Parceria entre IGP e universidades desenvolve ferramenta para monitoramento de crimes ambientais
Recurso qualifica os exames periciais ao identificar mudanças na vegetação da Mata Atlântica
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Pesquisadores do Instituto-Geral de Perícias (IGP), em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), desenvolveram uma ferramenta inovadora para detectar e mapear mudanças na vegetação do Bioma Mata Atlântica, que qualificam os exames periciais relacionados a crimes ambientais.
Utilizando imagens de satélite e dados geoespaciais, a ferramenta possibilita uma análise mais rápida e precisa. A solução proposta pelos pesquisadores utiliza o Google Earth Engine (GEE) para detectar e dimensionar desmatamentos ilegais e conversão de campos de altitude - ou seja, a destruição e substituição de vegetação natural para outros usos - como monoculturas agrícolas e plantações florestais.
Para chegar nesses resultados, a ferramenta utiliza o índice de vegetação NDVI (sigla em inglês para Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) - uma métrica que avalia a saúde da vegetação a partir de imagens de satélite. A principal função desta métrica é medir a quantidade de reflectância das folhas, o que pode indicar parâmetros de saúde das plantas.
Contribuição valiosa para perícias ambientais
A partir da tecnologia da Google, os pesquisadores desenvolveram um código de programação que automatiza a análise de dados geoespaciais. A ferramenta criada usa imagens do satélite Sentinel-2, que captura imagens em alta resolução e permite a análise precisa das mudanças na vegetação. Ao utilizar o NDVI aplicado às imagens do satélite, os peritos conseguem quantificar as mudanças no vigor da vegetação, comparando períodos pré e pós intervenções.
O sistema fornece um relatório com um conjunto de dados que pode ser integrado a diferentes sistemas de geoinformação, como o Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR), ajudando a determinar se áreas de preservação permanente foram impactadas.
Segundo os pesquisadores, o script desenvolvido demonstra a eficiência do uso de imagens de satélite na automatização de análises temporais da cobertura vegetal, proporcionando uma ferramenta de suporte à tomada de decisões em investigações de crimes ambientais.
Os autores salientam que novas aplicações e pesquisas na área podem explorar a integração com sistemas de inteligência artificial para detecção de padrões e a expansão para outros tipos de crimes ambientais - como intervenção em áreas úmidas.
De acordo com a chefe da Seção de Perícias Ambientais do IGP, Renata Cardoso Vieira, este tipo de trabalho auxilia as análises realizadas pelo IGP, além de qualificar os laudos produzidos pelos peritos. "Esta pesquisa faz parte de um projeto mais amplo que tem por objetivo utilizar linguagem de programação e inteligência artificial para desenvolver e aprimorar processos e ferramentas que auxiliem no trabalho da perícia ambiental e qualifiquem cada vez mais os nossos laudos", explicou.
Renata é uma das autoras da pesquisa mais recente e apresentou o projeto na Conferência de Internacional de Ciências Forenses (InterForensics 2025), realizado em agosto em Curitiba. Também integram a equipe do estudo os pesquisadores Pedro Augusto Loguercio Bittencourt (IGP), idealizador do projeto; Joaquim Flesch Salaberry (UFRGS); e Álvaro Jaques Biguelini (Unisinos).
Texto: Leonardo Ambrosio/Ascom IGP
Edição: Anderson Machado/Secom