Parceria da Secretaria da Saúde oferece novo serviço assistencial às pessoas com HIV
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Diminuir as taxas de mortalidade por infecção por HIV na Região Metropolitana é o principal objetivo da parceria entre a Secretaria da Saúde (SES), a Aids Healthcare Foundation (AHF) no Brasil e a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). O trabalho prevê a implantação de quatro Ambulatórios de Retenção e Vinculação de pacientes que vivem com o vírus. Os novos serviços serão implantados no Hospital Sanatório Partenon, no Ambulatório de Dermatologia Sanitária e no Serviço Especializado Santa Marta, os três em Porto Alegre, e no Serviço Especializado Herbert de Souza, em Viamão.
De acordo com a coordenadora da política estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)/Aids da SES, Ana Lúcia Baggio, o Ambulatório de Retenção e Vinculação traz um modelo técnico-assistencial que busca tratar precocemente as pessoas que recebem o diagnóstico de HIV positivo, manter o vínculo do paciente com o serviço e manter as taxas da carga viral indetectáveis.
“Quando a pessoa que vive com o HIV está com a carga viral não detectável, é um ganho para ela própria e também no sentido de saúde pública, porque assim ela não infecta outras pessoas”, explica a coordenadora. Mas ela ressalta que segue a necessidade de medidas de prevenção, como o uso de preservativos, para evitar outras doenças ou agravos. A médica Maria Letícia Ikeda, da coordenação da política estadual de IST/Aids, diz que geralmente os pacientes chegam aos serviços já adoecidos, sendo que o Estado garante o tratamento precoce da infecção, desde o diagnóstico.
O Rio Grande do Sul é o terceiro Estado com o maior índice de infecção por HIV: 27,2 a cada 100 mil habitantes, enquanto a média no país é de 17,8 a cada 100 mil habitantes. A taxa de mortalidade por aids no Estado é de 9,81 a cada 100 mil habitantes. A maior concentração dos casos está em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Os dados são de 2019. A diretora do Departamento de Ações em Saúde (DAS), Ana Costa, afirma que os altos índices não condizem com a capacidade de resolução do sistema de saúde e com a competência das equipes.
O projeto
A equipe da IST/Aids do Estado conheceu o trabalho realizado em São Paulo pela organização não governamental AHF do Brasil e, a partir de então, montou um projeto para replicar a metodologia no Rio Grande do Sul. O início dos atendimentos aos pacientes está programado para setembro.
De acordo com o gerente de qualidade de dados da ONG, Renato Chuster, a AHF do Brasil já atua, além de São Paulo e agora Rio Grande do Sul, nas capitais Manaus e Recife. “As experiências que tivemos nos outros Estados indicaram que a intervenção dos serviços propostos reduziu o tempo de início do tratamento entre os pacientes e o aumento da vinculação com o serviço. Outros indicadores poderão ser levantados a longo prazo”, afirma. “Quem vive com o HIV, mas mantém o tratamento e a carga viral sob controle, não vai morrer disso. É como viver com diabetes ou pressão alta.”
A parceria entre as entidades e o projeto terá duração de até cinco anos, com renovações e avaliações periódicas. “Essa é uma metodologia dinâmica que pode ser corrigida ou aprimorada ao longo do tempo, produzindo novos modelos assistenciais que melhor se encaixarem na nossa população assistida”, destaca Ana Baggio.
A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Unisinos, Rafaela Scheffer, diz que a universidade está à disposição para todo o apoio necessário ao projeto. E Fernanda Carvalho, da coordenação estadual de IST/Aids, lembra que cada vida salva pelo trabalho do serviço público vale a pena.
Texto: Ascom SES
Edição: Secom