Vice-governador se reúne com setor calçadista para tratar das tarifas dos EUA
Calçados estão entre os produtos exportados mais impactados pela medida
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O vice-governador Gabriel Souza recebeu, nesta segunda-feira (4/8), empresários e entidades do setor calçadista a fim de avaliar alternativas para diminuir os efeitos da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. O ramo coureiro-calçadista não está na lista de exceções, e o Rio Grande do Sul exporta boa parte da produção de calçados ao país. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, e a secretária da Fazenda, Pricilla Santana, também participaram da reunião.
Gabriel destacou que o Estado se reunirá com cada um dos setores afetados visando entender as demandas e encaminhar possíveis soluções. “Começamos com o setor coureiro-calçadista e vamos prosseguir durante os próximos dias conversando com as demais áreas da indústria, acompanhados das secretarias de Desenvolvimento Econômico e da Fazenda, além da InvestRS”, reforçou. “Cada polo tem suas angústias, seus dilemas e suas demandas. E nosso foco é a manutenção dos empregos.”
Para Polo, o setor calçadista é um dos pilares da economia e da geração de empregos no Rio Grande do Sul. “Somos o segundo maior produtor de calçados do país e o maior no segmento de couros. Tendo em vista que cerca de 30% da nossa produção vai para os Estados Unidos, estamos trabalhando intensamente para proteger nossa indústria e buscar alternativas que minimizem os impactos do cenário atual”, disse. “Não vamos medir esforços para manter esse setor ativo, forte e com acesso a novos mercados.”
Articulação
Os municípios produtores do Vale do Sinos e Vale do Paranhana serão os mais impactados. O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, e o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados do Estado do Rio Grande do Sul (Sicergs), Renato Klein, falaram na reunião sobre a necessidade de retomada de medidas do governo federal para incentivar o setor, pelo menos, nos próximos 90 dias. Entre elas estariam as linhas de financiamento em dólar com juros internacionais, a ampliação do programa Reintegra para exportadores e a reedição do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEM), criado durante a pandemia da covid-19.
Ao governo do Estado, o setor pede a liberação de créditos acumulados de ICMS decorrentes da atividade exportadora da empresa.
“O vice-governador nos deu orientação para, dentro da competência da Sefaz, analisar o que pode ser feito em relação ao pleito apresentado pelo setor de devolução de crédito tributário acumulado. A secretaria assumiu o compromisso de fazer um estudo sobre o assunto com a maior brevidade possível”, afirmou Pricilla.
Gabriel explicou aos representantes do setor que, como o Estado encontra-se ainda em Regime de Recuperação Fiscal, não pode ceder incentivos que impactam na arrecadação – por isso, é preciso articular essas medidas com o governo federal para proteger os setores afetados.
“Nosso Estado é um dos mais impactados pela medida – que eu não chamo de tarifa de 50%, mas sim de embargo comercial, já que inviabiliza a exportação dos nossos produtos. Vamos articular com o governo federal uma forma de conceder esse auxílio necessário aos setores sem interferir nos nossos compromissos fiscais já estabelecidos", explicou Gabriel. "Mas nossos esforços podem ir até onde o Estado alcança. O governo federal, inclusive, precisará fazer uma política para a manutenção de empregos nas principais empresas exportadoras atingidas.”
Na terça-feira (5/8), Gabriel irá se reunir com a direção da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) para tratar do tema.
Histórico de impactos no setor calçadista
Em abril de 2025, entrou em vigor uma tarifa básica de 10% sobre as importações brasileiras, incluindo calçados, o que elevou a alíquota média para cerca de 27,3%, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Com a sobretaxa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump, o Rio Grande do Sul passou a ser um dos Estados mais afetados, já que grande parte dos produtos gaúchos exportados aos EUA não está na lista de exceções.
Em 2024, o calçado ocupou a décima posição entre os mais exportados pelo Estado, com US$ 568,2 milhões em vendas externas. O produto é o sexto item mais exportado pelo RS aos Estados Unidos – destino de 47,5% das vendas internacionais de calçados de couro. Segundo a Abicalçados, o Estado é o maior exportador do produto em valor agregado do Brasil e responsável por mais de 80 mil postos de trabalho diretos e cerca de 100 mil indiretos.
Apesar da alta nas tarifas, os números do primeiro semestre de 2025 mostram que as exportações brasileiras para os EUA no setor cresceram: foram embarcados 5,8 milhões de pares de calçados, totalizando US$ 111,8 milhões. Esse valor representa aumentos de 13,5% em volume e 7,2% em valor na comparação com o mesmo período de 2024.
Texto: Dayanne Rodrigues/Ascom GVG
Edição: Secom