Construção das barragens dos arroios Jaguari e Taquarembó conta com rigoroso cuidado ambiental
Diversas ações são realizadas para abrandar e compensar impactos, além de potencializar benefícios
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Quando, em fevereiro, recomeçou a construção da barragem do Taquarembó, em Dom Pedrito, um cachorro caramelo apareceu perdido por lá. Virou a mascote do pessoal: o Barragi. Assim como a vida dele mudou com as obras, muitas outras são impactadas: empreendimentos dessa dimensão exigem um cuidado especial com a natureza, garantindo que fauna e flora sejam preservadas.
Além da Taquarembó, está em execução a barragem do Jaguari, em São Gabriel. Ambas contam com o gerenciamento da Secretaria de Obras Públicas (SOP). “Temos um compromisso duplo com a comunidade da região e com o Rio Grande do Sul: concluir as barragens e cuidar do meio ambiente. Todo o processo ocorre com um controle rígido, para que as normas e os cuidados necessários sejam respeitados”, afirma a titular da SOP, Izabel Matte.
Antes mesmo de as obras começarem, foi realizado um estudo a fim de definir medidas para abrandar e compensar os impactos ambientais, além de potencializar ações benéficas. Garantiu-se, assim, que os trabalhos poderiam ser executados naqueles locais, sem prejudicar as comunidades vizinhas.
Há outros cuidados durante a construção. Cada barragem conta com um plano que orienta sobre todos os programas que devem ser executados. Alguns duram todo o período da obra, outros são cumpridos em momentos específicos e há os sazonais. Por exemplo: o gerenciamento ambiental, que organiza todas as atividades, é contínuo, e a educação ambiental e a comunicação com os colaboradores que trabalham na obra são realizadas mensalmente.
A atenção com o meio ambiente é um dos pilares da construção e do futuro uso das barragens. Essas iniciativas mostram que a realidade mudou: projetos saem do papel e obras se tornam realidade. Os investimentos fazem parte do Plano Rio Grande, liderado pelo governador Eduardo Leite, um programa de Estado criado para proteger a população, reconstruir o Rio Grande do Sul e torná-lo ainda mais forte e resiliente, preparado para o futuro.
Proteção da vegetação e dos animais
Os resgates de animais, de plantas e da vegetação acontecem enquanto uma região é desmatada para a realização das obras. Uma equipe realiza vistoria e, se encontra algum animal, o afugenta ou resgata, dependendo da espécie. Entre os animais encontrados há capivaras, graxains-do-campo, ouriços-cacheiros, jararacas-do-pampa e outros.
Ao mesmo tempo, é feita a coleta de sementes, frutos e mudas de espécies nativas, especialmente das ameaçadas de extinção. Elas são cultivadas em um viveiro para posterior utilização em ações de educação ambiental ou no reflorestamento, que tem de ser feito em uma área equivalente à afetada. Na Campanha e na Fronteira Oeste, crescem espécies como corticeira-do-banhado, jerivá, esporão-de-galo e sombra-de-touro.

O monitoramento de peixes migradores, como piava e pintado, ocorre por meio de marcação e de equipamentos que registram o deslocamento deles. As barragens contarão, inclusive, com espaços para que os peixes consigam passar de um lado para o outro das construções.
Além disso, há um monitoramento constante das condições do local impactado, como a qualidade da água ou a proliferação de animais, que continuará mesmo após a conclusão das construções. Semestralmente são enviados relatórios à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), que fiscaliza as ações de proteção do ambiente.
Tratamento de resíduos e proteção dos trabalhadores
Existem regras para coletar, tratar e destinar os resíduos das obras, além de medidas para reduzir, controlar e monitorar os poluentes no ar, como os gerados pelas máquinas e veículos.
O trânsito, inclusive, tem uma atenção especial: é feito um ordenamento do tráfego e realizadas ações para evitar atropelamentos de animais, com conscientização dos motoristas e sinalização das vias. Até a poeira nas estradas de chão é observada.
Os programas de segurança dos trabalhadores incluem capacitação da mão-de-obra, divulgação de informações sobre acidentes com animais peçonhentos e elaboração de um código de conduta. Além disso, busca-se educar a população local para prevenir a caça ilegal nas áreas das barragens.

Por fim, quando as obras estiverem concluídas (e falta pouco), um último estudo será feito para garantir a realização de todas as medidas exigidas e que o ambiente permaneça seguro. Depois disso, as barragens entram em funcionamento.
Porém, os trabalhos de cuidado ambiental não se encerram: serão realizadas ações educativas para a população e os colaboradores das barragens e para viabilizar o uso sustentável do solo e da água.
Ainda durante as construções, já há recuperação das áreas alteradas, como os canteiros de obras ou as jazidas de onde é tirado o material para compor a barragem do Jaguari.
Resiliência climática
Jaguari e Taquarembó formarão um sistema que assegurará o abastecimento de água em períodos de estiagem, viabilizando, por meio do sistema de canais, a irrigação de aproximadamente 117 mil hectares, e regulará o nível dos rios nas cheias. Taquarembó garantirá, ainda, o fornecimento de água para a população.
As barragens fortalecerão a resiliência climática da região, reduzindo os impactos de eventos extremos e tornando o Rio Grande do Sul mais preparado para enfrentar crises. Elas atenderão a 235 mil habitantes em seis municípios: Cacequi, Dom Pedrito, Lavras do Sul, Rosário do Sul, Santana do Livramento e São Gabriel. Com os programas de preservação ambiental, as barragens aliarão o incentivo à produção agrícola local com os melhores cuidados com o meio ambiente.
Texto: Ariel Engster/Ascom SOP
Edição: Secom