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Rigotto declara 2005 Ano Erico Verissimo no RS

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Governador Germano Rigotto em solenidade de assinatura do decreto que declara 2005 como o Ano Erico Verissimo e constitui comissão para coordenar festividades alusivas ao centenário de nascimento do escritor.
Ano Erico Verissimo - Foto: Ivan de Andrade/Palácio Piratini
O governador Germano Rigotto assinou, hoje (10) à tarde, em solenidade no Palácio Piratini, decreto que declara 2005 como o Ano Erico Verissimo no Rio Grande do Sul. Uma comissão presidida por Rigotto e apoiada por uma secretaria executiva se encarregará de organizar promoções relativas ao centenário de nascimento do escritor gaúcho, que será comemorado no ano que vem. Fazem parte do grupo o vice-governador Antonio Hohlfeldt (que substituirá o governador em seus impedimentos), os secretários da Cultura, Roque Jacoby, e da Educação, José Fortunati, a diretora-presidente do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, Nicéa Brasil, o diretor do Instituto Estadual do Livro (IEL), Sérgius Gonzaga, e representantes da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), da PUC-RS e da Universidade de Cruz Alta (Unicruz). Os integrantes da comissão em nome das universidades vão ser indicados pelos reitores. Os 100 anos do nascimento de Erico serão lembrados durante todo o ano, em eventos que vão recuperar sua obra e envolver diversos órgãos do Governo do Estado. Quem ainda não leu Erico será incentivado a fazê-lo e quem já o leu terá motivação para resgatar um pouco mais do que ele foi para o Rio Grande do Sul e para o Brasil. Os personagens de Erico são brasileiros e essencialmente gaúchos. Bibiana, Capitão Rodrigo e Ana Terra, entre tantos outros, são totalmente identificados com a história do Rio Grande do Sul e com o que caracteriza os gaúchos. Daí a importância de se promover as comemorações, afirmou Rigotto. Também para Antonio Hohlfeldt é difícil pensar no Rio Grande do Sul sem algum dos personagens de Erico. É uma honra para todos nós que estamos no Governo poder comemorar com os gaúchos o Ano Erico Verissimo, enfatizou. Lirismo De acordo com o decreto que institui o Ano Erico Verissimo, a iniciativa justifica-se, também, pelo fato de o autor ter se revelado, ao longo da vida, um profundo observador social, que retratou o cenário urbano em textos críticos, mas sem perder o lirismo e desenvolvendo uma estrutura literária renovadora. Além disso, o Estado atribui-se a obrigação de preservar a memória de suas personalidades ilustres e com isso, quando se tratar de escritores, apoiar e incentivar o hábito da leitura, valorizando as instituições educacionais e culturais onde haja acervos que prestigiem autores rio-grandenses. Para nós, da família, o centenário tem um significado afetivo, e vemos na homenagem oficial também um caráter afetivo pela obra e pela pessoa do meu pai, disse, emocionado, o escritor Luis Fernando Verissimo. Segundo o secretário Roque Jacoby, a reverência do Estado ao escritor é uma obrigação, pelo que ele representa para a literatura do Rio Grande do Sul e do Brasil. Homenageando Erico, estamos homenageando todos os escritores e leitores gaúchos, disse ele, observando que o livro é o melhor instrumento de que dispõem a sociedade e os cidadãos individualmente para se aprimorar. Comadre de Erico Verissimo, que era padrinho de seu filho André, a escritora Lya Luft lembrou que ele foi, além do autor reconhecido mundialmente, uma extraordinária figura humana. Era um amigo generoso, carinhoso e uma pessoa muito bem-humorada, que costumava imitar os amigos. Quando o conheci, era ainda uma jovenzinha muito tímida, e ele era muito caloroso. A casa de Erico era um lugar onde a gente se sentia acolhido, em casa, recordou. Memória Nascido em 17 de dezembro de 1905, em Cruz Alta, onde viveu até 1931, antes de se mudar para Porto Alegre, Erico Verissimo foi um representante gaúcho do modernismo regionalista e um dos nomes mais expressivos da ficção brasileira contemporânea. Em sua carreira célebre, que se encerrou em 1975, quando faleceu, produziu obras que foram traduzidas em vários idiomas e adaptadas para o cinema, pelo mundo afora. Escreveu romances urbanos, políticos e históricos, contos e literatura infantil de impressionante riqueza, com o que contribuiu de maneira significativa para o engrandecimento da literatura nacional. Na primeira fase de sua obra, foi aclamado com os romances urbanos Clarissa, Música ao Longe, Caminhos Cruzados, Um Lugar ao Sol, Olhai os Lírios do Campo, Saga e O Resto é Silêncio. O romance histórico O Tempo e O Vento, seu mais famoso livro, marcou a segunda fase. É dividido em três partes: O Continente, O Retrato e O Arquipélago. A terceira fase de sua produção literária trouxe os romances políticos O Senhor Embaixador, O Prisioneiro e Incidente em Antares. Além de textos infantis, roteiros de viagens, biografias e da autobiografia intitulada Solo de Clarineta, ele escreveu também o romance Noite e um livro sobre a literatura brasileira. Consagração Na juventude, ainda em Cruz Alta, Erico foi farmacêutico. Já em Porto Alegre e trabalhando na Livraria do Globo, tornou-se grande amigo de Henrique Bertaso, filho do proprietário e personagem de uma das biografias que escreveu. De segunda a sexta-feira, ele trabalhava na livraria, onde fazia traduções, e nos finais de semana, escrevia. Em 1935, assinou um manifesto antifascista, o que lhe custou acusações de ser comunista. Contrariado com o Estado Novo de Getúlio Vargas, aceitou, em 1943, o cargo de professor na Universidade de Berkley, na Califórnia, Estados Unidos. Foi com a publicação de Olhai os Lírios do Campo que começou a ganhar fama. Erico escrevia em uma sala pouco iluminada, onde dispunha apenas de uma antiga máquina de datilografia sobre uma escrivaninha e de um cabide, onde pendurava o chapéu. Em 1975, quando não sobreviveu a mais um dos enfartes que tivera, ele escrevia o segundo volume de sua biografia Solo de Clarineta. Pretendia concluí-la com uma trilogia.
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