Sociedade tem direito de ser ouvida, diz Sartori em embarque ao Japão
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O governador José Ivo Sartori embarcou no final da tarde desta sexta-feira (2) para Tóquio, no Japão, onde cumprirá as primeiras agendas da missão gaúcha ao país nipônico. Minutos antes de decolar, Sartori atendeu veículos de comunicação que acompanham a viagem no aeroporto Salgado Filho, oportunidade em que reiterou sua defesa pela realização de plebiscito para definir o futuro da CEEE, CRM e Sulgás ainda neste ano. "A sociedade gaúcha tem o direito de ser ouvida sobre o futuro que queremos para o Rio Grande do Sul", afirmou o governador.
Sartori também disse estar atento à situação dos municípios gaúchos afetados pelo recente volume de chuvas, destacando que o vice-governador José Paulo Cairolli conduz o tema com extrema prioridade. "O atendimento às famílias atingidas está sendo feito de forma imediata. Recebemos equipes da Defesa Civil no Palácio e seguimos monitorando tudo com muita atenção. Também cabe ressaltar a solidariedade do povo gaúcho, que com muita união tem feito doações e ajudado de forma voluntária", salientou.
Para o governador, a agenda internacional é propositiva, pela troca de experiências nas áreas tecnológica e ambiental, além de reuniões com bancos e empresários. Entre os compromissos, Sartori destacou o convite do Iwata Shinkin Bank para palestrar a 250 lideranças japonesas, de micro, pequenas e médias empresas. "É mais uma oportunidade de destacar a presença do nosso estado no cenário econômico internacional. Queremos chamar a atenção de investidores, fortalecer e proporcionar parcerias", pontuou. Também faz parte da agenda a promoção do carvão gaúcho, em encontros com o governo japonês e empresas do setor de energia. O roteiro inclui as províncias de Tóquio, Shizuoka (Hamamatsu) e Shiga (Otsu).
Acompanham o governador, os secretários de Planejamento, Governança e Gestão, Carlos Búrigo; Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Márcio Biolchi; Comunicação, Cleber Benvegnú; Minas e Energia, Artur Lemos; e Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Ana Pellini; parlamentares; o presidente eleito da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry; e empresários.
Carvão
O governo gaúcho solicitará apoio aos japoneses no desenvolvimento de tecnologias eficientes e sustentáveis para uso do carvão mineral. O grupo visitará a Hitachinaka Power Plant, usina de carvão de dois mil megawatts (MW), localizada em Tokai-mura, Nakagun, Ibaraki. A planta é de propriedade da Tokio Electric Power Company (Tepco).
Negócios
Em Hamamatsu, a comitiva participará do 8º Seminário de Economia Brasileira, promovido pelo Banco Iwata Shinkin (Iwashin). Durante o evento, o governador fará a palestra Rio Grande do Sul: seus Encantos e a Porta de Investimentos para a América do Sul. Sartori divulgará empresas com potencial exportador nos setores metalmecânico (especialmente de máquinas agrícolas) e de produção de alimentos.
Antes do seminário, haverá assinatura de memorando de entendimento com o banco, para que a instituição inclua o Rio Grande do Sul na rota das missões empresariais de negócios de Shizuoaka. Essas missões já ocorrem anualmente no Brasil, mas apenas em São Paulo e no Paraná.
Parceria com Shiga
A retomada das relações entre a província de Shiga e o Rio Grande do Sul, que foram declaradas províncias irmãs em 1980, também está na agenda. O convênio entre os dois estados tem como símbolos o Lago Biwa - o maior do Japão e que será visitado pela missão - e a Lagoa dos Patos, a maior do Brasil.
Durante a visita, será apresentado e encaminhado projeto para recuperação do Sistema Lagunar Norte, por meio de cooperação técnica de Shiga e financiamento da Japan Internacional Cooperation Agency (JICA), na modalidade de cooperação para projetos comunitários. Este pode ser o primeiro de uma série de projetos nessa modalidade, que tem rápida tramitação, na área do meio ambiente.
Japão
O arquipélago do Japão tem 126,9 milhões de habitantes. As principais ilhas são Hokkaido, Shikoku, Kyushu e Honshu, onde fica a capital do país, Tóquio. A economia japonesa é altamente industrializada, voltada para inovação e tecnologia. O Japão é considerado o sexto país mais competitivo do mundo pelo ranking Global Competitiveness Report de 2015–2016.
O setor agrícola corresponde a 1,2% do PIB nacional. Apenas 12% das terras são férteis, o que forçou o país a desenvolver sistemas de cultivo em pequenas áreas, com alta produtividade por metro quadrado.
O setor industrial responde por 26,6% do PIB, com destaque para veículos, eletrônicos, máquinas, metalurgia, navios, químicos e alimentos processados.
O setor de serviços equivale a 72,2% do PIB, composto principalmente por atividades bancárias, seguros, gestão de ativos, varejo, transportes e telecomunicações.
Em geral, a economia japonesa apresenta grandes conglomerados empresariais, os keiretsus. Cada um deles tem diversas subsidiárias em vários setores econômicos. É comum instituições bancárias estarem associadas a um keiretsu.
Balança comercial
O Japão é o sexto maior destino das exportações brasileiras e a oitava maior origem importadora do país. Os principais produtos exportados pelo Brasil são minérios e derivados, carnes e derivados, e veículos aéreos. As importações brasileiras do Japão são majoritariamente de veículos e autopeças, máquinas e suas partes.
Quanto ao Rio Grande do Sul, o Japão é apenas o 21º maior destino das exportações gaúchas e a 25ª origem das importações. Os produtos gaúchos mais exportados para o Japão são carnes de aves, lenha e pasta química de madeira (celulose). Já os produtos mais importados do Japão são itens ligados ao setor metalmecânico, partes de máquinas e outros componentes de uso similar.
Texto: Gabriela Alcantara
Edição: Gonçalo Valduga/Secom