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RS terá lista oficial de animais em extinção

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Os nomes das 261 espécies animais ameaçadas de extinção ou já extintas no Estado estarão disponíveis ao público a partir desta semana. Nesta sexta-feira (14), a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, através da Fundação Zoobotânica do RS, em conjunto com o Museu de Ciências e Tecnologia da PUC-RS e a Pangea - Associação Ambientalista lançam a Lista das Espécies de Fauna Ameaçadas de Extinção no Rio Grande do Sul, contendo a íntegra do decreto estadual que vai possibilitar proteção especial a esses animais. A lista oficial gaúcha baseia-se num trabalho de dois anos, realizado por 43 zoólogos de 19 instituições diferentes, envolvendo 127 pesquisadores colaboradores, sob a coordenação do Museu de Ciências e Tecnologia da PUC-RS. O Rio Grande do Sul é o quinto estado brasileiro a elaborar um documento desse tipo. De acordo com o diretor do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do RS, Eduardo Vélez, que encaminhou a publicação do decreto, uma primeira versão da lista já havia sido apresentada ao público em audiência realizada no dia 5 de dezembro do ano passado. Após algumas alterações, foi aprovada pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) e encaminhada para oficialização através de decreto. A publicação que será lançada no dia 14 busca dar ampla divulgação da lista à sociedade, explica o diretor. Aves em perigo Segundo a pesquisa coordenada pela PUC-RS, o grupo mais ameaçado é o das aves, responsável por 128 das 261 espécies incluídas na lista. Duas espécies desse grupo já estão extintas no Estado, a arara-azul-pequena e a arara maracanã, e oito têm decretada sua provável extinção, o jaó-do-litoral, o falcão-de-peito-vermelho, o gavião-real, o topetinho-vermelho, o uiraçu-falso, o jacu-velho, o gavião-de-penacho e o pixoxó. O zoólogo Glayson Bencke, um dos representantes da Fundação Zoobotânica na pesquisa, explica que a arara-azul-pequena está extinta desde o século XIX, e não apenas no Rio Grande do Sul. As pesquisas indicam que ela não pode mais ser encontrada em nenhum lugar do mundo, nem na natureza, nem em cativeiro. A única forma da geração atual conhecê-la é através de ilustrações ou fotos de exemplares empalhados. A extinção da arara maracanã, outra espécie da lista, ainda é uma incógnita para os pesquisadores. A causa provável de seu desaparecimento foi o desmatamento em larga escala no norte do Estado, seu habitat original. Mas o fato intrigante é que a espécie está extinta também em regiões bem preservadas, como no norte da Argentina, onde antes ocorria em abundância. Mamíferos Até o momento, nenhum mamífero foi declarado como totalmente extinto no Estado, mas existem fortes indícios do desaparecimento da ariranha, que está sendo classificada na lista como provavelmente extinta. Há mais de cem anos não há registro da presença da ariranha no Estado, informa a zoóloga Cibele Indrusiak, da Fundação Zoobotânica. Ela explica que a espécie só não entrou na categoria regionalmente extinto porque não foi feita uma pesquisa exaustiva que embasasse uma afirmação categórica. Outras oito espécies de mamíferos ainda resistem, mas se encontram em estado crítico, com perspectivas de desaparecimento a curto prazo, segundo a lista: o cervo-do-pantanal, o lobo-guará, o veado-bororó-do-sul, o tamanduá-bandeira, o veado-campeiro, a onça-pintada, a anta e o queixada. A destruição de habitats e a caça ilegal são algumas das causas dessa situação, afirma a pesquisadora. Na opinião do zoólogo Glayson Bencke, de todas as espécies criticamente em perigo, algumas certamente serão perdidas, a menos que se façam grandes e urgentes investimentos. Com relação ao cervo-do-pantanal, ele afirma que restam apenas cerca de meia dúzia de exemplares, todos na Bacia do Rio Gravataí. Já a onça-pintada conserva apenas três ou quatro exemplares no Parque do Turvo, no noroeste gaúcho. Está na hora da sociedade gaúcha tomar uma decisão: queremos ter ainda esses animais no Estado? Então temos de tomar medidas urgentes, alerta o pesquisador, que se confessa chocado com o rápido desaparecimento de espécies. Detalhes da pesquisa Os animais ameaçados ou extintos estão divididos em nove grupos: esponjas, moluscos, crustáceos, insetos, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Dentro de cada grupo, as espécies estão divididas em cinco categorias: regionalmente extinta, provavelmente extinta, criticamente em perigo, em perigo e vulnerável. Pelos critérios utilizados, uma espécie é considerada regionalmente extinta quando não há qualquer dúvida razoável de que seu último representante no Estado tenha morrido ou desaparecido. Já a categoria provavelmente extinta é utilizada quando, após exaustivos levantamentos em habitats conhecidos e potenciais, nenhum indivíduo vivo é encontrado. Listas buscam diminuir ritmo de extinções Segundo estudos citados na publicação a ser lançada dia 14, estima-se que durante o século XX a taxa de extinção de espécies tenha sido 100 vezes maior do que a que existia antes do aparecimento do homem. Na tentativa de diminuir esse ritmo de extinções, desde 1966, várias iniciativas internacionais passaram a identificar as espécies em maior risco de desaparecimento, elaborando as chamadas listas vermelhas, com o objetivo de estabelecer prioridades para ações de pesquisa e conservação. Projeto Livro Vermelho A elaboração da lista gaúcha faz parte de uma empreitada maior: o Projeto Livro Vermelho, coordenado pelo Museu de Ciências e Tecnologia da PUC-RS. O projeto tem como objetivo, além de identificar as espécies em risco, apontar as principais ameaças a que elas estão sujeitas e indicar ações para a sua conservação, gerenciando as informações através de uma base de dados permanentemente atualizável. Além da lista, o projeto prevê a elaboração de um livro sobre o assunto, o Livro Vermelho, cujo lançamento está previsto para este ano.
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