temos trabalhado, por meio do Plano Rio Grande, uma série de iniciativas e ações em prol da resiliência climática. Estamos nos tornando um Estado referência neste tema e cito aqui o Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática e o Centro de Referência Internacional em Assuntos Relacionados às Mudanças Climáticas (Criec) como outros exemplos, para além deste importante edital.”
Liderado pelo governador Eduardo Leite, o Plano Rio Grande é um programa de Estado criado para proteger a população, reconstruir o Rio Grande do Sul e torná-lo ainda mais forte e resiliente, preparado para o futuro.
A seleção dos 15 projetos no âmbito da chamada pública Teia de Soluções evidencia que o Rio Grande do Sul tem hoje estrutura e articulação institucional para participar de iniciativas inovadoras voltadas à adaptação climática e ao desenvolvimento sustentável. A presença ativa do governo, por meio da Sedec e da Sict, demonstra que o Estado vem fortalecendo sua capacidade técnica e de governança, criando um ambiente favorável à captação de recursos e à implementação de ações baseadas na natureza. A iniciativa também reforça a atuação conjunta entre governos, instituições científicas e sociedade civil na construção de soluções eficazes para enfrentar os impactos das mudanças meteorológicas, especialmente em regiões atingidas por enchentes e eventos extremos nos últimos anos.
Cocriação
A estratégia busca, por meio da conservação e regeneração de ecossistemas, fortalecer a segurança hídrica e a resiliência costeiro-marinha, preparando o território gaúcho para os efeitos de eventos meteorológicos extremos. As iniciativas devem atuar, principalmente, em áreas fortemente impactadas por enchentes, deslizamentos de terra e outros desastres naturais que atingiram o Estado no primeiro semestre de 2024.
Conforme o gerente de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, Emerson Antônio de Oliveira, a chamada pública se caracterizou por um processo de cocriação. “Cada parceiro fez o aporte de recursos, mas igualmente disponibilizou suas equipes técnicas. Há 35 anos que a Fundação Boticário apoia projetos de conservação em todo o país”, comentou. Coube a Oliveira apresentar as soluções selecionadas pela Fundação.
Ao anunciar as cinco propostas selecionadas pelo BRDE, o diretor de Planejamento do banco, Leonardo Busatto, salientou que o Teia de Soluções é a primeira ação através do Fundo Verde no âmbito do Rio Grande do Sul, mas já com um diferencial. “Simboliza muito o que acreditamos como agente fomentador. Conseguimos reunir esforços e visões diferentes para construir projetos de impacto”, destacou Busatto.
O anúncio das soluções indicadas ocorreu no Espaço Multiuso do Instituto Caldeira, em Porto Alegre, e contou também com as participações do diretor-administrativo da Fapergs, Mauro Mastella; da gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Araucária, Fátima Padoan, e da coordenadora do Regenera RS, Manuela Fonseca.
Abaixo as 15 propostas indicadas para apoio pela Teia de Soluções:
Soluções apoiadas pela Fundação Grupo Boticário
- Corredores bioclimáticos Porta de Torres: a solução criará corredores para conectar ecossistemas e ajudar na mitigação e adaptação de espécies humanas e silvestres aos efeitos do clima. Uma estratégia para a Região da Porta de Torres, junto ao Parque Itapeva, para proteger a biodiversidade e promover a resiliência climática.
- Tecendo Estratégias de Adaptação e Resiliência: a iniciativa apoia gestores públicos e técnicos do Rio Grande do Sul (dez municípios da Região Metropolitana) com diagnósticos, capacitações e projetos-piloto para incluir SBN no planejamento urbano. Uma rede de cooperação para fortalecer a resiliência nas cidades.
- Renascer do Rio Grande - sementes do futuro verde: o projeto envolve a produção de mudas, restauração de áreas degradadas e capacita comunidades para prevenir enchentes e regenerar ecossistemas na Bacia Hidrográfica Taquari-Antas. Uma resposta direta aos impactos climáticos com foco em reconstrução e futuro.
Soluções apoiadas pelo BRDE
- SBN: ferramenta de saneamento e resiliência: a iniciativa, em Nova Santa Rita, pretende implantar um sistema piloto que trata o esgoto de forma mais sustentável, com reúso da água no próprio local. A ideia é que essa solução sirva de exemplo para outras cidades da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, mostrando como o saneamento também pode ajudar na adaptação às mudanças do clima.
- Resiliência em comunidade tradicional pesqueira: o projeto, liderado pela Prefeitura de Pelotas, busca reduzir os impactos das inundações na Barra de Pelotas, restaurando ecossistemas costeiros, melhorando habitações e fortalecendo a pesca artesanal, o turismo ecológico e a qualidade de vida local.
- Água e economia circular para revitalizar: a iniciativa visa a melhoria hídrica e vai utilizar a fitorremediação para tratar efluentes em bacias hidrográficas rurais. Utiliza os princípios da economia circular para aproveitar a biomassa produzida.
- Laboratório de resiliência urbana avançado (Lab Rua): a ideia é usar redesenho urbano e SBN para incentivar atores do Programa de Regeneração Urbana da cidade a enfrentar problemas recorrentes da região do Quarto Distrito, em Porto Alegre, como alagamentos, degradação e a vulnerabilidade social.
- Caminhos do rio: o projeto visa implementar infraestruturas verdes nas ruas do bairro Centro, na cidade de Estrela, qualificando o espaço para enfrentar os desafios urbanos e reconectar a população com a história local e o rio que deu origem à cidade.
Soluções apoiadas pela Fapergs e Fundação Araucária
- Restauração ecológica para a resiliência climática: o projeto integra ciência e comunidades para elaborar um plano de restauração no Corredor Ecológico da Quarta Colônia, com base no potencial de regeneração natural e de qualidade dos ecossistemas. A proposta inclui mapear zonas prioritárias para restauração ecológica, colaborando com comunidades rurais e gestores na reconstrução da resiliência climática.
- Sistema de Observação e Monitoramento Ambiental da Lagoa Mirim (Soma-Mirim): sistema integrado de monitoramento ambiental que ajuda gestores públicos e comunidades ribeirinhas a acompanharem, em tempo real, a qualidade da água, do ar e do clima na Lagoa Mirim, gerando alertas e mapas. A solução ajuda na tomada de decisões mais rápidas e conscientes diante das mudanças climáticas.
- CLIMATE-AI-SBN: IA para enfrentamento climático: plataforma educacional que apoia escolas públicas na preparação para os efeitos da crise climática. Traz trilhas de aprendizagem, simulações e planos de ação com base na natureza, tudo alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
- Sistema de alerta de cheias de Jaguarão (SACH-J): sistema integrado que combina monitoramento em tempo real e barreiras móveis de contenção para prevenir cheias em Jaguarão. Auxilia gestores e a comunidade, gerando alertas automáticos e respostas rápidas, protegendo a população e reduzindo danos.
- SBN para resiliência climática na Região Metropolitana: o projeto propõe corredores ecológicos e ações baseadas na natureza para guiar o planejamento metropolitano. Com mapas, índices e cartilhas, apoia gestores e comunidades na tomada de decisões para um futuro mais resiliente.
Soluções apoiadas pelo Regenera RS
- Sementes da vida nova - raiz e resistência: a iniciativa visa apoiar comunidades periféricas de Porto Alegre no enfrentamento da crise climática, por meio da criação de hortas, jardins de chuva, compostagem e espaços públicos.
- Tamanduá caminhos vivos - a força da resiliência: o projeto apoia a reconstrução de uma comunidade do município de Marques de Souza, com envolvimento direto dos moradores, promove a restauração ambiental e oferece oficinas e atividades educativas, reforçando a força coletiva e a resiliência local.
Texto: Ascom BRDE
Edição: Secom